Em reportagem escrita por Lucas Brêda da Folha de São Paulo, o ministro da Justiça, Sergio Moro, requisitou a abertura de inquérito contra quatro artistas de um coletivo de Rock de Belém do Pará, o Facada Fest.
Segundo a investigação, os supostos crimes cometidos pelos organizadores, vão contra a honra do presidente Jair Bolsonaro, além de apologia ao homicídio. Integrantes das bandas, THC, Delinquentes, Filhux Ezkrotuz e produtores do evento, foram interrogados nesta quinta-feira (27), pela polícia Federal, em Belém.
A Polícia Federal em conjunto com o Ministério Público, estão analisando os depoimentos para definir se ações penais serão movidas contra os responsáveis pelo evento.
O motivo para o início desta investigação, são os cartazes utilizados nas edições de 2017 e 2018, onde em um deles, Bolsonaro é representado pelo palhaço Bozo, que é empalado por um lápis. Em outro, o presidente aparece vomitando fezes sobre uma floresta em chamas, com um bigode de Hitler, uma cueca com a bandeira norte-americana e uma arma na mão. Uma terceira arte, mostra Bolsonaro esfaqueado na cabeça.
Em seu despacho requisitando a abertura de investigação, Moro afirma em várias partes acusações do coletivo punk:
- “Elementos que indicam a prática, em tese, de crime contra a honra do Sr. Presidente da República
- Clara apologia ao atentado criminoso sofrido por Jair Bolsonaro durante campanha eleitoral, que quase tirou sua vida
O artista responsável pelas artes, Paulo Victor Magno, revela o teor elaborada para os cartazes do Facada Fest:
- “Estávamos no meio do desmonte da educação, de problemas com os ministros Ricardo Vélez e Abraham Weintraub, por isso, me deram essa ideia de fazer o lápis, que representa a educação, derrotando essa palhaçada. É por isso que é um palhaço, porque representa essa ignorância”.
Sobre estar incitando o crime com suas artes, Magno diz:
- “Não tem nada a ver com apologia ao crime ter feito uma coisa tão caricata daquele jeito, né? Não tem incitação de matar ninguém. Não passamos a ideia de fuzilar oposição. ”
Vale ressaltar que o festival Facada Fest, utiliza esse nome desde 2017, enquanto Bolsonaro foi vítima da facada durante campanha eleitoral de 2018.
Josy Lobato, fundadora do coletivo e idealizadora do nome Facada Fest, é também musicista das bandas Klitores Kaos e THC, e revela os motivos da criação desse projeto musical:
- “Queríamos algo simples e roqueiro. Não é algo que incite violência. É o meio do Rock, do Metal, um tipo de comunicação que não leva em consideração essa moral cristã. ”
Essa notícia do Facada Fest ganhou toda essa notoriedade em dois pontos cruciais. A primeira delas foi as publicações feitas pelo deputado e filho de Bolsonaro, Carlo Bolsonaro, protestar em seu twitter, alegando que isso era artimanhas da “putaria da esquerda” e solicitando que ações fossem tomadas de imediato antes que fosse tarde demais.
O segundo ponto e o que está gerando todo esse entrevero com a cena underground, foi a solicitação de uma representação criminal pedida pelo presidente do Instituto Conservador, Edson Salomão, onde o tópico principal é investigar os organizadores do Facada Fest e apontar uma relação dos cartazes e postagens com o atentado sofrido por Bolsonaro em setembro de 2018.
O MPF paulista encaminhou a representação para seus pares no Pará, que, por sua vez, levara o assunto à Procuradoria Geral da República, para que esta consultasse o Ministério da Justiça, que tem como chefe principal o Ministro Sergio Moro que já requisitou a abertura de inquérito contra quatro dos organizadores do Facada Fest.
Fonte: Folha de São Paulo
Matéria completa: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/02/sergio-moro-pede-inquerito-contra-punks-de-belem-por-cartazes-anti-bolsonaro.shtml