Com apenas quatro anos de existência, o festival North Rising Metalfest, que ocorre anualmente na cidade de Paudalho, cidade localizada na zona da mata norte de Pernambuco, passou esse ano pela sua edição mais complicada. 

Tudo começou com o cancelamento de duas bandas. O cast que no início era composto pelas bandas Camus, Demoniah, Implement, Phrygia e Trawma HC, passou a ser composto com as três últimas citadas, mais o grupo Humberto’s Trio, a única atração chamada para suprir o cancelamento das duas primeiras. 

De início, o evento ocorreria nos dias 25 e 26 de outubro, mais uma vez no Salão de Festas do Parque de Eventos Beira Rio, localizado no centro de Paudalho. No caso, o primeiro dia transcorreu “normalmente”, mas por conta de problemas no som oferecido pela Prefeitura de Paudalho para o evento para o evento no primeiro dia, a produção viu que o mesmo comprometeria as apresentações da noite do metal no dia 26, tendo assim decidido pelo adiamento do mesmo, tendo depois sido remarcado para o dia 14 de dezembro. 

E além disso tudo, o North Rising também sofreu boicote por parte da cena por questões ideológicas e políticas, mas, esse é um assunto que prefiro não me aprofundar, pois o mesmo dá muito pano pra manga. 

Chegado o dia 14 de dezembro, mais um problema foi registrado. A produção precisou se virar nos 30 por conta de uma caixa de grave que teimou em não pegar. Apesar do problema só ter sido solucionado após duas horas e meia do horário em que o evento deveria ter começado (o mesmo estava previsto para se iniciar às 18h), felizmente, tudo ficou bem e finalmente, a noite do metal do North Rising poderia começar. 

Foto: Produção

A banda Humberto’s Trio, atração chamada de última hora para suprir os cancelamentos da Demoniah e da Camus, foi o grupo responsável por abrir o evento por volta de oito e meia da noite, diante de um público que se mostrava presente no Salão do Beira Rio em número mediano. 

Foto: Produção

O trio era a atração mais “leve” em comparação as outras, o som do mesmo se resumia ao Rock And Roll Clássico e ao Heavy Metal Tradicional. O grupo, liderado pelo guitarrista e vocalista Humberto Victor, tocou algumas músicas autorais de seu repertório, mas a apresentação foi mais focada em covers de grandes clássicos do rock. 

Foto: Produção
Foto: Produção

O único problema na apresentação do trio foi o fato da mesma ter ultrapassado a marca da uma hora de show, o que é algo para ser controlado, ainda mais levando em consideração o atraso ocorrido. 

Foto: Renan Soares

Após o fim da apresentação do Humberto’s Trio, era a hora da Phrygia subir ao palco com seu Metal Progressivo técnico. 

Foto: Produção

Uma semana antes do North Rising, eu cobri a apresentação que a Phrygia realizou no Terra Fest 3, em Recife. Na questão de setlist, a única coisa que diferencia ambos shows foi a adição do cover de “Nothing to Say” do Angra em Paudalho, fora isso, as mesmas músicas foram tocadas, estando presente suas faixas autorais dos EPs “Control” e “Phrygia”. 

Foto: Produção
Foto: Produção

Como sempre gosto de ressaltar, a banda é uma daquelas que prezam bastante pela parte técnica, e no show de Paudalho isso não foi diferente, o vocalista Erick Jones caprichou mais vez em seus fortes agudos. 

Foto: Produção
Foto: Produção

O público chegou junto e se animou bastante com o som da Phrygia, principalmente durante a execução de “Nothing to Say”, onde uma roda punk foi formada na pista. 

A equalização das duas guitarras e das duas vozes de apoio não ficou muito boa, e isso ficava claro quando um dos guitarristas falavam com o público. Mas, não foi nada que tenha atrapalhado muito o andamento do espetáculo. 

Foto: Renan Soares

Após a Phrygia vir com uma vertente mais melódica, era a hora da Implement subir ao palco trazendo a força do metal extremo para Paudalho. 

Foto: Produção
Foto: Produção

O trio chegava ao North Rising divulgando seu mais recente álbum “Bleeding Alone”, e a banda prometia em seu show muita roda punk, bate cabeça e pancadaria, pois seu som dava a brecha perfeita para tal coisa. 

No começo, o público ficou um pouco acanhado, mas bastou o baixista e vocalista Ivan Ribeiro chamar o pessoal para perto que a pancadaria começou em alto nível. 

Foto: Produção
Foto: Produção

Ivan também aproveitou para falar em favor de um metal sem segregação ideológica, tendo também parabenizado a produção do North Rising por ter chamado a banda, e os ter mantido no cast, mesmo diante das críticas pela Implement ter temática cristã em suas letras. 

Ao final, quando o relógio marcava um pouco depois de meia-noite, a Implement encerrou seu show chamando os presentes no Beira Rio para a “grande lapada”, tendo então a maior roda punk do evento sido formada naquele momento. 

Foto: Renan Soares

Encerrado o show da Implement, a pancadaria ainda estaria garantida com a Trawma HC, última atração da noite no North Rising Metalfest. 

Foto: Prdução

Por conta do horário tardio (já eram quase uma da manhã), poucas pessoas ainda permaneciam no Salão do Beira Rio àquela altura do campeonato, mas mesmo em menor número, o público ainda estava na instiga para curtir o som da Trawma HC. 

Foto; Produção
Foto: Produção

A Trawma HC é uma daquelas bandas que você não consegue rotular logo de cara, eles têm um pouco de Groove Metal, Thrash e Metalcore, se utilizando de dois vocalistas, um com vocal limpo, e outro gutural. No mais, a banda bebe da fonte das vertentes mais modernas do metal, além de em alguns momentos lembrar bastante o Suicidal Tendencies. 

Foto: Produção

Como eu disse anteriormente, o público, apesar de estar em menor número, estava bastante instigado, além da própria banda em cima do palco. 

Foto: Produção

Alguns dos pontos altos da noite foi, primeiramente, quando a banda tocou uma versão própria da música “Banditismo Por Uma Questão de Classe” de Chico Science e Nação Zumbi, e no final, quando todos gastaram as últimas gotas de energia que restava ao som do cover de “Arise” do Sepultura. 

Foto: Renan Soares

Por volta de uma e meia da manhã, se encerrava assim a quarta edição do North Rising Metalfest em Paudalho. 

Antes de tudo, quero parabenizar do fundo do coração a produção do North Rising Metalfest por conseguirem executar a edição desse ano com profissionalismo, mesmo em meio a tantos percalços, que não se resumem apenas àqueles citados no início do texto. 

É importante para a cena que eventos do tipo ocorram, principalmente em cidades como Paudalho, onde não é comum haver uma movimentação do tipo. Tenho certeza que no dia que a produção conseguir condições melhores (tanto financeiras quanto de estrutura), o North Rising será um grande festival. 

Como falei anteriormente, os percalços não se resumiram apenas àqueles que citei no início do texto, outro fator foi o “apoio” da Prefeitura do município, que era algo próximo de nada, mesmo a gestão municipal tendo sua logo entre os apoiadores. 

Tudo começou com o ônibus disponibilizado por eles para trazer o pessoal que viria de Recife para o evento, que estava em estado deplorável, cheio de ferrugem e com cadeiras quebradas. E falo isso porque a Prefeitura deveria pensar aquele pessoal como turistas que estão indo conhecer a cidade, e usar um ônibus daquele, com a logo da Prefeitura, como transporte não dar uma primeira impressão muito boa não (aliás, um ônibus daquele não deveria circular para transportar seu ninguém). 

Além disso, o apoio na parte estrutural do evento foi o mais “nas coxas” possível, o próprio Salão do Beira-Rio está em uma situação bem malcuidada, principalmente os banheiros onde a maioria das pias são inexistentes. Vale ressaltar também a falta de lixeiras no local, inclusive dentro dos banheiros. 

Outro ponto de melhoria que pode ser tanto de responsabilidade da Prefeitura de Paudalho, quanto dos “apoiadores” privados que deixaram o evento na mão, é o fato de que quando alguém queria comprar algo para comer ou beber, tinha que andar até o outro lado do Beira-Rio, se afastando completamente de onde o evento estava ocorrendo. 

Deixando claro que a responsabilidade maior de tudo que citei acima é da gestão pública de Paudalho. 

Agora, o que irei fala agora diz respeito a própria produção do evento. Como eu disse, eles tão de parabéns por conseguirem sustentar o evento da forma que conseguiram, mas claro, não posso deixar de citar alguns pontos de melhorias. 

Um deles eu já citei que é a questão do controle do tempo de apresentação da bandas, pois a apresentação do Humberto’s Trio acabou sendo mais longa do que deveria, e esse controle é importante não só pra manter a democracia entre as atrações, e também para que o evento não passe do horário, pois eles acabaram correndo um risco pelo mesmo ter ultrapassado de meia-noite (lembrando que o evento já começou com mais de duas horas de atraso). 

Felizmente, o evento foi finalizado sem maiores problemas, mas é sempre bom se atentar a lei do silêncio, principalmente em área residencial (que era o caso), para não ocorrer a chateação de alguém chamar a Polícia para acabar com a festa. 

E ainda falando nessa questão do tempo, outra coisa que falhou foi a controle do tempo de transição entre as bandas, pois esses intervalos muito longos não só prolongam demais o evento, como acaba entediando o público, fazendo com que os mesmos se dispersem, se cansem, e até acabem indo embora mais cedo. 

E claro, a dica principal que é, revejam seus apoios, porque tiveram alguns (não irei mencionar nomes) que não adicionaram praticamente em nada ao evento. 

No mais, que a iniciativa do North Ring Metalfest siga firme e forte, e que tudo dê certo na edição de 2020. 

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