Napalm Death – South American Tour 2016
Clash Club – São Paulo – 26/06/2016
Pioneiros do Grindcore e do Death Metal, os britânicos do Napalm Death retornaram ao Brasil dois anos após a última passagem do grupo pelo Brasil. A apresentação da banda na capital paulista foi programada para ocorrer na casa de shows Clash Club, localizada na região da Barra Funda. Divulgando o seu mais recente trabalho, o esmagador “Apex Predator – Easy Meat”, lançado no ano passado, a expectativa dos fãs para o show dos ingleses em São Paulo era muito grande e não há como negar que a espera valeu muito a pena!
A abertura da casa estava programada para ocorrer às 18h, entretanto houve um pequeno atraso. Mesmo assim, não foi um atraso muito longo e tampouco prejudicou o evento. Pouco mais de 19h, a primeira banda de abertura entrou no palco, o Test. A dupla paulistana encabeçada por João Kombi (guitarra e vocal) e Barata (bateria) é certamente uma das grandes revelações da música extrema dos últimos anos e já até receberam elogios do próprio Napalm Death, que já compartilhou o trabalho da banda em sua página oficial do Facebook. Ocorreram alguns problemas técnicos durante a apresentação da dupla, entretanto o repertório brutal apresentado por eles proporcionou um excelente aquecimento para o que estava por vir no decorrer da noite.
Cerca de 20h, os veteranos do Genocídio sobem ao palco. O grupo paulistano de Death Metal comemora o aniversário de 30 anos e também enfrentou alguns problemas técnicos no início do show, porém isso não atrapalhou em nada a performance da banda. Os músicos demonstraram estar felizes de estarem se apresentando naquela noite. O frontman Murilo Leite agradeceu muito a presença de todos e declarou que a maior influência dos anos noventa para a banda é o Napalm Death. Vale mencionar que o grupo chegou a realizar um cover para “Social Sterility”, originalmente gravada para o segundo álbum dos britânicos, “From Enslavement To Obliteration” (1988) no álbum “Rebellion” (2002).
Composições como “Kill Brazil”, “Encephalic Disturbance” e “Cloister” foram tocadas pelo quarteto, além de um cover para “Raping The Earth”, do Extreme Noise Terror, que evidentemente serviu como um belo aquecimento para a atração principal. Murilo também disse que a banda está com um novo material de estúdio programado para o próximo semestre e os músicos tocaram uma das novas composições em primeira mão. Outro detalhe importante de ser mencionado é que o baterista João Gobo não estava presente e quem o substituiu de última hora foi Gil Oliveira (Necromesis, Ayin). Levando em consideração o pouco tempo que o baterista teve para aprender e ensaiar as músicas do setlist do Genocídio, ele certamente se saiu muito bem. No geral, foi uma boa apresentação, entretanto o público estava cada vez mais sedento para o show que estava por vir!
Exatamente às 21h, o baterista Danny Herrera, o baixista Shane Emburry e o guitarrista John Cooke, que está substituindo Mitch Harris nos shows mais recentes, entram em cena e a introdução do mais recente álbum da banda ecoa pela casa. Não demora nada e de repente, o energético e caótico vocalista Mark “Barney” Greenway entra em cena, urrando a letra de “Apex Predator – Easy Meat”. O caos realmente toma conta da Clash Club na música seguinte, a clássica “Mass Appeal Madness”, do EP homônimo de 1991. O público, que ainda estava relativamente contido nos shows anteriores, agora estava mais insano do que nunca, promovendo stage divings e rodas brutais de mosh, bangueando e cantando com euforia.
Diretamente do álbum “Time Waits For No Slave” (2009), a avassaladora de vilarejos “On The Brink of Extinction” deu sequência ao excelente repertório escolhido pela banda e sua execução foi simplesmente matadora. O grupo faz uma pequena pausa e após um breve discurso de “Barney”, prosseguem com duas composições do último álbum de estúdio, “Smash A Single Digit” e “Metaphorically Screw You”. Duas pauladas viscerais! Aliás, é importante ressaltar que “Barney” fez diversos discursos inteligentes durante a apresentação, todos com o propósito de promover uma profunda reflexão em todos os presentes.
O quarteto volta vinte anos no tempo e brinda todos com a energética e cadenciada “Greed Killing”, do álbum “Diatribes” (1996). Impossível ficar indiferente ao groove poderoso desse som e certamente a plateia não ficou, agitando sem parar e acompanhando a banda em cada nota tocada e verso urrado. A indispensável “Unchallenged Hate”, do já mencionado e mortal “From Enslavement To Obliteration” (1988), foi tocada na sequência e como sempre, sua execução foi mítica e impecável. É importante mencionar a respeito do guitarrista John Cooke (Venomous Concept, Corrupt Moral Altar e outros). O músico substituiu Mitch Harris com exímio, fazendo vocais de apoio ao lado do baixista Shane Emburry e executando cada música com perfeição.
Combinando peso e alternâncias rítmicas, “Everyday Pox” foi tocada logo após, representando o ótimo disco “Utilitarian” (2012). Quando a música terminou, “Barney” disse que tocariam duas músicas do álbum “Enemy of The Music Business” (2000) numa tacada só. E dá-lhe “Taste The Poison” e “Next On The List”, as duas primeiras faixas do álbum. Novamente, temos uma pequena pausa, onde o vocalista anuncia que tocarão uma canção do último álbum, “Cesspits”. Mais uma vez, um desempenho matador da banda e um público ininterruptamente insano. Entretanto, se o caos já havia se instalado na Clash Club, a devastação iria apenas aumentar em seguida…
Tal qual em todas as apresentações da banda, “Barney” anuncia que irão tocar a faixa título do primeiro álbum do Napalm Death e em seguida urra “SCUM!!!” Nesse momento, a pancadaria realmente tomou conta da casa. Sempre que esse hino é executado, a destruição reina soberana! O que veio a seguir? As famosas “micro-músicas” do debut da banda: “Life?”, “The Kill”, “Deceiver” e, claro, “You Suffer” e seu divertidíssimo um segundo de duração.
O frontman troca algumas palavras com o público e fala sobre o conceito por detrás da letra da próxima composição que irão tocar. A euforia toma conta dos presentes quando o músico anuncia que a música é do álbum “Harmony Corruption” (1990), considerado por muitos fãs de Death Metal como um dos melhores da banda. A aquela altura, todos já sabiam exatamente qual seria a próxima “pedrada” a ser tocada e nem foi preciso urrar o nome da canção, pois “Barney” o fez em alto e bom som: “SUFFER THE CHILDREN!!!” Não há muito o que dizer sobre a execução desse tremendo clássico. Podemos resumir em uma única frase: maravilhosamente caótica! Sem mais.
Outro clássico de “Scum” (1987) foi executado, a estonteante “Siege of Power”, seguida da recente “How The Years Condemn”, também do último registro da banda. Sem dar tempo de o público recuperar o fôlego, o Grindcore feroz e frenético de “Retreat To Nowhere”, de “From Enslavement To Obliteration” toma conta do local. É muita porrada e energia para uma banda só! “Barney” anuncia que a próxima canção a ser tocada é um cover da banda norte americana de Crossover Thrash Cryptic Slaughter. Todos os presentes vibram, pois já sabe qual é a composição que será tocada: “Lowlife”, gravada para o disco de covers “Leaders Not Followers: Part 2” (2004). Performance completamente matadora, pra variar!
Assim que a música termina, “Barney” afirma que irão tocar mais um cover e claro que todos também já sabiam qual era. Nada mais, nada menos que “Nazi Punks Fuck Off”, do Dead Kennedys. Cover mais que conhecido por todo fã de Napalm Death que se preze! O vocalista apresentou a canção como da mesma forma como tem feito nas apresentações mais recentes da banda, “Nazi Trumps Fuck Off”, fazendo uma referência direta ao empresário candidato a presidência dos Estados Unidos Donald Trump. Uma sacada genial para uma performance genial e aniquiladora. Sempre atencioso e muito cordial, “Barney” declara que irão tocar uma sequência de duas músicas do excelente álbum “Smear Campaign” (2006), a dobradinha sensacional “Persona Non Grata” / “Smear Campaign”. Infelizmente, o músico também declara que serão as duas últimas músicas da apresentação. Antes de tocarem as músicas, o frontman agradece mais uma vez a todos terem comparecido. Ambas as canções foram executadas com maestria e encerraram o show de maneira épica e formidável.
Quando a apresentação da banda terminou, os integrantes cumprimentaram os fãs, tiraram fotos e deram autógrafos, em especial “Barney”, que mesmo cansado foi extremamente prestativo com cada fã. Quem me conhece, sabe que sou fã incondicional da banda e posso alegar que, após essa apresentação, me tornei ainda mais. Com 35 anos de estrada, os mestres da música extrema continuam em plena forma, devastando tudo e todos com suas obras pesadíssimas e engenhosas e, claro, vamos torcer para que a banda permaneça por muito mais tempo na estrada, lançando ótimos álbuns de estúdio!
♫ “Siege of power – in your land
Too many problems – for you to understand
A slave of their power – you never question why
Your going to suffer – you’re going to die
Siege of power – inside your mind
Outward restrictions – to keep you in line
You’re a slave of their power – you never questioned why
You were made to suffer – you were born to die” ♫
Integrantes:
Mark “Barney” Greenway (vocal);
Shane Emburry (baixo e vocal de apoio);
John Cooke (guitarra e vocal de apoio);
Danny Herrera (bateria).
Faixas:
01 – Apex Predator – Easy Meat (Intro)
02 – Mass Appeal Madness
03 – On The Brink of Extinction
04 – Smash A Single Digit
05 – Metaphorically Screw You
06 – Greed Killing
07 – Unchallenged Hate
08 – Everyday Pox
09 – Taste The Poison/Next On The List
10 – Cesspits
11 – Scum
12 – Life?
13 – The Kill
14 – Deceiver
15 – You Suffer
16 – Suffer The Children
17 – Siege of Power
18 – How The Years Condemn
19 – Retreat To Nowhere
20 – Lowlife (Cryptic Slaughter Cover)
21 – Nazi Punks Fuck Off (Dead Kennedys Cover)
22 – Persona Non Grata/Smear Campaign