“Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes”. Essa frase foi proferida pelo gênio da Física, Isaac Newton. Evidentemente, a mesma não tem nada a ver com Death Metal, mas serve para exemplificar a forma como o estilo evoluiu para chegar até aqui… e como isso se refletiria no futuro a partir dele.

Newton quis dizer que, todos os avanços científicos que lhe são atribuídos, só foram possíveis porque ele já possuia uma ampla base teórica a partir da qual poderia prosseguir, fornecida pelos mestres que lhe precederam. Na evolução da música também não é assim? Enquanto se discute se a origem do Death Metal pertence ao Possessed ou ao Death, podemos começar a fazer o caminho inverso e ver que, em retrocesso, havia o Sodom, o Celtic Frost e – indispensável incluir – os brasileiros como Vulcano, Sepultura e Sarcófago. Retroagindo, passamos pelo Venom, Motorhead, Black Sabbath… Enfim, não há nada que se origine do vácuo. Tudo advém do somatório de ideias e ideias acumuladas ao longo do tempo. E quando se chega a um determinado resultado, como o álbum “Altars of Madness”, do Morbid Angel, sabe-se que ele irá integrar o ombro que servirá de base para que as gerações seguintes possam enxergar suas próprias revoluções.

A banda de Chuck Schuldiner já possuia dois discos lançados quando o nosso objeto em foco emergiu das trevas, mas “Altars of Madness”, o disco “A” do Morbid Angel, tem méritos para estar nas primeiras páginas do dicionário do estilo. Possuindo uma das formações mais efetivas que a banda já teve, aliás a única que permaneceu inalterada por dois discos seguidos, o grupo era, olhando em retrospecto, uma espécie de dream team do estilo, sendo que David Vincent e Pete Sandoval, o mestre dos blast beats, conseguiram a proeza de, no mesmo ano, desencadear dois alicerces históricos do extremismo musical, com este álbum e com “World Downfall” do Terrorizer.

As intervenções de guitarra em “Immortal Rites” bebem na fonte de “The Exorcist” do Possessed. Cada faixa deste trabalho renderia um capítulo à parte sobre o desenvolvimento do Death Metal, mas “Lords of All Fevers and Plague” não possui parâmetros de comparação. A sua métrica silábica, as invocações em aramaico, a malignitude cósmica de H.P. Lovecraft! O álbum foi criado em sua quase plenitude através das colaborações de Vincent com Trey Azagthoth, mas esta música é uma das que foram desenvolvidas individual e brilhantemente pelo soturno guitarrista.

“Maze of Torment” é uma avalanche de alternância entre riffs velozes e partes cadenciadas, intercalados por solos na escola Hanneman/King. “Chapels of Ghouls” reforça o seu título com a melodia fantasmagórica executada em sua parte central, fazendo paridade com o reverb da voz de Vincent e espalhando imundície e precisão na mesma medida, representadas na catarse de “Blasphemy”.

“Altars of Madness” é um passeio de montanha russa pelas encostas do inferno, durante o qual você replicará cada expressão dos espectros compactados na ilustração da capa. Ao longo do trajeto, você irá se apavorar e gritar insandecidamente, mas no final entrará na fila para repetir o percurso.

Formação

David Vincent – vocal, baixo

Trey Azagthoth – guitarra

Richard Brunelle – guitarra

Pete Sandoval – bateria

Músicas

01 Immortal Rites

02 Suffocation

03 Visions from the Dark Side

04 Maze of Torment

05 Lord of All Fevers & Plague

06 Chapel of Ghouls

07 Bleed for the Devil

08 Damnation

09 Blasphemy

10 Evil Spells

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