Metallica: Ulrich fala sobre o sucesso do “Black Album”

O baterista do Metallica, Lars Ulrich, foi entrevistado no último episódio do podcast Pop Shop da Billboard.com. Katie Atkinson, co-diretora das paradas da Billboard, conversou com Ulrich sobre o aniversário de 25 anos do álbum homônimo do grupo, popularmente conhecido como “Black Album”, que estreou na primeira posição da The Billboard 200 de 31 de agosto de 1991. O disco reina como álbum mais vendido dos Estados Unidos durante toda a era Nielsen Music (1991-presente), com incríveis 16,4 milhões de cópias vendidas. Você pode ouvir ao podcast na Billboard.com. A tradução de alguns trechos da conversa pode ser lida abaixo.

Sobre o grande sucesso do “Black Album” do Metallica:

Ulrich: “Quando eu olho para trás, não foi como se acordássemos um dia e de repente estivéssemos no meio disso tudo. Foi nosso quinto disco, e parecia como se o caminho que estivéssemos foi meio que… Cada disco fez um pouco mais de sucesso do que o anterior e a turnê ficou maior e nós ficamos mais sob o holofote, e tanto as coisas boas e ruins que vem com isso. Mas ainda foi um processo que, na época que chegamos ao ‘Black Album’, tínhamos dez anos de carreira. Alguns de nossos colegas na época, como o Guns N’ Roses ou Pearl Jam ou, acho que de certa forma, Nirvana… Tanto o Pearl Jam quanto o Guns N’ Roses lançaram seus primeiros discos, que estouraram e venderam trocentas mil cópias, e então eles meio que tiveram que lidar com uma grande mudança em tudo. Nossa coisa foi mais gradual. Então eu gosto de pensar que na época que atingimos os níveis sem precedentes de sucesso que o ‘Black Album’ nos trouxe, que estávamos meio que acostumados a lidar com muitas das coisas boas e não tão boas que vem com isso, quando surge esse tipo de situação.”

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Sobre fazer o álbum homônimo do Metallica:

Ulrich: “Nós sabíamos quando estávamos fazendo o disco que havia um certo alinhamento dos planetas ou das estrelas ou o que for. Nós tínhamos algumas músicas que… Nós nos preparamos para escrever músicas mais curtas depois de levar o lado progressivo do Metallica o mais longe que achávamos que podíamos com o álbum ‘…And Justice For All’. Então escrever músicas mais curtas, e se sentir surpreendentemente confortável com isso, e então a adição do [produtor] Bob Rock, que nos ajudou… Sabe, nos guiar pelo processo de gravação por cerca de um ano, que nem sempre foi sem complicações e tal. Mas nós todos sabíamos que a dinâmica entre Bob e essas músicas e eu acho que seja lá o que estávamos trazendo com isso, era algo especial, e também com as mudanças que estavam acontecendo no rock e na cultura e o papel que a MTV estava tendo e assim por diante, tudo meio que se alinhou. Eu acho que considerando como toda a coisa poderia descarrilhar e implodir, nós lidamos bem. Nós meio que superamos e vivemos para contar a história, sabe. [Risos]”

Sobre o papel que a MTV teve no sucesso do Metallica:

Ulrich: “A coisa mais importante para nós, e acho que o mais importante disso, foi que nós sentimos que não nos vendemos ou alteramos artificialmente o caminho em que estávamos. Nós sentimos que a MTV… Sentimos que o mainstream estava se movendo em direção aonde estávamos. Nós sempre nos consideramos meio que autônomos e obviamente bem fora do centro e vivendo em nossa pequena bolha, e quanto mais sucesso fazíamos, mais o mainstream meio que se abria para quem éramos e vinha até nós, e sentimos que o mainstream estava nos abraçando em nossa posição, fora do centro, ao invés de nós abandonarmos quem éramos ou ir e encontrar a MTV no centro do universo deles.”

Sobre o disco homônimo do Metallica ser o álbum mais vendido dos últimos 25 anos nos Estados Unidos:

Ulrich: “Eu acho que você pode colocar isso na categoria ‘caralho’. Há tantas coisas inerentemente bizarras nessa frase ou nesse fato que eu nem sei por onde começar. Se você apenas considerar quem nós éramos por boa parte dos anos 80 e como permanecemos por boa parte do resto de nossa carreira e como nós sempre nos vimos como pessoas de fora. Digo, obviamente, eu não sou ignorante o suficiente para não entender o que você está falando, mas nós vivemos aqui na Bay Area [de São Francisco] e não nos envolvemos em tudo que acontece em Nova Iorque e em Los Angeles. Eu acho que há algo na Bay Area que nos mantém com os pés no chão, e ainda temos um senso de realidade bem decente, e nós nos forçamos a priorizar nossas família e ter uma vida mais normal possível de São Francisco. Nós estamos felizes e orgulhosos das escolhas que fizemos. Então, sabe, para um bando de pessoas que ainda se sentem como se fossem crianças e para um bando de pessoas que ainda se sentem como se nunca realmente se encaixaram nas coisas que rolam ao redor delas, é bem legal poder ter uma estatística como essa que você mandou pra mim, e meio que saber que estamos bem lá no topo. Eu não sou muito um cara nos termos de ser ‘número 1’ ou ganhar ou essas coisas meio sem sentido – significa cada vez menos para mim com o passar da idade – mas, obviamente, é algo bem legal de ter em seu arsenal, ou em sua lista de estatísticas. Eu acho que as crianças estão bem orgulhosas disso, então é tudo bem legal.”

Sobre o “Black Album” ainda ter vendas constantes, com o disco vendendo cerca de cinco mil cópias toda semana nos Estados Unidos, 25 anos após o seu lançamento:

Ulrich: “Ouça, é obviamente incrível. Nós viajamos ao redor do mundo, e pelo mundo todo vemos fãs jovens ainda vindo aos shows do Metallica e ainda nos dando uma sensação de sentir relevante e nos encorajando e, de certa forma, eu acho, nos forçando a nos dar o melhor e assim por diante. Digo, é bem incrível que cinco mil pessoas ainda comprem esse disco [toda semana nos EUA], e eu gostaria de encontrar, tipo, o número 3267 da semana passada. Quero dizer, quem é essa pessoa? Você já não o tinha? Você está apenas substituindo a sua cópia antiga? Você apenas acabou de aparecer no nosso radar? Digo, ouça, eu acho isso incrível. Números como esse apenas são tão estranhamente abstratos para mim, que eu nem sei o que fazer com eles. E certamente eu posso dizer que tirando quando estou fazendo um entrevista sobre isso, é obviamente algo que eu não carrego comigo por aí. Mas na última semana, recebi alguns cumprimentos de um grupo de amigos e alguns e-mails me parabenizando pelo sucesso do disco e os 25 anos e tudo isso, então é certamente legal… É legal ter um disco como esse em seu catálogo e é legal, obviamente, ser parte de continuamente fazer diferença na vida das pessoas. Alguém me disse outro dia que comprar o ‘Black Album’ foi quase um rito de passagem entre ser uma criança e entrar na adolescência ou o que for. Então eu fico feliz com qualquer uma dessas estatísticas.”

Fonte: Metal Remains

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