Pearl Jam: Vitalogy completa hoje 24 anos

Em 22 de novembro de 1994, era lançado o terceiro álbum do PEARL JAM, a mais bem sucedida das bandas do chamado movimento grunge de Seattle. Este disco representa um período de transição que não foi nada tranquilo para o quinteto.

Produzido por Brendan O’ Brien e gravado em quatro estúdios: Bad Animals (Seattle), Southern Tracks e Doppler Studios (Atlanta) e Kingsway Studio (New Orleans). A obra levou quase um ano para ser concluída e foi lançado pela Epic Records.

Eu costumo chamar os três primeiros discos do PEARL JAM de “Santíssima Trindade”, pela qualidade sonora destas obras. Os dois primeiros álbuns representaram um estrondoso sucesso comercial e o terceiro disco, mesmo sendo uma mescla do que foi apresentado nos dois álbuns anteriores, havia muito experimentalismo. E uma sonoridade bem punk rock.

Apesar do sucesso e da ascensão, as coisas não andavam muito bem para a banda: eles deixaram de produzir videoclipes para a MTV, também não concediam mais entrevistas, entrou em uma quebra de braços com a Ticketmaster, empresa que domina as vendas de ingressos em boa parte das casas de shows nos Estados Unidos. A situação entre a banda não era boa, tanto que o baterista Dave Abbruzzese fora demitido durante as sessões por “não lidar bem com o sucesso”.

Esse “não lidar bem com o sucesso”, após muito pensar sobre, eu concluí que poderia ser atribuído ao restante da banda. Talvez eles não estivessem preparados para o “boom” que a sua música provocaria e no sucesso absoluto que eles alcançariam, tanto de vendas, como de apresentações e os clipes veiculados à exaustão. E isso, influiu no resultado final de “Vitalogy”.

Eddie Vedder, que era o letrista principal, resolveu tirar da dupla Stone Gossard e Jeff Ament a exclusividade das composições. Ele trouxe boas ideias, mas também tem coisa que poderia não ter entrado. Vedder assumiu o controle de quase tudo, o encarte do disco ele reproduziu de um livro de medicina que fora comprado por ele em um sebo. O produtor Brendan O’ Brien teve muito trabalho para que “Vitalogy” fosse concluído.

Importante ressaltar que o registro tem duas datas de lançamento: em 22 de novembro, fora lançada a versão em vinil; E em 06 de dezembro, as versões em CD e fita cassete. Então nos atentaremos à primeira versão lançada. E aqui, as músicas do lado A são de excelente qualidade.

Temos a abertura com “Last Exit“, em que o experimentalismo da banda na introdução em que a influência do YES é bem explícita. Mas logo temos a entrada com a bateria de Abbruzzese e as guitarras nos presenteando com um Rock And Roll bem honesto.

Spin The Black Circle” traz o PEARL JAM tocando punk em sua essência. Poucas vezes a banda era tão crua em uma composição. E a ironia de Eddie Vedder na letra é sensacional. O desavisado que pegar o encarte e for ler o primeiro verso que diz “See this needle, a see my hand (Pegue a agulha, olhe minha mão)”, pode achar que a letra se trata de uso de drogas injetáveis, mas não! É uma bela homenagem do frontman aos discos de Vinil. Em alguma página do encarete, há escrito a frase “Viva la vinyl”.

Not For You” foi o primeiro single do play e traz uma boa composição, uma canção mais hard, bem trabalhada, enquanto que “Tremor Christ” é uma das melhores composições não só deste álbum, mas de toda a carreira da banda, uma música densa e maravilhosa.

Nothingman” é uma balada bem legal e a voz de Vedder é bem explorada aqui, uma boa pausa para o Caos que anuncia o fim do primeiro lado do bolachão: “Whipping” é uma música curta e grossa. E muito boa. E muito punk. E mais ironia na letra, onde Eddie canta no primeiro verso que “não precisa de um capacete pois tem uma cabeça muito, muito dura”.

Hora de virar a bolacha e ai a banda meio que se perde em algumas coisas desnecessárias. A começar pela faixa 7, “Pry, to“, que é até engraçada, com Vedder cantando coisas meio desconexas, parecendo estar bêbado. É até engraçado, eu não pulo a música, mas poderíamos ter uma música de verdade ali.

Mas a banda coloca tudo de volta no lugar com a belíssima “Corduroy“, uma música cheia de atmosfera e com um final épico, onde os instrumentistas brilham.

Temos outra perda de tempo que é a faixa “Bugs”, onde Vedder assume o acordeon e recita sobre ter insetos em seu quarto, nos seus sapatos, no seu bolso… Realmente, é uma chatice.

Satan’s Bed” é uma faixa mais setentista, que também não me agrada, só o título mesmo, por causar espanto nos mais “puritanos”.

Better Man” é a minha favorita da banda. Uma música que começa como uma balada e ganha tons épicos do meio para o final. A curiosidade é que esta música era da antiga banda de Eddie Vedder,  a Bad Radio e a música chamava-se “Stand By“.

E chegamos às três faixas finais, sendo que duas são novamente desperdício de tempo, as instrumentais “Aye Devanita” e “Hey Foxynophandlemama, That’s Me” (também chamada de “Stupid Mop“), que são duas chatices sem tamanho. E talvez por isso, a excelente “Immortallity” tenha sido colocado, propositalmente, entre as duas. Esta sim, uma excelente canção em que o solo de violão é o ponto alto. Muito se questionou sobre Vedder ter escrito a letra para Kurt Cobain, que havia suicidado-se pouco antes de a banda entrar em estúdio, fato que o vocalista sempre negou.

Enfim, um bom álbum, que encerrou a fase áurea e colocou a banda em um período obscuro e também em crise de criatividade, embora eles tenham lançado um bom disco como banda de apoio de NEIL YOUNG. Mas depois disso, a banda até lançou álbuns razoáveis, mas nunca mais soou como aquele PEARL JAM que eu conheci nos anos 1990 e que fora a minha teenage band.

Como dito no quarto parágrafo, o baterista Dave Abbruzzese fora demitido da banda. Em seu lugar, entrou Jack Irons, ex- RED HOT CHILLI PEPPERS, que foi o cara que fez a ponte para que seu amigo Eddie Vedder entrasse na banda. E Irons já tinha seu nome sugerido pelo frontman para assumir as baquetas já no primeiro disco.

O álbum vendeu mais de 5 milhões de cópias, mesmo com a banda se isolando, deixando de fazer shows pelos EUA. Pessoalmente, a minha relação com este disco é incrível, foi o terceiro disco de rock que eu comprei na minha vida e mesmo hoje em dia o meu gosto estando voltado mais para o Heavy Metal, o meu apreço por este disco segue firme e forte. Celebraremos mais um ano de vida desta obra.

Formação:

Eddie Vedder – Vocal/Guitarra/Acordeon

Stone Gossrad – Guitarra

Jeff Ament – Baixo

Mike McCreaddy – Guitarra/Violão

Dave Abbruzzesse – Bateria

Jack Irons – Bateria

Tracklist:

Side one:

01 – Last Exit

02 – Spin The Black Circle

03 – Not For You

04 – Tremor Christ

05 – Nothingman

06 – Whipping

Side two:

01 – Pry, to

02 – Corduroy

03 – Bugs

04 – Satan’s Bed

05 – Better Man

06 – Aye Devanita

07 – Immortallity

08 – HeyFoxynophandlemama, That’s Me

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