Este é o primeiro disco do artista londrino Micah Rose-Trespeuch. Micah tem formação clássica, por isso não estranhe se no disco todo notar alguns elementos eruditos, mesmo a proposta aqui não sendo exatamente essa. No álbum, intitulado “Coughing Up Blood”, o inglês traz todo um conceito por trás e sonoridades que se interligam, quase beirando uma ópera rock.
Com apoio do talentoso produtor Julien Baraness e o excepcional baterista Gaetan Allard, ele entrega um disco coeso, que transita por diversos estilos e consegue soar homogêneo, mesmo contendo diversos detalhes. Este é um dos grandes trunfos de Micah, que traz referências do rock, rock progressivo e classic rock, mas numa roupagem moderna que faz com que tudo soe muito atual.
O tema é a coisa mais tocante do trabalho. Nas letras, Micah mergulha em experiências profundamente pessoais, desde a perda do pai até a experiência de lidar com desgostos e autodescoberta. Elas acabam gerando sensações de resiliência e catarse, revelando uma verdadeira viagem sonora, musical e espiritual que, ao menos, mesmo se não gostar do disco, soará marcante e nunca será esquecido.
Fãs de Queen, passando por Pain of Salvation, Deadsoul Tribe, até Pink Floyd e Dream Theater, este último em seus momentos mais dramáticos, irão se identificar, pois é assim que “Coughing Up Blood” nos remete. Em suas dez composições, que se espalham em pouco mais de 36 minutos, o disco nos dá uma aula de melodia, lapidação, timbragem e progressão, tudo de uma forma leve e natural.
E, se formos notar a objetividade das músicas, perceberemos o quanto Micah consegue explorar diversos elementos em um curto espaço de tempo, revelando aí mais uma de suas facetas, ser direto e complexo ao mesmo tempo. Isso prova que não precisa ser maçante para exercer a técnica.
As faixas possuem em comum a condução por parte de um piano moderno, de abordagem popular, com fundos eruditos que o deixa mais requintado, mas nada que soe ‘cult’ demais. Ele é acompanhado, em momentos esporádicos, por uma guitarra levemente distorcida e uma sessão rítmica densa na medida certa, que não extrapola seus limites e se encaixa perfeitamente à proposta.
Destaque para faixas como “Demons”, “Love & Passion”, “Broken” (bem influenciada por Queen) e a belíssima balada clássica “Peace”, que fecha o disco magistralmente. Mas, confesso que fiquei muito em dúvida ao apontar estes destaques, porque o disco tem uma média muito acima entre as músicas. Ouça e comprove.
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