Quando o assunto é cultura, o estado de Pernambuco se destaca por possuir vários estilos conhecidos dentro da cultura popular. Podemos dizer que o estado é o berço de vertentes como o Forró, o Baião, o Brega, e principalmente do Frevo e do Maracatu.
Inclusive, com fortes elementos do último estilo mencionado, lá pelos anos 90 nasceu em Pernambuco o movimento Manguebeat, encabeçado por bandas como o Mundo Livre S.A., e o histórico Chico Sciente & Nação Zumbi, tendo assim revolucionado o mercado musical na época com um estilo completamente novo, que misturava o Rock com diversas outras vertentes regionais, e resultando também na criação de um dos festivais mais tradicionais do Nordeste, o Abril Pro Rock.
E por conta de tudo isso que falei, Pernambuco é um grande berço cultural, e acreditem, o Rock/Metal também estão inclusos nisso.
A cena do som pesado em Pernambuco é ampla, diversa e recheada, se vocês forem dar uma boa garimpada vão encontrar muitas bandas de qualidade por aqui, e como um bom pernambucano bairrista que sou, irei ajuda-los nessa busca listando para vocês algumas bandas oriundas do Estado.
Mas antes de começarmos, já ressalto que foi bem complicado fazer essa lista sem deixar bons nomes de fora, mas de qualquer forma, deixarei claro aqui alguns critérios de DESCARTE que utilizei.
NÃO FORAM INCLUSAS:
– Bandas que já encerraram as atividades
– Bandas que não tenham no mínimo um EP completo em seu catálogo
– Bandas que não acabaram, mas que não lançam nada há mais de 10 anos
Ressalto também que a lista seguirá uma ordem completamente aleatória, ou seja, não seguirá uma ordem de preferência, relevância, qualidade, ou qualquer coisa do tipo.
Tendo tudo isso entendido, comecemos com a lista.
Sun Diamond

Formada em 2014, a Sun Diamond atualmente é uma das revelações atuais da cena, tendo lançado seu primeiro álbum homônimo em 2017, onde eles apresentam um som com uma junção do Hard Rock Tradicional com o Metal Melódico.
Pandemmy

O Pandemmy atualmente é o melhor exemplo de banda que tem conseguido manter uma atividade constante, com uma boa frequência de lançamentos ao longo dos seus 11 anos de existência.
Nesse período, o grupo lançou uma demo, três EPs, um Split com a banda italiana Abscendent, e três álbuns completos, tendo o mais recente sido o “Subversive Needs”, lançado esse ano.
Em seu som, o Pandemmy apresenta o peso e a agressividade do Thrash/Death Metal, tendo como temática fortes críticas sócio-políticas em torno da desigualdade existente na sociedade atual.
Cangaço

Arrisco dizer que o Cangaço atualmente é o nome de mais destaque na cena pernambucana, e um dos poucos que conseguiram quebrar a barreira regional, conseguindo fazer seu som chegar em todo o Brasil. E fora do país também, pois ainda no primeiro ano de banda eles chegaram onde muitas bandas de mais estradas sonham, mas nunca conseguem, no Wacken Open Air, em 2010.
Certamente, isso ocorreu pelo fato do trio ter conseguido fazer uma junção de forma maestral de elementos do metal extremo com elementos da música regional nordestina, o que pode ser muito bem percebido no seu álbum “Rastros”, de 2013.
E no lançamento desse ano, o EP ‘Inevitável”, a regionalidade ficou ainda mais acentuada com a adição de uma sanfona na formação.
Terra Prima

O Terra Prima é outra banda que também conseguiu quebrar a barreira regional, de uma forma até um pouco parecida com a do Cangaço.
Mas no caso deles, o grupo apresenta em dois álbuns (And Life Begins de 2010, e o Second de 2016) um Power Metal cheio de referências ao Angra, e com uma pitada de elementos regionais pernambucanos (em uma proporção menor do que o Cangaço).
E em ambos os álbuns, a banda contou com as participações especiais dos grandes nomes Rafael Bittencourt e Fábio Lione, reforçando ainda mais a inspiração no Angra.
Boa Vista Hard Club

Outra boa revelação presente na cena atual é o grupo de Hard Rock Experimental chamado Boa Vista Hard Club, o qual mostra em seu primeiro álbum “Tresvariar”, lançado em 2019, um som pesado, agressivo e com muita pegada para garantir boas rodas punks.
Vassali/Bettercup

Chamada até recentemente de Bettercup, a Vassali é mais uma forte representante do Hard Rock pernambucano, tendo como destaque principalmente a vocalista Larissa Moura, que chegou a ser mencionada pela revista Reverb como uma das 9 melhores vocalistas de rock nacional, ressaltando assim a representatividade feminina dentro da cena.
E aviso aqui que como a mudança de nome foi bastante recente, vocês só acharão o material sob o nome de Bettercup, e não por Vassali, o nome atual.
Realidade Encoberta

Com mais de 30 anos de atividade, a Realidade Encoberta é uma das veteranas da cena pernambucana. Formada em 1987, o grupo toca um Crossover rápido e agressivo, apresentando letras com fortes críticas político-sociais.
Seu trabalho mais recente foi o álbum “Não Vivamos Mais Como Escravos”, de 2019.
Decomposed God

Indo para outra veterana da cena pernambucana, formada em 1991, o Decomposed God é um dos principais nomes de destaque do Death Metal no Estado. Atualmente o grupo possui três álbuns lançados, sendo o “Storm of Blasphemies”, de 2018, o mais recente.
Camus

Formada em 2010, a Camus faz a junção perfeita entre peso e técnica, sem precisar ir para o extremo. Como é perceptível no EP “Heavy Metal Machine” (2015) e no álbum “Abyssal” (2018), seus principais trabalhos.
Cospefogo

Voltando ao Hard Rock, agora na sua forma mais tradicional e frenética, a Cospefogo apresenta bem essa proposta, e fazendo questão de fazer suas letras sempre em português.
Tudo isso pode ser conferido nos seus EPs “Pronto Para Explodir” (2014) e o “Aurora” (2020).
Cabalafoice

Se tem uma banda dessa lista que bebeu bastante da fonte do Manguebeat, essa banda é a Cabalafoice. Oriundos de Olinda, o grupo faz perfeitamente a junção entre o Rock e ritmos regionais, como Maracatu, Samba, Ciranda e Coco, que foi perpetuada pelo saudoso caranguejo Chico Sciente.
Surt

A Surt tem sido uma das principais caçulas da cena atual do Stoner pernambucano (que é bem forte, por sinal). Se você curte um som pesado, sem ser extremo, e com as fortes distorções típicas do Stoner, e com um vocal feminino bastante técnico, a Surt é uma ótima opção.
Dune Hill

Um dos principais nomes do Hard Rock pernambucano, a Dune Hill possui dois álbuns lançados, o “White Sands” (2014) e o “Song of Seikilos” (2019), tendo o último ganhado grande destaque na imprensa especializada, sendo eleito inclusive um dos dez melhores álbuns nacionais de 2019 segundo a Roadie Metal.
Além disso, o segundo álbum ainda conta com a participação do mestre André Matos na música “The Mirror”. Mal esperavam eles que teriam ali o último lançamento em vida do consagrado vocalista.
United For Distortion

Com influências do Thrash e do Groove Metal, a banda United For Distortion tem conseguido um grande destaque na cena local atualmente, tendo conseguido inclusive ser escalado para o festival pré-Amp de 2020 (que ocorre anualmente antes do carnaval), sendo esse um evento onde as atrações são em sua grande maioria “alternativas”, e com sonoridades completamente opostas ao do metal.
Avaken

A Avaken surgiu do nada na cena por volta de 2018 quando começaram a serem escalados para abrir shows importantes, mesmo ainda sem ter material oficial lançado. Mas esse ano, a banda que junta de tudo um pouco no seu som (Heavy, Thrash, Death, Progressivo e até Metalcore) finalmente lançou seu primeiro EP intitulado “Through This Hell”, garantindo assim a presença nessa lista.
Phrygia

Representando o Metal Progressivo recifense, a Phrygia apresenta em dois EPs o som mais técnico e bem trabalhado possível.
Insânia

Apesar de ter pouco tempo de estrada, a Insânia já tem bastante estrada durante o seu tempo. O grupo surgiu em 2018 já lançando seu primeiro álbum homônimo e pegando a estrada para fazer shows por Pernambuco, e pelo Nordeste.
Em seu som, o grupo apresenta um Metalcore com fortes críticas político-socais.
Matakabra

Indo agora para o Deathcore com fortes críticas político-sociais, a Matakabra é uma banda que não tem pudor nenhum e cutucar as feridas históricas da sociedade.
Com dois EPs lançados (“Prole” e “Marginal”), a Matakabra conseguiu destaque na cena por conta da brutalidade do seu som, e por abordar importantes temas na sociedade atual, como o racismo e a desigualdade social.
Saga HC

Estavam sentindo falta de Hardcore nessa lista? Pois bem.
A Saga HC é mais uma das veteranas da cena que conquistou bem o seu espaço ao longo dos anos, tocando em festivais importantes como o Abril Pro Rock, Garage Sounds e o tradicional Festival de Inverno de Garanhuns.
Com um Hardcore rápido e furioso, a Saga HC garante boas rodas punks com seu som, que também aborda de forma clara questões político-sociais.
Devotos

Direto do Alto José do Pinho, temos o Punk Rock Hardcore do Devotos, uma das bandas de mais renome na cena pernambucana, tendo a sua frente Cannibal no vocal e no baixo, uma das figuras mais icônicas do cenário cultural recifense.
Plugins

E encerrando a lista com chave de ouro, temos aqui a “Cria da Quebrada” (fazendo uma referência ao seu EP mais recente) Plugins, onde o no seu som com linhas de New Metal, falam sobre a realidade das periferias recifenses, principalmente no bairro de Tejipió, de onde a banda é originária.
Assim encerramos nossa “pequena” lista. Claro, há muito mais bandas competentes em Pernambuco sedentas para mostrar o seu som. Espero que essa matéria seja um pontapé inicial para que você leitor sinta vontade de mergulhar mais no som que essa cena pode proporcionar.