Em 31 de maio de 1994, o NAPALM DEATH lançava “Fear, Emptiness, Despair”, o seu quinto álbum de estúdio. E é sobre este petardo, que iremos falar hoje, em mais um domingão de quarentena.
A banda vinha do excelente, brutal e clássico “Utopia Banished” e a expectativa era grande em relação ao seu sucessor. Mas “Fear, Emptiness, Despair” foi além: a banda incorporou ao seu Grindcore, elementos como o Groove e alguns flertes com o Metal Industrial, este último ganharia mais espaço em “Diatribes”. O álbum que sucedeu o aniversariante do dia.
O nome original do disco seria “Under Rules“, que é um trecho da letra de “State of Mind”, depois sendo alterado para “Fear, Emptiness, Despair”. Aliás, esse título é em minha opinião perfeito e atual, pelos tempos sombrios em que estamos vivendo.
O então quinteto se reuniu em dois estúdios, por dois períodos durante o ano de 1993 para a gravação do play: entre outubro e novembro, foi utilizado o “Parr St. Studios”, em Liverpool; já nos meses de novembro e dezembro daquele mesmo ano, foi utilizado o “Jacob Studios”, localizado em Surrey, nas redondezas de Londres. Com produção de Pete Coleman e com a própria banda co-produzindo, tivemos um grande álbum concebido.
A brutal “Twist the Knife (Slowly)” abre os trabalhos e essa é a minha faixa favorita do NAPALM DEATH. Tudo isso se deve por ela ter sido a primeira música da banda que eu escutei, através da trilha sonora do filme “Mortal Kombat“. Ela não é rápida, ao contrário, é cadenciada, mas com um peso impressionante.
“Hung” dá sequência a pancadaria sonora, aqui com riffs bem grooveados e que ficaram muito bons e no meio, o Grindcore da banda dá as caras, deixando a música com a cara da banda. A veia punk dá as caras em “Remain Nameless“, uma música rápida e pesada ao extremo, com passagens atmosféricas.
A faixa quatro, “Plague Rules” é outra que habita meu top 5 das músicas do NAPALM. Uma música bem densa e pesada, com riffs simples, mas que caíram muito bem. E a veia Grind da as caras por aqui também, mesmo que por breves instantes.
“More Than Meets the Eye“, outra faixa que íntegra o meu “Greatest Hits” do NAPALM DEATH. Trata-se de um som bem intrincado, e com muito peso. Já “Primed Time” começa bem Core, mas logo sofre uma mudança de andamento onde o Groove se faz muito presente.
“State of Mind” é bem moderna e já é um esboço do que a banda iria fazer em seu sucessor, “Diatribes“. O disco que estava indo bem, sofre um pequeno revés.
“Armageddon X 7” é carregada de atmosfera e também bons riffs, enquanto que “Retching on the Dirt” traz mais Groove se juntando ao peso e o caos sonoro que os caras conseguem provocar. Ainda tem espaço para os blast beats no final da música.
“Festing on Deception” começa arrastada e densa e cresce ainda mais a medida que se desenvolve. Sonzaço.
“Throwaway” é rapida, ríspida, nervosa. Trilha sonora do caos e da destruição. Outra que faz parte do meu rol das favoritas e fecha com chave de ouro esse verdadeiro petardo.
E em pouco mais de 38 minutos, temos um disco direto, reto, pesado, brutal e agressivo, porém, com um pé na modernidade, o que aqui não chegou a ser ruim. Em “Diatribes” eles errariam a mão, mas logo logo tratariam de reconstruir sua ótima reputação, reputação essa que a banda preza, não só na parte musical, mas também na parte lírica, já que a banda não esconde de ninguém as suas posições políticas, que se distanciam de governantes como por exemplo Donald Trump e Jair Bolsonaro.
“Fear, Emptiness, Despair” é o álbum que alcançou a melhor posição na “Billboard”, categoria “Heatssekers Albuns” ; a banda ficou na 22ª posição. No chart da Alemanha, o álbum alcançou a posição de número 78, dentre 100 álbuns listados. São números que devem ser considerados e comemorados.
A minha relação com esse álbum é de muito carinho, pois foi o primeiro álbum da banda que eu comprei e escutei, após ter me interessado pela faixa “Twist the Knife (Slowly)”, E apesar de reconhecer a importância de outros discos como o “Scum”, “Utopia Banished” ou “From Enslavement to Obliteration”, eu enumero o “Fear…” como sendo o meu favorito de toda a carreira do NAPALM DEATH. Então, não tenho como separar a parte analítica do meu gosto pessoal.
Enfim, um ótimo álbum que vai envelhecendo bem e uma boa opção para se escutar neste domingão. Desejamos uma longa vida ao NAPALM DEATH. E não se esqueça de seguir as orientações da OMS e fique em casa.

Fear, Emptiness, Despair – Napallm Death
Data de lançamento: 31/05/1994
Gravadora: Earache Records
Tracklisting:
01 – Twist the Knife (Slowly)
02 – Hung
03 – Remain Nameless
04 – Plague Rules
05 – More Than Meets the Eye
06 – Primed Time
07 – State of Mind
08 – Armageddon X 7
09 – Retching on the Dirt
10 – Fasting on Deception
11 – Throaway
Lineup:
Mark “Barney” Greenway – Vocal
Jesse Pintado – Guitarra
Mitch Harris – Guitarra
Shane Embury – Baixo, Guitarra
Danny Herrera – Bateria