Não fosse o Instagram, eu teria perdido a data de hoje, que comemora um dos álbuns mais importantes. não só para o Heavy Metal, mas para a vida deste redator que vos escreve. Não sei onde estava com a cabeça quando esqueci de catalogar que em 25 de fevereiro de 1992, “Vulgar Display of Power” fora lançado.
Pois bem, ao entrar no app, fui lembrado por alguma página que sigo e me senti obrigado a escrever sobre o disco, que foi um dos primeiros do Metal ao qual eu tive o prazer de conhecer. E vamos falar do disco que hoje completa 27 anos de existência.
Após a entrada de Phil Anselmo, a banda foi mudando seu som e “Cowboys From Hell” é considerado por muitos o melhor álbum da banda, porém, o som ainda estava em processo de desenvolvimento para o que podemos chamar de Groove Metal ou, como eu prefiro, Thrash Metal noventista. E foi com a responsabilidade de fazer um som ainda mais poderoso que em “Cowboys” que a banda entrou no Pantego Sound Studio, no Texas, acompanhada do produtor Terry Date e saiu de lá com esse discão.
“Mouth for War” é a música que abre e é um senhor petardo. Tudo aqui nela é perfeito, desde a introdução, o groove nas estrofes e a parte final, virando um “thrashão” para ninguém colocar defeito.
“A New Level” chega com sua intro mais arrastadona e do nada ela vira outro Thrash maravilhoso, com os caras quebrando tudo. A música é tão sensacional que até Madonna já fez um cover dela ao vivo. E não ficou ruim. Veja com seus próprios olhos a diva da música pop pegando a guitarra e tocando a intro, ao vivo.
“Walk” chega com seu groove, peso e o refrão grudento: Não tem como você escutar essa música e não sair cantarolando “Re-spect/walk/what did you say?/Re-spect/walk/are you talking to me?”
“Fucking Hostile” chega curta e grossa, bem rápida e agressiva. Impressionante como uma banda consegue fazer um disco em que a atenção do ouvinte fica ali presa, pois é uma música melhor do que a outra.
Ai os caras resolvem dar um tempo aos nossos pescoços, com “This Love“. Não podemos chamá-la de balada, mas é uma música, digamos, mais calma, pelo menos até o seu refrão. E o que dizer do riff da parte final? Um dos pontos altos da carreira de Dimebag Darrell. Destaque também para a participação de Anselmo nesta faixa, alternando vocais limpos e guturais.
“Rise” chega como a faixa mais rápida do disco, porém, com breves mudanças no seu andamento durante as estrofes. Estamos na música número seis e até agora o PANTERA está com 100% de aproveitamento.
“No Good (Attack the Radical)” chega mais grooveada, pesada, sombria. Não é ruim, mas entre todas é a que eu curto menos, mas não sou herege a ponto de pular esta faixa.
“Living in a Hole” é linda, do início ao fim, desde o seu riff cavernoso na intro, passando por suas mudanças de andamento, com Anselmo mudando suas linhas vocais, tal como fizera em “This Love”. Por algum tempo, “Living in a Hole” foi o toque do meu celular.
“Regular People (Conceit)” é outro hino deste disco. Sua intro mais demorada nos faz imaginar que será uma faixa instrumental, mas ela cresce e desafia o pescoço já abalado depois de tantos petardos. A pegada groove de Vinnie Paul é simplesmente fantástica por aqui.
“By Demons, Be Driven” chega também de forma pomposa: pesada, sombria, arrebatadora, com Anselmo gritando o título da música no refrão. Lembro me de que quando assisti a um show do SEPULTURA em 1996, o roadie passou o som da guitarra tocando o riff da introdução, que não é nada mais que estupendo.
Daí você pensa que “Hollow” vai ser apenas uma musiquinha bonitinha que encerrará um disco que foi agressivo do início ao fim, só que o engano é geral: na parte final, os caras resolvem colocar peso e agressividade e essa bipolaridade na música caiu muito bem. E assim, “Vulgar Display of Power” termina do mesmo jeito que começou: poderoso, pesado, um verdadeiro petardo.
O título do álbum foi retirado de uma frase do filme “O Exorcista“, quando o padre Damien sugere que Regan MacNell rompa suas amarras usando sua força maligna, no que é respondido por Regan: “That’s much too vulgar display of power”. Há também a história da capa de que um morador de rua teria sido contratado para levar murros em troca de dez dólares, porém, o fotógrafo da capa, Brad Guice, disse ao site Loudwire que um modelo foi contratado e o soco foi uma simulação. Mas a foto é perfeita e mostra bem o que o som dos caras nos faz sentir, como se tivéssemos levado diversos socos.
Sobre a minha relação com este disco, foi um dos marcos na minha entrada no Metal. O primeiro disco do estilo que eu escutei foi o “Chaos A.D.“, do SEPULTURA. E lembro que em 1995, quando eu estava no 7º ano do ensino fundamental, eu conheci um brother, e em um dia que não tivemos aula, ele juntou uma turma e levou todos no seu apartamento, onde Vulgar Display foi a trilha sonora. Pedi aquele disco emprestado e nunca mais o devolvi, pois o rapaz se mudou, trocou de escola e eu acabei ganhando, indiretamente, um presentaço.
Enfim, um disco que beira a perfeição. A única ressalva que eu faço sobre ele é na questão da mixagem, onde o som poderia ter ficado mais robusto. E eles consertariam isso no disco posterior, “Far Beyond Driven“. Mas isso não é nada que tire o brilho do álbum que se aproxima de seus 30 anos e nos deixa com muitas saudades. Sempre que coloco essa bolacha para rolar, eu me lembro dos tempos de escola, da “falta de responsabilidade”, passa um filme na minha cabeça. E saudosista de carteirinha que sou, adoro colocar essa bolacha para rodar e relembrar o passado, pois o dito popular já diz que “recordar é viver”.
Lineup:
Phil Anselmo – Vocal
Dimebag Darrell – Guitarra
Rex Brown – Baixo
Vinnie Paul – Bateria
Tracklisting:
01 – Mouth for War
02 – A New Level
03 – Walk
04 – Fucking Hostile
05 – This Love
06 – Rise
07 – No Good (Attack the Radical)
08 – Living in a Hole
09 – Regular People (Conceit)
10 – By Demons, Be Driven
11 – Hollow