Resenha: Napalm Death – Harmony Corruption (1990)

Depois de terem concebido os estrondosos álbuns “Scum” (1987) e “From Enslavement To Obliteration” (1988), os ingleses do Napalm Death retornam em 1990 com mais um estupendo trabalho de estúdio. “Harmony Corruption” é o terceiro álbum de estúdio do grupo, lançado em 1º de julho de 1990 através da gravadora Earache Records.

Primeiramente, é necessário dizer que esse trabalho é bem diferente dos dois primeiros gravados pela banda. Mais profissional e técnico, esse petardo foi produzido pela banda em parceria com a figura carimbada em clássicos do Death Metal mundial, Scott Burns (Death, Cannibal Corpse, Obituary) e registra a entrada do guitarrista Mitch Harris (Absolute Power, Defecation, Menace, Righteous Pigs, ex-Meathook Seed), do infelizmente falecido guitarrista mexicano Jesse Pintado (ex-Brujeria, ex-Lock Up, ex-Terrorizer) , além do vocalista Mark “Barney” Greenway (ex-Benediction, ex-Extreme Noise Terror). Esse também é o último trabalho da banda a contar com o baterista Mick Harris, que deixou o grupo após esse registro por não aprovar o direcionamento musical que o grupo estava tomando.

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É importante ressaltar que nesse álbum a banda executa uma sonoridade completamente direcionada para o Death Metal, trazendo composições maiores e mais elaboradas. No EP “Mentally Murdered” (1989), o Napalm Death já estava muito mais técnico e agregando cada vez mais influências do Death Metal e isso está ainda mais visível nesse lançamento. Senhoras e senhores: preparem-se! Estamos prestes a adentrar no conteúdo de uma obra absolutamente mortífera e visceral!

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Após uma singela introdução sonora, os riffs de Mitch Harris e Jesse Pintado dão espaço para um urro esmagador de “Barney” Greenway, que abre a massacrante faixa de abertura, “Vision Conquest”. Levadas freneticamente insanas de bateria, guitarras pesadíssimas e um gutural matador podem ser conferidos logo nessa primeira música do álbum. A evolução da banda é perceptível já na primeira audição. O marcante riff de “If The Truth Be Known” vem logo em seguida, dando início a uma das melhores faixas do disco. Mais cadenciada, a música traz novamente palhetadas maravilhosamente sujas e intensamente graves, acompanhadas por uma “cozinha” bárbara, composta pelo baixista Shane Emburry e pelo baterista Mick Harris, além dos guturais gravíssimos e animalescos de “Barney. Há também um breve, porém bem inserido solo de guitarra próximo ao fim da composição.

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“Inner Incineration”, por sua vez, tem um início balanceado, ganhando velocidade pouco depois, brindando os ouvintes com mais um som altamente truculento. Abrindo de forma acelerada e caótica, “Malicious Intent” é outro grande destaque do álbum, dotada de riffs certeiros e mudanças de andamento bem construídas e geniais. Há momentos mais cadenciados, perfeitos para banguear e outros completamente acelerados e intensos. Um pandemônio antimusical! A próxima faixa é a ótima “Unfit Earth”, que se inicia com um andamento mais pausado, trazendo um desempenho fenomenal de pedal duplo. Há alternâncias rítmicas bem construídas e conforme a faixa continua, ela se torna mais acelerada e violenta. Um destaque dessa composição que não pode ser deixado de mencionar é a participação especial de dois grandes vocalistas do Death Metal, John Tardy (Obituary, Tardy Brothers) e Glen Benton (Deicide, ex-Vital Remains, ex-Amon), que realizam backing vocals em alguns trechos. Simplesmente sem comentários!

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Dando sequência, vem “Circle of Hypocrisy”, que possui uma ótima introdução e arranjos bem elaborados e tão brutais quanto nas faixas anteriores. Também sobra espaço para um pequeno, porém eficiente solo de guitarra no final da composição. A sétima música é “The Chains That Bind Us”. Novamente temos um trabalho competente de cada integrante, trazendo uma compilação de acordes assassinos que não desapontam jamais. Nunca perdendo o jeito, o quinteto emenda com “Mind Snare”, que já começa com os seus riffs viscerais e com a voz cavernosa de “Barney” pronunciando o nome da faixa. O que vem a seguir é mais uma porrada impiedosa.

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A bateria de Mick Harris continua mais massacrante do que nunca em “Extremity Retained”, que parece um híbrido da sonoridade dos dois primeiros álbuns da banda com as influências de Death Metal presentes aqui nesse trabalho. Uma pedrada de dois minutos que mais uma vez atinge o ouvinte em cheio. O disco prossegue com a magnífica “Suffer The Children”. Não há muito que falar sobre esse hino. Tanto a letra como a composição em si dispensam elogios e expressam perfeitamente a imagem da banda. O riff inicial rasga os alto-falantes e abre caminho para o ouvinte devastar tudo o que está ao seu redor. As mudanças de andamento não apenas são engenhosamente arquitetadas e inseridas, como também são incrivelmente empolgantes. O groove no final da composição é a “cereja do bolo”, simplesmente perfeito para banguear sem dó! A versão em CD ainda traz a faixa bônus “Hiding Behind”, uma composição muito impactante e repleta de atmosfera.

“Harmony Corruption” integra a gigantesca lista de lançamentos de peso (literalmente!) que permearam a década de noventa. Esse trabalho certamente marcou um grande passo evolutivo para o Napalm Death, proporcionando ainda mais o crescimento da banda. É um grandioso divisor de águas na carreira dos britânicos, além de um petardo indispensável para os apreciadores de Metal Extremo em geral.

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♫ “When all is done
Who shall benefit? Who is the one?
Not those who pass on
But those dictators divine waving their deceitful wands” ♫

Formação:
Mark “Barney” Greenway (vocal);
Mitch Harris (guitarra);
Jesse Pintado (guitarra) (R.I.P. 2006);
Shane Embury (baixo);
Mick Harris (bateria).

Convidados:
John Tardy (backing vocals na faixa “Unfit Earth”);
Glen Benton (backing vocals na faixa “Unfit Earth”).

Faixas:
01  – Vision Conquest
02 – If Truth Be Known
03 – Inner Incineration
04 – Malicious Intent
05 – Unfit Earth
06 – Circle of Hypocrisy
07 – The Chains That Bind Us
08 – Mind Snare
09 – Extremity Retained
10 – Suffer The Children
11 – Hiding Behind (Bonus Track)

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