A importância que o quarteto britânico de rock progressivo Pink Floyd tem no rock é inegável. Tudo o que gira em torno da banda está direta ou indiretamente relacionado com a história do rock, seja em relação às composições psicodelicamente inspiradas, seja por conta de suas letras profundamente politizadas, seja em virtude de suas gigantescas produções ao vivo. E é justamente uma de suas produções que merecerão destaque aqui neste texto. Iremos voltar 42 anos no tempo, para quando eu tinha apenas 10 anos de idade. Mais precisamente no dia 7 de fevereiro de 1980, o Pink Floyd subia ao palco para redefinir o conceito de shows de rock, aliás, podemos dizer, porque não, shows de música.
Antes, porém, falemos um pouquinho sobre The Wall, o 11º álbum lançado pelo Pink Floyd, como LP duplo, em 30 de novembro de 1979. A temática do álbum gira em torno dos pensamentos inquietantes e depressivos do baixista Roger Waters, sobretudo a ausência de seu pai, Eric Fletcher Waters, morto na segunda guerra, em 1944, bem como os sofrimentos passados pelas crianças britânicas nos internatos, longe da família, com suas imposições disciplinares. Marcas profundas na alma inquietante de Waters o inspiraram a escrever The Wall, cujo cerceamento da liberdade é expresso metaforicamente como “O Muro”, que precisa ser derrubado para se conseguir libertar das amarras. O álbum ganhou uma versão cinematográfica, como drama musical, dirigido por Alan Parker, em 1982.
A grandiosa obra e sucesso comercial partiu para a estrada, no começo do ano seguinte ao lançamento do álbum, como já dissemos acima, iniciando em 7 de fevereiro de 1980. O primeiro show daquela turnê foi realizado em Los Angeles, Califórnia/EUA, no Los Angeles Memorial Sports Auditory. Porém, quase aconteceu um desastre, logo na primeira música, “In the Flesh“, que era introduzida por explosões. Uma das cortinas no topo da arena pegou fogo. Quando a banda chegou a “Empty Spaces“, cinzas estavam caindo no palco, e eles pararam o show até que o fogo fosse apagado. Felizmente, foi o único problema técnico que eles encontraram, porque muito mais poderia ter dado errado com aquela que foi a mais elaborada turnê já encenada na época. A turnê em questão, que nem foi tão grande assim, em relação a locais de apresentação, uma vez que foi executada em apenas 4 cidades, Los Angeles, Nova York, Londres e Dortmund, na então Alemanha Ocidental, ocorreu por 16 meses. A banda neste período executou o álbum 31 vezes.
Tudo nesta turnê era grandioso e esse conceito de grandiosidade foi incorporado desde o início por Roger Waters, que declarou à TPI: “Eu sempre soube que seria um projeto multifacetado – um recorde, seguido por shows em apenas algumas cidades e depois em um filme. “Não poderíamos viajar por causa da despesa de fazer com que essa coisa se movesse. Era milhas à frente de qualquer coisa que tivesse sido feita no rock’n’roll e a quantidade de esforço envolvida em cada detalhe era inédita. Foi muito difícil, mas tivemos algumas pessoas muito boas a bordo que fizeram acontecer ”. Uma dessas “pessoas muito boas” foi o designer cenográfico Mark Fisher, que começou a trabalhar com Waters no conceito do palco durante a gravação de “The Wall“. Sua produção envolveu 420 tijolos de papelão que, ao longo da primeira metade do show, criariam uma parede medindo 31 pés de altura e 160 pés de largura na frente da banda. Isso equivale a mais de 9 metros de altura por quase 49 metros de largura. Para a segunda metade, a animação fornecida por Gerald Scarfe, cuja obra de arte era parte integrante do design do álbum, seria projetada no muro, que desmoronaria no final. A ideia de não ser vista pelo público era sem precedentes para uma banda, mas Waters estava convencido de que isso refletia a alienação do personagem principal da sociedade. O chefe da equipe de som Robbie Williams, disse sobre essa ideia: “Eu não acho que alguém tivesse alguma idéia do que estava acontecendo na mente de Roger. E quando soubemos que ele queria construir uma parede com a banda tocando por trás disso, todos nós dissemos: ‘Você deve estar louco!’ Nós pensamos que o público invadiria o palco e que os pobres ajudantes seriam mortos. Felizmente, não foi assim!“
Além do muro construído, o espetáculo incluía mais coisas que o tornavam ainda mais grandioso. A produção incluiu enormes fantoches infláveis – também desenhados por Scarfe – representando vários personagens e uma banda substituta vestindo máscaras do Pink Floyd. Dois adereços de turnês anteriores – o porco voador (“Run Like Hell“) e um aeromodelo que colidia no palco (“In the Flesh?“) – foram incorporados ao palco. A banda substituta, composta por Snowy White (guitarra), Andy Bown (baixo), Willie Wilson (bateria) e Peter Wood (teclados), também foi usada para recriar os arranjos complexos do álbum, e um quarteto de backing vocals também foi contratado. White foi substituído por Andy Roberts para os shows de 1981. Em 1990, Waters montou uma produção recheada de celebridades do álbum em Berlim após a queda do Muro. Começando em 2010, ele levou a produção ao redor do mundo, passando pelo Brasil, em um show que superou o que o Pink Floyd apresentou décadas antes. Sem a menor sombra de dúvidas, Roger Waters (baixo e voz), David Gilmour (guitarra e voz), Richard Wright (teclados) e Nick Mason (bateria) redefiniram os conceitos sobre apresentações ao vivo e sempre mantiveram o nome do Pink Floyd gravados indelevelmente na história do rock.
Fonte: https://www.confrariafloydstock.com/ (parte do texto)
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