Você certamente já ouviu a frase “minha vida é um livro aberto”. Essa frase nunca foi tão perfeitamente usada como é na vida de Esteban Tavares.
Segundo o próprio músico, ele sempre escreve sobre situações que ele mesmo viveu e sobre sentimentos que ele mesmo sentiu. Sendo assim, uma grande parte de sua vida é retratada em sua obra.
Esteban Tavares iniciou sua carreira solo de vez lançando o disco Adiós Esteban (2012). Antes, o músico ficou nacionalmente conhecido por ser baixista da Fresno, porém antes mesmo de fazer parte de um dos trabalhos que foi ícone na cena do Emo no Brasil, ele já era guitarrista e vocalista da banda Abril lá em Porto Alegre – RS.
Em 2012, depois de seis anos, dois álbuns de estúdio, um DVD e um EP, o músico deixava a Fresno para seguir sua carreira solo. Mas, a “vida é uma caixinha de surpresas” e ele não conseguiu divulgar seu disco em turnê. Isto ocorreu porque, logo após Esteban lançar seu primeiro álbum solo, Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii) convidou o músico para ser seu guitarrista em sua turnê. Esteban Tavares, que um dia fora um mero Rodrigo Tavares e fã de Engenheiros, não podia decepcionar o adolescente que um dia fora e aceitara o convite.
Em 2015, o músico lançou seu segundo disco: Saca La Muerte de Tu Vida (2015). Agora, deixando o projeto com Humberto e passando a focar inteiramente em sua carreira solo, iniciou uma turnê para divulgar sua obra. Aliás, em 2025 o disco faz 10 anos e o músico fará uma turnê de comemoração tocando o disco na íntegra! Não perca a oportunidade de conferir esse show!
Segundo o músico, o primeiro disco lançado trazia letras mais tristes junto de uma sonoridade mais animada. O segundo é o oposto: as letras otimistas foram acompanhadas de arranjos instrumentais mais melancólicos.
Agora o músico já conta com 4 álbuns, alguns EP’s e vários singles; tudo disponível em todas as plataformas digitais.
Cada letra, cada trecho, cada estrofe trazem pedaços da vida do músico. Ele se revela mostrando um pouco do que viveu em cada fase de sua vida.
A sonoridade do seu trabalho traz influências de Pop Rock, de Rock Argentino, de Blues e até de músicas regionais gaúchas, sendo uma mistura musical diferente, ousada, complexa e perfeita.
Se você nunca ouviu a obra do músico, não sabe o que está perdendo. Cada frase é um relato vivido e um retrato de um momento que se passou de forma intensa, verdadeira e marcante na vida do músico e que ele consegue retratá-la de forma magnífica em cada obra.
Sua vida se tornou um “álbum aberto”, uma vez que ele relata em seus álbuns e suas obras as experiências vividas em diversas fases de sua própria vida. Desde Adiós, Esteban! (2012) quando relatou sua paixão por uma tal de Sophia, passando por Saca La Muerte de Tu Vida (2015) onde ele já se mostra um rapaz mais maduro e que vai tirando a melancolia e a dor do coração para abrir espaço para um momento mais feliz e cheio de amor; em todo momento, a vida de Esteban esteve relatada em sua própria música.
O que dizer, por exemplo, sobre Primeiro Avião? “É só você me chamar que eu pego o primeiro avião (…) nem aviso os amigos, assumo o risco se a vida invadir a contramão“: afinal, quem nunca quis viver um amor novamente e aceitaria pagar qualquer preço (ou quase isso) por essa experiência de novo? Quem nunca esperou uma ligação, uma mensagem de texto, qualquer coisa, para simplesmente parar o que estava fazendo e viver um amor novamente, mesmo sem dar tempo de pedir conselho a qualquer amigo ou se importar em quanto gastaria na passagem de avião? A vida imita a arte e a arte relata a vida de Esteban (e de muitos outros anônimos que se identificam com a obra – entre eles, eu).
Ou o que falar sobre Digital? Onde o músico retrata toda uma geração nova ficando na frente de um celular e aceitando qualquer opinião vazia de qualquer influenciador que fala qualquer coisa por likes, em troca de qualquer dinheiro para convencer seu ouvinte sobre qualquer besteira? Apesar de suas letras geralmente trazerem relatos de sua vida pessoal, o músico tem muito mais a dizer e Digital é a prova viva disto.
O músico também fala sobre suas angústias, sobre sua convivência com o cigarro (que é relatada em várias faixas e até se faz presente no título de uma delas: Cigarros e Capitais). Afinal, sua sinceridade aparece até nos nomes de seus trabalhos, onde, por exemplo, gravou o álbum Entressafra, com releituras de trabalhos anteriores que contaram com participações mais do que especiais.
Sua música é pura esperança, afinal, As Terças Podem se Inverter e tudo pode mudar de uma hora para outra. Até porque, financeiramente falando, era bem mais viável ficar em uma banda estruturada como a Fresno do que se arriscar em um projeto solo e com uma sonoridade diferente e ousada. Ou até seria mais fácil “esconder-se” atrás de um grande nome (Humberto Gessinger) e garantir uma aposentadoria tranquila e sem responsabilidade, tocando com seu ídolo e sendo tranquilo assim. Mas, se “as terças podem se inverter”, “mesmo se não for para ser, será” e o músico é a prova que sua satisfação pessoal e sua crença em fazer o trabalho do jeito que acredita traz paz e mostra que sucesso nem sempre é relacionado apenas com um grande montante de dinheiro.
A verdade é que se você ainda não ouviu o trabalho do músico, está perdendo tempo. Sua obra pode parecer uma mera “carta aos desinteressados“, mas, para quem tem ouvidos para ouvir diretamente com a alma, ele tem muito o que dizer; mesmo que pareça que “as canções já não me dizem mais nada“, a verdade é que quando uma obra vem direto do coração, “toda mañana tendrás una nueva canción” para se escutar, para se criar, para se ouvir e para se viver.