Paul Cairns: em entrevista, guitarrista revela jamais ter superado sua saída do Iron Maiden

Um pouco de história para quem ainda não sabe. 1979. O Iron Maiden começava a distribuir sua 1ª demo tape, a fim de que a fita caísse no colo de alguma gravadora. Em todas as biografias oficiais, a formação responsável por gravar esse material foi Paul Di’Anno, Steve Harris, Dave Murray e Doug Sampsom. Mas houve sim, um segundo guitarrista naquele registro. Paul Cairns.

Um usuário do Facebook, que se identifica como “Della Ek”, foi incumbido de escrever um artigo para uma revista de rock sueca ano passado, mas não queria contar a história “oficial” que todos sabem ser “um pouco fabricada”. Então, teve que ir mais além. E seu primeiro passo foi entrevistar o próprio Paul Cairns:

Della Ek: Poderia me dizer como você entrou em contato com o Iron Maiden?
Paul Cairns: Foi através de um anúncio “procura-se guitarrista” publicado no Melody Maker, que era um veículo de comunicação importantíssimo para músicos na época, no Reino Unido. Steve (Harris) estava fazendo testes para que um novo guitarrista pudesse se juntar ao Maiden, pois Dave (Murray) estava sozinho segurando a onda das guitarras, e isso era uma grande responsabilidade sobre os ombros realmente. Então recrutar outro guitarrista era uma necessidade para o Maiden.

Della Ek: Como e onde foi sua audição com a banda?
Paul Cairns: Eu estava participando de um teste e toquei o melhor que pode, pois queria impressionar a banda. As audições aconteceram no estúdio Rehersal, no leste londrino. Lembro-me de ter pensado: “Eu me sinto bem…. Vamos ver o que acontece a seguir…”. Bem, Steve me telefonou um ou dois dias depois e disse: “Olá Paul, gostaríamos que você se juntasse à banda”. Então eu disse: “Ok! Eu estou dentro!”. Nossos ensaios eram na casa dos avós de Steve, eu acho, em Clapton, leste de Londres, mas eu morava no oeste… Eu me lembro de pensar: “Bem, eu vou alugar um apartamento mais perto de Steve, em Upton Park/Leyton”… Steve sempre falava sobre os planos futuros para o Iron Maiden. Foi fantástico fazer parte disso, afinal fomos o início do que a banda se tornou. Nós trocávamos idéias e só.

Della Ek: Você pode me dizer sobre as suas memórias dos shows com a banda?
Paul Cairns: Eram cargas muito emocionantes de energia. Eu estava nocauteado pela surpreendente reação dos fãs nos shows em RuskinArms e etc. Você podia sentir o feedback dos fãs. Paul Di-Anno era muito bom como frontman, ele tinha uma grande comunicação natural com o público, então… Para ser honesto, porém, eu estava um pouco intimidado com toda a experiência, eu ficava me beliscando… Você sabe como… “Puta merda, eu sou mesmo um membro do Iron Maiden, impressionante… Relaxe menino… Curta o passeio…”.

Della Ek: Você consegue se lembrar se a banda estava compondo durante seu período com ela?
Paul Cairns: Sim! Steve tinha escrito um monte de músicas. E eu acho que o Dave Murray já tinha escrito “Charlotte The Harlot”, que sempre soou como uma tempestade ao vivo. Na verdade, todo o nosso setlist era feito de músicas próprias, que eu pensava que eram incríveis, muito impressionante para jovens rapazes. Steve foi o principal compositor, sem dúvida.

Della Ek: Você gravou The Soundhouse Tapes na véspera de ano novo em 1978. Você poderia me dizer sobre essa experiência em estúdio?
Paul Cairns: Sim. Caramba, isso foi há muito tempo… A história tem sido bem documentada, no entanto, deixe-me acrescentar alguns detalhes pessoais. Eu toquei com uma Gibson Les Paul Standard em todas as faixas. E nós trabalhamos na véspera de ano novo… Meu cão Nelson estava comigo no momento. Na verdade há uma foto de toda a banda fora do estúdio com o meu cão na frente. Eu não tinha onde deixá-lo em Saltrum Crescente Kilburn… E eu ainda estava tentando alugar um apartamento em Londres.

Della Ek: Quais músicas e quais partes que você tocou no EP?
Paul Cairns: Toquei em todas as quatro músicas de “The Soundhouse Tapes”, assim como Dave Murray. Você pode facilmente perceber a diferença tonal do som da minha guitarra. Na primeira música do álbum, se bem me lembro, “Prowler”, a introdução é minha…

Della Ek: Por quanto tempo você permaneceu no Iron Maiden?
Paul Cairns: Menos de um ano, infelizmente… Foi uma fantástica oportunidade perdida, hein? Eu não me importo em dizer que nunca superei isso realmente. É algo que acontece apenas uma vez na vida, companheiro. Mas pelo menos eu pude contribuir e tocar em The Soundhouse Tapes.

Della Ek: Como e por que seu tempo com a banda terminou?
Paul Cairns: Me pediram para sair… Fui demitido. A banda não sabia, mas eu havia me submetido recentemente a uma cirurgia nas costas, o que me impedia de estar relaxado ou confortável tocando ao vivo e, com o peso adicional da minha guitarra Les Paul… Eu estava em uma situação de pânico. Eu não estava realmente contribuindo muito ao vivo. Claro, com o tempo eu ficaria 100% inteiro novamente. Mas é a vida né?!

Fonte: Iron Maiden Brasil Notícias

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