A canção pode ser descrita, a partir de sua aparência sonora imediata, como um produto de textura estridente e bruta no que tange a proposital ausência de lapidação, de mixagem. Transpirando um toque de sujeira bastante inquietante, ela, ainda que agraciada por uma guitarra devidamente distorcida para criar essa sensibilidade, é rapidamente agraciada pela presença de uma voz masculina de timbre agudo e levemente fanhoso.
Por meio dessa natureza vocal, o cantor se apresenta perante uma interpretação lírica que beira uma melancolia pegajosa com direito a uma postura introspectiva, cabisbaixa e lexicalmente embriagante. Sem qualquer indício de frescor ou de uma textura que flerte com o delicado, a faixa consegue entorpecer o espectador de imediato.
De sabor azedo, mas conseguindo, de maneira audaciosa, oferecer nuances transcendentais surpreendentes, a canção se perde por entre texturas abrasivas e viscosas que, inclusive, são capazes de flertar com uma identidade aérea penetrante e impactante. Sem a presença de um elemento responsável pela elaboração do escopo rítmico, a composição se mantém sem uma base rígida, soando completamente solta e propositadamente brisante.
Ainda assim, é inevitável ao ouvinte a percepção de um andamento lento e pegajoso de forma a mostrar notáveis flertes para com a roupagem do doom metal. Em verdade, porém, a faixa transpira inclinações para com uma paisagem sensorialmente psicodélica que coopera em demasia com a postura introspectiva fortemente defendida pela interpretação lírica assumida pelo vocalista perante toda a sua execução.

Linear em harmonia e em relação a uma estabilidade energética mesmo diante da presença da bateria, instrumento que entra em cena tardiamente fornecendo uma paisagem consciente e confirmativa em relação ao compasso lento, a faixa se permite explorar nuances épicas diretamente associadas com uma dramaturgia quase teatral.
Isso permite que o ouvinte se perca perante suas novas texturas e suas pressões que sugerem a aquisição, por parte do ouvinte, sensibilidades inerentes à insegurança, à vulnerabilidade e a uma curiosa necessidade de pertencimento em relação ao que se apoiar. Ao que se acreditar. Não é de se espantar, portanto, que a obra atinja patamares de uma melancolia intensa e, portanto, profunda.
É com essa gama conexa de emoções que o Tritonic faz de Oh, Sinai! uma canção inquestionável e invariavelmente entorpecente que combina, de maneira concisamente simétrica, psicodelia com uma paisagem sônica embasada na estrutura do sludge metal. Com esse arranjo, se torna possível entrelaçar os intermináveis questionamentos do antigo cristianismo gnóstico com uma pessoalidade inabalável.
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