Seu início é regido por uma sonoridade eletrônica sintética de pronúncias curiosamente pipocantes. Na companhia de um beat minimalista, baseado em golpes espaçados que produzem sons levemente estridentes, a faixa começa a ganhar um estímulo perante o contágio graças aos pulsos firmes entoados pelo bumbo de forma singelamente trepidante.
Conforme se desenvolve, porém, a canção é agraciada pela presença de uma guitarra que, sem qualquer sinal de timidez ou reprendimento, insere no ecossistema texturas ácidas e ásperas que acabam contribuindo para a elucidação de um contexto pautado no desenho sonoro do sci-fis. Mantendo uma mesma base melódica, a canção se apoia no sintetizador para criar sonoridades mais agudas que se sobressaem perante as demais e, ainda, sejam capazes de oferecer ligeiros vislumbres harmônicos.
O interessante, nesse contexto, é notar que a composição consegue explorar a tensão e o sombrio como forma de anteceder a inesperável presença do conteúdo lírico. Por mais que ele se apresente de forma automática, programada e digitalizada, ele existe e reforça a temática sci-fi trazida pelo conteúdo instrumental. Ao mesmo tempo, porém, ele é capaz de sugerir as primeiras noções lúcidas a respeito da temática da mensagem fornecida pela obra.

Diante do depoimento dessa voz que parece ser de posse de uma mulher, o ouvinte tem acesso a uma experiência de vida traumática e, portanto, dramática, tornando o viés sonoro conjuntural ainda mais atordoante. E o curioso é que esse adjetivo é engrandecido não somente pelo lirismo, mas, essencialmente, pelas transformações sofridas pela cadência do beat. Ela consegue tornar a obra em um produto alucinante e até mesmo claustrofóbico em determinados momentos.
Nesse ínterim, em virtude da desenvoltura da guitarra, o metal pode ser encontrado dividindo harmonicamente um espaço ao lado dos sons sintéticos. Não que a canção acabe alcançando o feito de adquirir, para si, uma paisagem sônica semelhante aquela criada pelo Hollywood Undead, mas, de fato, ela se vangloria de juntar texturas de aparência dissincrônica e torná-las minimamente sintônicas entre si.
Com direito ainda a uma voz masculina encorpada, agora também dividindo o espaço com aquele timbre de caráter feminino, a canção faz, do caos, a sua identidade máxima. Com a proposta de dialogar, ou melhor, explorar abertamente o sombrio e o secreto mundo das experiências de controle mental através de uma estrutura documentarista que faz o ouvinte perceber a sua natureza através das vibrações melódicas, Mind Control Techniques destaca a atitude do Leather Laces em defender o software Shoe a todo o custo.
Mais informações:
Spotify: https://open.spotify.com/intl-fr/artist/25aU8Oatp7ohNVdK2JgKwr