Em 24 de setembro de 1991, o então desconhecido trio chamado NIRVANA lançava o seu álbum mais bem sucedido: mas as coisas não foram tão fáceis quanto parece.

O NIRVANA tinha lançado o seu álbum de estreia, “Bleach”, no já longínquo ano de 1989 e era somente mais uma banda daquele movimento que estava nascendo na chuvosa cidade de Seattle. Mas as coisas começaram a mudar quando para a composição do aniversariante de hoje, eles recrutaram um certo Butch Vig para a produção.

Naquela época, o NIRVANA tinha contrato com o famoso selo Sub Pop, que estava em dificuldades financeiras e haviam rumores de que esta assinaria um contrato com uma grande gravadora afim de tornar-se uma subsidiária desta, porém, a banda resolveu sair e fechou com o selo DGC, pertencente à Geffen Records, seguindo recomendações de Kim Gordon (SONIC YOUTH) e do empresário Gold Mountain.

Colaborou para o sucesso da banda, a entrada de um certo Dave Grohl. E Cobain, ao assistir a uma apresentação da banda SCREAM, na cidade de San Francisco, ficara impressionado com a performance do baterista. E como eles estavam insatisfeitos com o baterista Chad Channing, juntou a fome com a vontade de comer: Grohl aceitou a proposta e mudar-se para Seattle foi só a consequência disso.

Porém, antes de fechar o contrato com a DGC, NIRVANA e Butch vig já trabalhavam na pré-produção do que se tornaria esse disco que iria fazer estremecer as estruturas do Rock nos anos 1990. O que motivou Cobain a querer Vig foi o trabalho que este fez com o KILLDOZER, na qual o líder do NIRVANA disse que queria soar pesado como o álbum produzido por ele.

Assim o fizeram, gravaram o que puderam, porém, o resultado acabou se tornando uma demo que o NIRVANA utilizou para negociar com as gravadoras, acabando por fechar com a DGC, conforme dito alguns parágrafos acima. E esta ofereceu uma lista de produtores para o play. Ainda assim, a banda bateu o pé e fez valer o seu desejo em trabalhar com Butch Vig.

E assim todos adentraram no “Sound City Studios“, na Califórnia e como boa parte do que seria gravado já passara por uma pré-produção, o trabalho agora seria de gravar o material, fazer os ajustes necessários e lançar o play. Porém, a banda não ficou muito satisfeita com o trabalho de mixagem e a DGC ofereceu uma lista de candidatos para fazer esse trabalho melhorar e o escolhido foi um tal de Andy Wallace. Sim, aquele mesmo que co-produziu “Seasons in the Abyss” e que dois anos depois produziria “Chaos A.D.”. E Wallace fez um trabalho excelente, ainda que tenha deixado polido demais uma banda com sonoridade Punk.

Sem mais delongas, vamos colocar a bolacha para rolar e temos uma abertura apoteótica com a poderosa “Smells Like Teen Spirit” que é o maior hit do NIRVANA, uma música rebelde, raivosa. E Dave Grohl dá seu show na bateria.

In Bloom” já é uma faixa mais cadenciada em relação a faixa de abertura, com um bom clima e densa, enquanto “Come as You Are” é outro hit da carreira da banda, uma música simples, mas que no refrão fica gigante. 

Breed” é uma faixa em que o Nirvana explora sua influência punk, uma boa música, com aquela raiva adolescente.

Lithium” é outra faixa que virou hit e tocou exaustivamente nas rádios e na MTV. Ela é mais arrastada nas estrofes e ganha peso no refrão. Uma curiosidade é que nas primeiras sessões de gravação, antes mesmo de a banda fechar com a DGC, foi nesta faixa que a banda precisou abortar o processo de gravação ainda na fase de pré-produção, já que Cobain havia destruído a sua voz.

Polly” é bonitinha, acústica, um momento mais calmo neste disco que é uma verdadeira avalanche. Era apenas uma ponte para “Territorial Pissings“, que traz de volta a rebeldia em uma música rápida e mais uma vez influenciada pelo punk, com uma excelente performance de Dave Grohl.

Drain You” é a música mais trabalhada, vamos assim dizer, deste disco. Uma música com algumas passagens diferentes e uma das que mais me agradam aqui.

Lounge Act” é outra que me agrada muito, tendo em sua intro uma boa passagem do baixo de Chris Novoselic, a música tem uma boa levada mais para o Hard Rock, com Kurt Cobain adotando vocais mais agressivos na última parte.

Stay Away” é outro petardo deste play, uma música forte, em que já na intro temos a bateria de Dave Grohl rufando, juntamente com o baixo de Krist Novoselic e o refrão marcante. Excelente som. Destaque para o final, onde Kurt canta, “God is gay”, para desespero dos religiosos, que logo infestaram os sites de “mensagens subliminares”…

On a Plain” é outra música maravilhosa, em que o andamento é mais cadenciado e aqui encontra-se alguma melodia em meio à sujeira da guitarra de Kurt. 

Something in the Way” fecha de maneira melancólica um disco que foi muito bem, obrigado.  Deixando a bolacha para rolar, após um silêncio de dez minutos, entra a esquisita faixa “Endless, Nameless”, uma coisa suja, esquisita, e podemos dizer, até mesmo desnecessária.

E em 54 minutos temos um disco que passaria batido se não fosse o single de “Smells Like Teen Spirit” ter estourado nas rádios, na MTV e ai as demais músicas foram seguindo essa trilha. “Nevermind” vendeu mais de 35 milhões de cópias no mundo inteiro, deu uma visibilidade imensa à banda. Pensemos que estamos no início da década de 1990, ainda não existiam smartphones, YouTube, a internet ainda era algo palpável a poucos. Com este álbum, o NIRVANA desbancaria o álbum “Dangeours“, de Michael Jackson e alcançaria o 1º lugar na “Billboard 200”.

Em uma época em que o Rock andava em baixa, o NIRVANA deu uma grande colaboração para que o estilo retornasse á crista da onda. O caro leitor pode até ter suas restrições quanto a qualidade musical da banda, e eu concordo, tecnicamente, a banda era muito pobre, à exceção de Dave Grohl. Porém, méritos devem ser dados, os caras fizeram alarde e o que é mais impressionante, nem eles nem a gravadora esperavam um sucesso estrondoso como esse. No Brasil, “Nevermind” foi certificado com disco de platina.

E para quem gosta de Rock And Roll enérgico, sem regras, sem firulas, “Nevermind” é o disco. E eu o ouvi muito durante a minha adolescência, foi a ponte que me fez chegar à bandas que escuto atualmente. E confesso que de vez em quando, eu coloco essa bolacha para rolar. Um disco que merece sim, todos os louros por tudo que conquistou e pela importância que tem.

Lineup:
Kurt Cobain – Vocal/Guitarra
Krist Novoselic – Baixo
Dave Grohl – Bateria

Tracklisting:
01 – Smells Like Teen Spirit
02 – In Bloom
03 – Come as You Are
04 – Breed
05 – Lithium
06 – Polly
07 – Territorial Pissings
08 – Drain You
09 – Lounge Act
10 – Stay Away
11 – On a Plain
12 – Something in the Way
13 – Endless, Nameless (Hidden Bonus Track)

Encontre sua banda favorita