Os vikngs alemães do Nordstahl estão de volta em mais uma música de arrepiar. Dessa vez o projeto de Hamburgo traz a cação “Das Geisterschiff”, presente em seu álbum “Kompass der Verdammnis” (2025). O tema cantado em alemão refere-se à lenda de um navio fantasma que faz analogia a algumas sequelas da humanidade. Refletindo mais profundamente, essa power balada aponta para o futuro de uma humanidade alienada e dependente de tecnologias, mas também aponta a um iminente colapso ambiental causado pelo próprio homem. Com isso, Nordstahl consegue dissertar sobre um futuro real mesmo sendo um projeto concebido por mitologia do passado.
O fato de o Nordstahl ser uma banda de músicas folclóricas a deixa em uma posição limitada, pois sua estética, sonoridade e letra mergulham na mitologia nórdica. Contudo, “Das Geisterschiff” está aqui para mostrar que, fora da curva, seus mentores conseguem trazer assuntos contemporâneos para dentro de sua proposta. No entanto, o clima, os arranjos e a sonoridade como todo continuam ornamentando o cenário dos antepassados. Nessa história, o navio fantasma representa os nossos erros que nos faz vagar pela vida sem rumo e sem propósito. Isso mesmo, tudo aqui é baseado em metáforas que exigirá da sua capacidade de raciocínio para desvendar os mistérios.
A atmosfera de “Das Geisterschiff” surge do nevoeiro como um verdadeiro navio fantasma envolto a uma neblina densa. Tal como sua personificação, a instrumental soturna embala a tristeza da história como algo sem esperança e entregue à eliminação. Quem escuta essa música percebe a aura assombrosa que existe nela, pois não é uma canção para empolgar e, sim, para refletir e quem sabe arrancar do seu peito uma dor de partida ou de remorso. Outra inspiração para essa faixa veio do “Holandês Voador”, uma das lendas marítimas europeias. Isso demonstra a riqueza de conteúdo desse projeto.
Afastando-se um pouco da poesia que cerca “Das Geisterschiff”, façamos uma breve leitura da música. O piano introspectivo inicia a navegação da melodia que acaba encontrando uma pegada forte, porém lenta. Os vocais entram como lamento por algo que perdeu e não verá mais. Dessa maneira, o andamento segue sem pressa e entregando cadências tão introspectivas quanto a própria narrativa. Esta é uma música que atravessa o coração de qualquer pessoa como uma flecha flamejante. Nesta música, o Nordstahl não pratica o habitual rock industrial de seu outro álbum “Ragnarök in Berlin” (2025), mas de maneira idêntica prende a atenção do ouvinte como em um passe de mágica.
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