A caótica banda porto-alegrense Pietà anuncia o retorno definitivo de sua formação original, com o baixista Leandro Mohr de volta ao seu posto após alguns shows onde participou como integrante convidado. Formada ainda na década de 1980, o Pietà foi responsável pelo lançamento de diversas pérolas do Grindcore, como a demo “Metropolis’ Bases”, de 1993 e o álbum “Reconscience”, de 1996, servindo de inspiração para a crescente cena gaúcha da época.

Novamente contando com a produção de Alexandre Birk, o revigorado line-up, que ainda conta com Leandro Sberzesengik (guitarra/vocal) e Marcos Amato (bateria), lança duas músicas inéditas: “Charqueadas” e “Co-Eruption”, disponibilizadas no Soundcloud oficial da banda: https://soundcloud.com/pietagrindcore

Concentrados em levantar temas políticos e sociais, o Pietà não se preocupa em utilizar apenas um idioma em suas letras, como explica Sberzesengik, que também fala sobre a criação de seu próprio estilo, o Chaotic Grindcore: “Não se escolheu uma língua específica para compor. Bem, o início da banda foi uma mescla de Hardcore com Death/Thrash Metal. Tínhamos temas em português e inglês, sempre tivemos a liberdade como principal lema das nossas vidas e da Arte que nós nos propomos em seguir, sim o som do Pietà é para nós a pura ‘Art Chaotic of Noise’, não temos nenhum compromisso com algo que nos possa colocar um rótulo, o Rock é isso, uma manifestação de liberdade da linguagem e é isso que buscamos sempre com muito volume e distorções imensas! Esse é um dos motivos ao qual nos levou a criar uma vertente mais anárquica que o Grindcore, o ‘Chaotic Grindcore’, pois não nos sentíamos bem rotulados num único gênero e com apenas uma única linguagem”.

Mesclando português, inglês, italiano e espanhol, o Pietà se destaca pela ousadia. Sberzesengik relembra o contato que tiveram com diversas bandas da América do Sul na década de 1990: “O espanhol entrou no início dos 90 quando observamos uma infinidade de bandas latino-americanas, mexicanas e espanholas que cantavam na sua língua natal, quando fizemos apresentações com bandas argentinas, uruguaias e paraguaias. Além disso passa pela nossa cabeça que cada banda se manifeste com o idioma que queira! Não nos importamos com as reações, somos de uma época que chocar era o cotidiano, então não nos surpreendemos com nada! ‘Quebrar padrões dos que quebram padrões’, esta frase estava no nosso release desde o início em 1989. Quando a banda lançou o CD em 96 na Itália, muitos gostaram do material e assim começamos a compor temas também em italiano. Hoje a apresentação do Pietà conta com estes quatro idiomas, italiano, espanhol, português, inglês. E se pintar a vontade de fazer em francês, lá estaremos!”

Fugir do padrão é uma das características mais fortes do grupo. Com o retorno às atividades em 2014, eles se viram diante de um mundo cada vez mais padronizado. “Depois de tantos anos parados e com o retorno em 2014 vemos um mundo cada vez mais padronizado e as pessoas necessitando a cada dia mais padrões e nós retornamos ao mundo da sonoridade, do Rock e da linguagem contemporânea para romper tudo que seja pasteurizado! Não nos vemos num mundo de embalagens perfeitas, pois o mundo real não é assim! Somos do mundo real, imperfeito, grotesco e caótico e queremos mostrar este mundo a esta nova geração que está dentro de realidades virtuais de controle de massa. Bem vindos ao mundo brutal da realidade humana. Este mundo é pura Pietà!”.

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