No cenário Heavy Metal de Fortaleza, a Oráculo tem sido uma das formações mais atuantes ao longo dos últimos 23 anos. Nessa entrevista concedida para a Roadie Metal, o guitarrista Paulo Henrique e o baixista Vicente Wilson falam sobre a atual situação da banda e o novo disco que está sendo preparado:
ROADIE METAL – Fortaleza é uma cidade caracterizada pela predominância de representantes de estilos mais extremos do Metal, no entanto, quem presencia uma apresentação da Oráculo, tem a oportunidade de testemunhar uma performance carregada de intensidade, que evidencia o quanto o Metal Tradicional é poderoso. Como vocês veem isso?
VICENTE WILSON: Vejo que a intensidade vem em consequência de nossa “devoção” ao Heavy Metal e às nossas músicas. Expressamos muitos sentimentos nos nossos riffs. Eu, particularmente, entro em êxtase ao tocar com meus irmãos de banda.
PAULO HENRIQUE: Creio que isto é inerente a nós, daí mais um motivo de haver toda esta interação público/banda, partindo da ideia que tocamos com emoção e energia, que contagiam quem ouve.
RM – A Oráculo nasceu em 1995 e está em atividade ininterrupta desde então. Qual o segredo dessa longevidade?
VICENTE: Esta resposta é unânime entre os membros da banda. O segredo é simples: União, perseverança, humildade, irmandade e amor ao Heavy Metal!
RM – Ainda assim, algumas mudanças de formação pontuais aconteceram. A última foi a saída do guitarrista Daniel Farias com a entrada de Franzé Mendes. Quais os motivos ensejadores da troca? O fato de Franzé tocar junto com o baterista Sula Cavalcante, na Betrayal, fez dele a escolha natural ou outras opções chegaram a ser cogitadas?
PAULO: O Daniel, por motivos pessoais dele, precisou sair da banda e a indicação do Franzé partiu dele.
VICENTE: Tínhamos um show agendado com a Dark Avenger em Teresina-PI e não queríamos de forma alguma deixar de dividir o palco com o Mário Linhares. Ele foi uma das referências do nosso vocalista, Robson Alves, e convidamos o Franzé para dar uma força neste show. Após este evento, apareceram outros shows, e depois disto foi natural a permanência do Franzé na formação. Inclusive, eu, Franzé e Sula, já tínhamos formado uma banda de Thrash Metal antes mesmo da minha entrada na Oráculo.
RM – A banda tem divulgado que o lançamento de seu novo disco está próximo. Em que etapa o processo se encontra? O material contido é todo inédito? Já existe uma data estimada para o lançamento?
VICENTE: Falta somente a prensagem dos CDs e as músicas são todas inéditas.
PAULO: Como todos deste meio sabem, as dificuldades financeiras sempre existem. O apoio é quase zero e muitas vezes temos que tirar do nosso bolso para suprir as necessidades da banda. Desta vez a previsão é de lançamento no segundo semestre.
RM – O projeto mudou de nome algumas vezes, desde que foi anunciado. Qual a razão? Algo precisou ser refeito?
VICENTE: Iria se chama “Secrets” e depois mudamos para “Disciples of Metal”.
PAULO: O motivo da mudança foi o “peso” que carrega o título – “Discípulos do Metal”, na tradução – de bem mais impacto! Discípulos, estes, que são a banda e o público.
VICENTE: Sobre a gravação, foi um processo bem criterioso e longo. Fizemos uma pré-produção, escutamos as audições e quando partimos para a gravação definitiva já tínhamos todos os detalhes alinhados. Tivemos uma pausa na gravação dos solos de guitarra, pois foi a época que Daniel Farias saiu da banda, então decidimos convidar três amigos nossos para fazê-los, que foram Daniel Camelo, Jardel Reis e Joe Wilson.
RM – Bandas como Iron Maiden, Helloween e Manowar formataram as características do tipo de Metal que a Oráculo executa, mas nesses mais de vinte anos surgiu alguma nova banda que vocês tenham incorporado às suas influências?
VICENTE: Na realidade temos, cada um, uma dezena de referências musicais diferentes um do outro. Eu mesmo, entrei na Oráculo com uma bagagem muito Progressiva e fui mesclando o Hard. Esta diversidade contribui muito nos acordes que hoje a Oráculo possui.
PAULO: Infelizmente, atualmente não tem nenhuma banda que possa incorporar às nossas influências. Temos uma bagagem tipo oitentista, isto não tem como negar.
RM – Saindo das fronteiras do estado do Ceará, que retorno a banda tem recebido?
VICENTE: Temos um bom reconhecimento junto ao público dos estados do Piauí, Paraíba e Rio Grande do Norte.
PAULO: Fomos uns dos destaques na revista Roadie Crew, com o álbum “Wisdom”.
RM – E dentro de casa, como vocês estão enxergando o cenário?
VICENTE: No momento, sinto uma crescente chama do Metal autoral, e isto é excelente, pois contribui para um pensamento novo e crítico na cena underground.
PAULO: O Metal autoral caracteriza a essência da banda e diz aquilo que queremos seguir.
RM – Vocês utilizam bastante as mídias sociais como Facebook ou Instagram para divulgação de shows e novidades. Esses instrumentos têm mostrado resultados satisfatórios?
VICENTE: Nem sempre… Hoje em dia é o mais prático, mas eu sinto falta dos cartazes e flyers. A mídia digital cria uma divulgação muito “fria” e muito passageira. Eu mesmo pretendo apostar na tradicional divulgação, pois até hoje coleciono flyers da década de 90.
PAULO: Ainda sou adepto dos zines impressos, e os flyers ficam como lembranças.
RM – A banda possui uma atividade paralela realizando shows de tributo ao Manowar. Como tem sido isso?
VICENTE: Não é uma atividade paralela. É uma homenagem que fazemos a uma banda que é referência unânime entre nós. Temos outras ideias, como um tributo ao Judas Priest, ao Helloween, Iron Maiden e até mesmo o Kiss.
RM – Agradecemos a entrevista e desejamos boa sorte no novo trabalho!
PAULO: Agradeço, em nome da Oráculo, a oportunidade de falar um pouco sobre a banda e de nossos projetos futuros.
VICENTE: Vida longa ao Metal Nacional, aos nossos familiares e aos discípulos do Metal. Abraços.
Foto por Jeronimo Pires