Ela explora o sombrio, o cínico, o sorrateiro. Existe, em sua postura, algo de agressivamente debochado e esquizofrênico que se evidencia perante uma sonoridade obscura e distorcida tão logo destacada pela guitarra. Suja, áspera e com nuances de uma marcante estridência de forma a tangenciar a paisagem do stoner rock, a desenvoltura do instrumento diz muito do que se pode esperar da faixa em desenvolvimento.
Ritmicamente pulsante em meio à sua desenvoltura rítmica firme, precisa e consistente, a faixa consegue explorar não apenas a imponência e o empoderamento, mas, principalmente, um senso marcante de rebeldia, impunidade e selvageria. O interessante, e o que merece ser devidamente pontuado, é que, mesmo dentro de um escopo rítmico-melódico vivo e ríspido, o ouvinte consegue se deparar com a contribuição do baixo na base melódica.

Produzindo um sonar groovado envolto em corpulência, o baixo, associado a um bom trabalho de mixagem, insere, na canção, ingredientes como consistência, de forma a dar à sonoridade a força e a firmeza ideais para enaltecer o seu caráter manifestante. No entanto, no momento exato em que o enredo lírico começa a ser vivido, a canção passa a oferecer ingredientes novos e diferenciados.
A partir da atuação lírica assumida pela vocalista, o torpor ganha potência, mas, ao mesmo tempo, o instrumental garante para si um aspecto mais bruto e sombrio, introduzindo, na cena, um heavy metal flertante com o doom metal de forma a escancarar uma, talvez, despropositada influência do Black Sabbath em sua identidade. Demasiadamente soturna, é também durante a execução dos versos líricos que o baixo toma os holofotes inteiramente para si, desdenhando de uma provocação de caráter voluntariamente inconsequente.
De refrão intenso, de maneira a sintetizar toda a fúria e a ferocidade adormecidas durante os momentos anteriores da evolução sônica, a canção, aqui, passa a ser respaldada por pronúncias de ordem que dão um toque de urgência e imediatismo inquestionáveis. É assim que o TWO TONNE MACHETE faz de PIGS PIGS um hino sobre a repressão à dissidência e a crescente censura aos protestos em ocorrência por todo o Reino Unido.
Soando agressiva, mesmo nos momentos em que a morfina parece dominar o ecossistema, a canção não deixa de esbanjar o senso de absurdez e espanto perante a realidade presenciada no país. Escrita em um momento em que os demonstradores da paz podem ser presos por segurarem uma bandeira, a faixa confronta o Estado perante o seu respectivo aumento do uso da força, da vigilância e da criminalização de pessoas que desejam resistir à injustiça.
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