METALEIROS DE PÉ RACHADO: O CENÁRIO DO METAL NO
CERRADO
Jean Carlos Souza Dantas[1]
“Faz o que tu queres.” Raul Seixas
Resumo
Este presente artigo procura investigar de que forma a cultura Heavy Metal sobrevive no Cerrado? Esta indagação é propícia ao que estabeleceremos nas próximas linhas como uma tentativa de resolução da mesma e instrumento para conhecermos esta estética também presente por estas paragens. Deste modo utilizaremos a Consciência e Narrativa Histórica em sua forma crítica possibilitando um entendimento em relação a tradição instituída pela música sertaneja e a vontade de modificação deste cenário pelo amante do Metal, ser cosmopolita e ético regido por um sentimento de coletividade.
Palavras-chave: Heavy Metal; Cerrado; Consciência Histórica; Contra Cultura; Cosmopolitismo.
Abstract
This present article seeks to investigate how the Heavy Metal culture survives in Cerrado? This question is conducive to the next lines we will establish as an attempt to solve the same instrument, and to know this aesthetic also present in these parts. Thus we use the Consciousness and Historical Narrative in his critically enabling an understanding regarding the tradition established by the country music and willingness to modify this setting by Metal lover, be cosmopolitan and ethical governed by a sense of collectivity.
Keywords: Heavy Metal; Cerrado; Historical Consciousness; Counter Culture; Cosmopolitanism.
INTRODUÇÃO: A FITA DO DESTINO
Para entendermos a dimensão do objeto aqui abordado partiremos de experiências pessoais para elaborar minha argumentação, possibilitando um trânsito temporal que encaixe as particularidades empíricas do indivíduo a uma coletividade em torno da cultura Metal imbricado aos nossos vários territórios.
Num país com dimensões continentais como o nosso percebemos a relevância cultural característica de nossa população expandida por nossas cinco regiões, essas várias manifestações e formas de percepção do mundo são singulares em nosso vasto território no qual a tradição é legitimada e as mudanças muitas vezes não são aceitas facilmente.
A estética musical tão presente nestes vários estados compõe os horizontes longínquos do Brasil e do norte ao sul estilos musicais próprios foram incorporados e assimilados por nossa população, mas o que percebemos é que estes tipos musicais são mais ou menos presentes em determinadas cidades e comarcas, devido principalmente a uma multiculturalidade intrínseca a nossa formação como nação.
Mas a experiência no tempo promove suas particularidades, pois ser lançado do interior do Pará para Teresina proporcionou-me ainda no ginásio um primeiro contato com um universo ainda desconhecido e que por meio de um amigo esta ponte que abstraia o garoto católico de Altamira do agora urbano adolescente da capital do Piauí seria transposta, fazendo com que um novo olhar sobre o mundo surgisse e dali por diante o modo de vida que eu concebera modificar-se-ia drasticamente.
Uma simples fita cassete entregue em minhas mãos no advento da década de 1990 faria toda a diferença, afinal não tratava-se apenas de música, esta mídia continha gravações de bandas que influenciariam o modo de ser e de pensar de todo um movimento contra cultural, e assim no Colégio Sinopse da capital piauiense, situada na região nordeste, onde outros estilos de musicalidade estão impregnados à muito, o Metal seria-me apresentado juntamente com seu contexto tribal, filosófico, ético e religioso. Assim é exposto na produção visual Metal: “Em 1986, aconteceu uma coisa estranha. O heavy metal se tornou a música mais popular do mundo. E em todo lugar, via-se a garotada deixando o cabelo crescer… fazendo o sinal de chifres do diabo e tocando “air guitar”.
(0:00:53);
Neste processo empírico conheci e fruí o Heavy Metal nesta cidade, mas várias mudanças ocorreram no meu cotidiano e por motivações variadas desbravei nove cidades e sete estados além de ter o conhecimento é claro de outras localidades, deste modo consegui carregar comigo aquele sentimento poderoso de liberdade que a dimensão metaleira nos traz, pois aonde quer que você esteja esta cultura está presente como uma rede interligada e que no reconhecimento destes pares jamais estive sozinho.
São nas grandes cidades e centros cosmopolitas principalmente que percebemos a comunidade headbanger[2] que também está inserida nos interiores, em menor proporção é verdade, mas voltada contra a mesmice cultural que assola o país e que nesta sede por modificações estéticas interliga uma ideologia de vida que trafega mesmo que por um bar à beira da estrada no Tocantins até os grandes shows que ocorrem em São Paulo dos deuses do Metal.
Altamira, Macapá, Timon, Teresina, Colinas do Tocantins, Gandu, Salvador, Aparecida de Goiânia e Goiânia, em cada uma destas localidades vivenciei o Heavy Metal e seus subgêneros em sua essência e plenitude ou a falta do mesmo e escassez. Minha adaptação seria muito mais fácil nas capitais por possuir adeptos deste movimento em grandes quantidades, shows e eventos que reúnem e fortalecem este estilo de vida, enquanto que nos interiores esta estética torna-se menos consumida e mais discriminada devido a tradição enraizada nestas comarcas e evidentemente o número de aderentes bem mais reduzido, além dos lugares de consumo quase inexistentes, fato este que a internet conseguira amenizar na contemporaneidade.
O imaginário em torno do Heavy Metal coloca-o como uma espécie de filho rebelde do Rock and Roll, este sempre fora traduzido para a sociedade como algo nefasto e impuro, desta forma os apreciadores deste estilo foram condenados a viverem à margem e nem por este motivo a estética em questão tornou-se uma moda vazia e passageira, algo bem presente na cultura musical atual, mas ao contrário tornou-se poderosa e vivenciada trezentos e sessenta e cinco dias por ano no cotidiano de seus adeptos ou no underground[3] comumente conhecido.
Desde os anos 90 o meio social que escolhi foi dimensionado pelo espírito e estilo de vida inerente ao universo Metal, amigos musicistas e admiradores de um mundo completamente antagônico ao fútil modismo que as grandes gravadoras impõem a massa menos crítica e tradicionalista, nesta conjuntura presenciei grandes espetáculos e apresentações tanto de bandas regionais quanto as turnês internacionais dos grandes expoentes do Rock Pesado, tanto nas cidades em que residi quanto nos grandes centros que proporciona essa manifestação contra cultural com mais intensidade.
Em Teresina os grandes shows ainda não ocorriam e as bandas locais e contratadas de outros estados promoviam o subterrâneo deste gênero, assim em termos de importância presenciei shows com o Megahertz e outros grupos locais e ainda Insanity de Fortaleza, The Cross de Salvador e The Mist de Belo Horizonte que contava com Jairo Guedz, guitarrista que fez parte da primeira formação do Sepultura, deste modo a percepção que obtivemos é que tratava-se de um circuito bastante regional e sem o investimento necessário para que nomes expressivos deste meio pousassem em terras piauienses, mas ao contrário de Teresina a capital baiana contava com um underground muito mais forte e organizado inclusive com um festival que ocorria durante o carnaval, o Palco do Rock de Salvador trazia bandas locais e de outras regiões para se apresentarem durante estes quatro dias, cada noite recebia um subgênero especifico do Heavy Metal, o que atraía um ótimo público.
Em Salvador tive a oportunidade de ir aos shows das locais Mystifier, Headhunter DC, The Cross e várias outras, além de Ratos de Porão, Raimundos, Viper, Stratovarius e Paul Di Anno primeiro vocalista do Iron Maiden, já na capital federal que tem uma cena mais rica em investimentos nas turnês internacionais conferi os shows do Sodom, Nuclear Assault, Obituary, Dying Fetus, Iron Maiden, Black Sabbath, Whitesnake e Aerosmith.
Neste cenário de eventos de grandes e pequenos portes fui ao show do Dorsal Atlântica, uma das melhores bandas do cenário nacional na cidade de Anápolis, em
Goiânia estive em muitos eventos durante este período em que resido nesta e além de presenciar apresentações de uma grande quantidade de bandas regionais como por exemplo o Heaven’s Guardian e Spiritual Carnage participei como espectador de acontecimentos singulares, ou seja, vários espetáculos reunindo bandas consagradas nacional e internacionalmente, são estas: o Korzus, Angra, Krisiun, Sepultura, Dr. Sin, Deep Purple, Cannibal Corpse, Evergrey, Scorpions, Megadeth, Black Label Society e Jeff Scott Soto. Desta forma São Paulo a capital do Heavy Metal no Brasil não poderia deixar de ser visitada e foi nesta que experimentei assistir ao show do Angra e dos pioneiros do Heavy Metal Judas Priest, Whitesnake e Iron Maiden, além é claro de conhecer a Galeria do Rock e os motivos que fazem com que São Paulo seja cosmopolita em sua essência e a metrópole mais relevante para o cosmos metálico em nosso território.
Esse arcabouço apresentado acima foi composto por um empirismo temporal e uma intenção contínua de participar desta comunidade como membro, testemunhando espetáculos desta estética musical que transcende a simples fruição, pois o Heavy Metal e suas ramificações perduram por meio de uma contra cultura que desde o final da década de 1960 eleva esta musicalidade ao campo social, ético, religioso e ideológico, dessa maneira esta filosofia de vida seria implantada também aqui no Cerrado, contendo suas particularidades mas ao mesmo tempo influenciada pelos ícones do meio metálico da Europa e EUA, esta experiência nos revelou uma sociedade que se ajuda mutuamente, uma rede de indivíduos que conformam uma irmandade organizada que se encontra no cotidiano das metrópoles e periferias, nos shows e grandes festivais espalhados mundo afora. Assim é descrito no documentário Metal: a Headbanger’s Journey:
O que faz do metal uma coisa única? O que faz da cultura e dos fãs do metal uma coisa em igual? Acho que, provavelmente, mais que qualquer coisa… o fato de terem se transformado numa incrível grande família de pessoas… que dividem uma coisa que é o metal. Nós simplesmente amamos. É realmente “eles contra o mundo”. É mesmo, acho que isso é importante, e o motivo de estar durando tanto. (1:05:08);
Assim analisaremos o panorama do meio Metal fazendo um recorte temporal e metodológico que abranja o cenário do Cerrado e especificamente Goiânia, Aparecida de Goiânia suas periferias e Brasília, e através da Consciência Histórica Crítica e Narrativa Histórica percebermos as dicotomias entre a tradição sertaneja incrustada nestas paragens e o cosmopolitismo urbano dos indivíduos adoradores da estética Metal, contudo para respondermos a indagação de que forma a cultura Heavy Metal sobrevive no Cerrado?
Abordaremos a música Heavy Metal, a marcha para o oeste do Metal e as características do Metal no Cerrado.
A MÚSICA METAL
A minha experiência pessoal no cerne desta contra cultura fora forjada em localidades diversas, sendo assim, esta viagem pelo cosmos metal representada na introdução deste trabalho foi principalmente no aspecto histórico e social profundamente relevante para observar e traduzir um estilo que para uma grande parte da sociedade soava como uma anomalia estética sem sentido. Estar neste meio fez com que eu enxergasse a sociedade caótica e adestrada de uma forma muito mais crítica, assim, pensar este estilo de vida é obter do tempo-espaço respostas ainda que não definitivas, mas que remontam ao advento de um movimento musical que modificaria as estruturas das mídias até então concebidas.
Deste modo antes da chegada do Metal no Brasil e especificamente aqui no Cerrado a Inglaterra seria o seu berço, um som profano emergiria do velho mundo com suas influências advindas de outras épocas, este seria arquitetado num longínquo subúrbio sujo de uma grande metrópole e uma única nota seria o ponto de partida que abstrairia o Rock and Roll clássico de sua criação mais requintada o Heavy Metal.
Analisando o documentário Metal: a Headbanger’s Journey observamos que as raízes desse estilo podem ser encontradas também na Idade Média e isso não apenas pelo visual e letras de determinadas bandas, mas pelo som que neste período amedrontava as pessoas e era associado a uma presença do Diabo, hoje representado por muitos ícones deste movimento e associado pelo senso comum a todos os grupos de Heavy Metal.
Mas outra indagação frequente é perceber qual a primeira banda que começara a fazer este tipo de música que no final da década de 1960 seria apresentada ao resto do mundo, deste modo o Blue Cheer banda formada em São Francisco está na vanguarda deste contexto pois o peso de sua música, aliada ao seu psicodelismo é apontada por muitos como inventora desta estética, pois eles faziam um blues e hard rock com guitarras pesadas utilizando-se da quinta nota diminuída[4] que seria intensamente propagada por Tony Iommi do Black Sabbath.
Na mesma linha do blues e hard rock psicodélico com guitarras extremas o Led Zeppelin também é associado por muitos como um dos precursores deste tipo musical, formada em Londres no final dos anos 60 esta, juntamente com o Blue Cheer influenciaria muitos musicistas que posteriormente viriam a ser adeptos desta estética aqui discutida e nessa conjuntura seriam um dos pilares para o surgimento do Heavy Metal como podemos perceber no trabalho de Friedlander:
Ao mesmo tempo que os megaastros do pop encabeçavam as paradas, a quarta geração de heavy metal nascia. Juntos, os estilos hard rock e metal encontraram sucesso suficiente para reivindicaram o posto de gênero mais popular do rock na década. Este rock enérgico com base na guitarra – a primeira geração contou com o Who, Cream e Hendrix, a segunda com o Led Zeppelin – desenvolveu, no final dos anos 70, um terceiro estilo chamado de heavy metal. Embora inicialmente fosse um estilo cult, o metal amadureceu e ampliou seu apelo nos anos 80. Em 1989, a revista Rolling Stone propalou que o heavy já fazia parte do mainstream do rock and roll. (FRIEDLANDER, 2003, pp. 379-380); O final da década de 1960 e o início dos anos de 1970 seriam cruciais para o desenvolvimento do Heavy Metal principalmente com o surgimento do Black Sabbath originária de Birmingham e que para os headbangers são os verdadeiros artífices desse tipo de música, pois sua sonoridade e atmosfera eram mórbidas e o trítono regia toda a construção musical de Iommi, morador de um bairro operário do subúrbio este seria um dos guitarristas mais influentes do meio metálico e o Black Sabbath conceberia o acorde primeiro que posteriormente forjaria esta ramificação do Rock and Roll como é descrito no documentário Metal:
Na Idade Média, o trítono foi chamado de música do diabo, porque… aparentemente era o som usado para se chamar a besta. Tem uma coisa muito sexual no som do trítono. Acho que, na Idade Média, o povo ignorante e assustado… quando ouvia alguma coisa assim e sentia a reação em seus corpos… pensava: “Lá vem o diabo”. (0:10:28);
Assim o Black Sabbath seria reconhecidamente no conjunto da obra o maior representante deste estilo apesar da grande relevância também do Deep Purple que teve o advento de suas atividades no ano de 1968 em Hertfordshire, esta tinha uma sonoridade voltada para o blues e hard rock mas em sua essência não soava tão sombrio e oculto quanto o Sabbath e na verdade esta atmosfera se mostrou muito relevante para os seguidores e musicistas dessa comunidade que estava em ampla formação, por este prisma o documentário Metal ainda nos informa: “A meu ver, Black Sabbath reina como a primeira banda de heavy metal. Foi aqui, nas sujas ruas de Birmingham, Inglaterra, em
1970… que o Sabbath levou a música a um lugar mais sinistro e sombrio”. (0:08:35); Nesse contexto o vídeo Metal continua sua explicação:
Desde Black Sabbath… o som do diabo se tornou elemento de definição do heavy metal. Mas o que torna o som do metal diabólico? A escala do blues tem a quinta bemol, o trítono. Esse é o som do diabo. Antigamente, você não podia usar essa nota. Mas “Black Sabbath”, a música-título deles… é toda em cima da quinta diminuta. O trítono. (0:10:06); Os alicerces do Heavy Metal estaria assim cimentado com o quarteto místico do rock pesado, o estadunidense Blue Cheer e o trio inglês Led Zeppelin, Deep Purple e Black Sabbath que em comum sempre operaram por meio das guitarras pesadas e distorcidas, a influência do blues e temáticas místicas e ocultas que não priorizavam o protesto social mas sim arquitetava uma identidade, ética e filosofia de vida que se expandiria até a contemporaneidade, modificando estruturas estabelecidas e se expandindo por todo o globo, desta forma as influências que instituíram o Heavy Metal são bem precisas na análise da produção cinematográfica Metal:
As origens do metal podem ser rastreadas até o blues americano. Que era, claro, uma música oprimida… e que falava para as pessoas que precisavam de algo diferente. É sobre o trabalhador da fábrica saindo do trabalho… querendo que sua energia saísse diferente, de forma divertida… que era deles, e de mais ninguém. (0:17:39);
Além do blues outra influência de suma relevância para o universo do Metal é a música clássica que lapidou esta estética e elevou a dificuldade de se tocar esse tipo musical, pois estes musicistas se tornam exímios em seus instrumentos, diferindo-se principalmente de outros estilos que não necessitam de técnicas mais apuradas para satisfazerem seu público, dessa maneira a produção analisada ainda propõe:
As raízes clássicas do heavy metal são razoavelmente óbvias. E eu diria que a maioria dos praticantes, dos muito bons… são fãs da música clássica sombria. E, em alguns casos… a sombria e poderosa música clássica pesada, como Wagner. Ele praticamente remodelou a orquestra.
Ele adicionou as tubas, os graves extras… o “octabass”… que é um contrabaixo duas vezes maior… e precisa de 2 pessoas para tocá-lo. (0:14:46);
E ainda é exposto neste:
Música clássica é associada com universidade… com aprendizado e tudo. Bach não fez faculdade, nem Mozart. Artistas virtuosos que eram conhecidos como improvisadores. Isso descreve tanto Bach quanto Eddie Van Halem. (0:15:59);
Neste arquétipo a música Metal continua a se desenvolver nos anos 70 juntamente com seus fundadores que seriam as grandes influências para as ramificações do Heavy Metal que surgiriam posteriormente, agora consolidado este movimento musical alcançaria jovens de todos os pontos do planeta, em meados dos anos de 1980 uma invasão do Metal proporcionou modificações que assustariam a sociedade e as autoridades que não sabiam lidar com seus próprios filhos e as temáticas que o Heavy Metal abordava: “Grupos religiosos começaram uma cruzada contra o heavy metal. Temeram que fosse obra do demônio… e criasse uma epidemia demoníaca entre adolescentes”. (0:01:37);
E ainda sobre o novo movimento metálico da década de 1980 o documentário estudado nos informa: “Maiden fazia parte da New Wave de heavy metal britânico… um movimento erguido sobre o que as bandas anteriores deixaram. Eles faziam um som mais rápido, pesado… e mais melodioso que seus antecessores”. (0:12:28); O que podemos concluir também do trabalho de Friedlander:
Em meados dos anos 70, o Judas Priest acrescentou uma segunda guitarra à formação da banda, acelerando as músicas, que passou a ser conhecida pelo seu visual de motoqueiro e roupas de couro. O Iron Maiden, chamado assim por causa de um instrumento de tortura medieval, continuou a explorar os temas de depressão e juízo final junto com imagens do anticristo, como em seu álbum Number of the beast (1982). O Def Leppard era muito cuidadoso nos detalhes de estúdio e utiliziva teclados e efeitos especiais para aproximar – se do mainstream musical e aumentar o sucesso comercial. (FRIEDLANDER, 2003, p. 381); A New Wave of British Heavy Metal na verdade foi uma invasão inglesa metálica que contaria com inúmeras bandas que chegariam ao estrelato ou ficariam ocultas no esquecimento, mas que na década de 80 transformariam a comunidade envolvida com o metal e solidificaria a Inglaterra como um verdadeiro santuário dos deuses deste estilo, grupos como o Iron Maiden, Saxon, Def Leppard, Raven, Tygers Of Pan Tang, Angel Witch, Samson, Jaguar e vários outros exportaram para o resto mundo uma nova forma de concepção da estética aqui analisada, agora esta mídia alcançava um público muito maior graças a esta bandeira erguida por estas bandas que utilizaram-se dos primórdios do Heavy Metal, ou seja anos 60 e 70 para consolidar uma contra cultura como identidade no cotidiano destes indivíduos, então verificamos em Rüsen:
A resistência dos homens à perda de si e seu esforço de auto-afirmação constituem-se como identidade mediante representações de continuidade, com as quais relacionam as experiências do tempo com as intenções no tempo: a medida da plausibilidade e da consistência dessa relação, ou seja, o critério de sentido para a constituição de representações abrangentes da continuidade é a permanência de si mesmos na evolução do tempo. A narrativa histórica é um meio de constituição da identidade humana. (RÜSEN, 2001, p. 66);
Com o alicerce desta cultura entalhada nas décadas de 60, 70 e 80 seus ícones se tornaram lendas e apesar de algumas perdas muitos desses estão em atividades na contemporaneidade, assim a evolução do Metal segue pelos anos de 1990, 2000 e 2010 sempre com suas bases voltadas para seus disseminadores e mesmo quando sua morte fora anunciada por várias vezes um apaixonado grupo de músicos e fãs seguem fazendo do underground um meio de regeneração e movimentação das múltiplas vertentes e subgêneros que floresceram durante estas décadas como é exposto no trabalho de Dantas:
Dentro destas propagações do rock que foi gerado por meio do blues e jazz podemos discorrer que desde meados dos anos de1950 são muitas as subdivisões e as mesmas tornam – se mais ou menos populares de acordo com a década e a situação política, econômica, social e religiosa que a população principalmente a jovem está inserida, deste modo podemos citar algumas proliferações do rock que são: o Rock Nacional ou Pop Rock, Rockabilly, Ska, Punk Rock, Hard Core, Gótico, Gothic Metal, Rock Progressivo, Hard Rock, Heavy Metal que é um estilo do rock e possui muitas variações como o Heavy Metal Melódico, Power Metal, Heavy Metal Tradicional, Grind Core, Thrash Metal, Death Metal, Death Thrash, Black Metal e Doom Metal, sendo que em cada subtipo essencialmente na linha Heavy Metal existem mais modificações em seu interior, além destas mutações aludidas temos ainda o Industrial que é uma mistura do Metal com elementos eletrônicos, o Grunge que foi um estilo concebido em Seattle e teve seu auge nos anos 90, o Indie Rock, a New Wave ou Pós – Punk e o New Metal. (DANTAS, 2011, p. 31); Esta conjuntura estabelecida acima amplia o alcance da comunidade headbanger pois ela estaria inserida por meio da indústria fonográfica nos principais centros urbanos do planeta, um cosmopolitismo e modo de vida inerentes a seus representantes máximos que intencionam a propagação do Heavy Metal e seus subgêneros para manter uma irmandade com consciência crítica em relação as culturas estabelecidas que sempre abominaram o Metal e seus seguidores, com isso é neste nível que ocorre as altercações entre uma sociedade secular e um movimento ideológico e musical em pleno desenvolvimento, relações estas mais que relevantes para a formação de sua própria identidade cultural. A este respeito é explanado por Rüsen:
Tendo-se presente que as histórias tornam consciente a identidade de seus destinatários como permanência no fluxo do tempo e que, mediante essa função, constituem essa identidade, o argumento fica claro. A identidade é, contudo, uma relação dos homens e dos grupos humanos consigo mesmos, a qual se põe, por sua vez, em relação com os demais homens e grupos humanos. (RÜSEN, 2001, pp. 86-87);
A MARCHA PARA O OESTE DO METAL
No Brasil a invasão metálica ocorreria em meados da década de 1980 principalmente após o final da ditadura militar e abertura política ocorrida em 1985 que proporcionaria o acontecimento de grandes festivais que contariam com a presença destes mitos do Metal, fazendo com que esta estética se fortalecesse cada vez mais em metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro que possuíam um underground ativo estando na vanguarda das publicações que seriam distribuídas para os outros estados de nosso país e funcionariam como elemento difusor dessa contra cultura em nosso território, deste modo identificamos em Dantas: Nesta “Ditadura Militar” a censura determinava limites ao indivíduo que pouco se arriscava em uma crítica mais severa em relação ao governo militar, mas devido à queda desse regime emerge em alguns centros urbanos protestos, que por meio da música e em especial o “Rock and Roll” dissemina um pensamento cultural que difere amplamente dos anos de 1950, 1960 e 1970. (DANTAS, 2011, p. 24);
E em relação ao cosmos do underground poderemos identificar na produção visual Metal que: “O underground é apenas uma rede de amigos. De todos que estão participando. Outras pessoas ajudam a fazer as camisetas. Outro está dirigindo. Outro garoto está ajudando seus amigos… a carregar e descarregar a van, a vender camisetas. É uma comunidade”. (0:32:59); É com esta moral que o rock pesado é disseminado nestas terras, penetrando aqui no Cerrado através dos grupos de Heavy Metal já consagrados na Inglaterra, Alemanha, EUA e outros países como por exemplo o AC/DC, Metallica, Judas
Priest, Dio, Ozzy Osbourne, Helloween, Scorpions, Iron Maiden, Manowar, Megadeth, Slayer, Kreator e outras que influenciaram os metaleiros não apenas do Sudeste e Sul, mas comumente de Goiás e Brasília, com este contexto especifica Carrijo:
Na capital goiana, a cena começa a se estruturar na década de 1980 através de diferentes tribos de rock, das quais se destacam o punk, heavy metal e pós-punk. Nessa época, o heavy metal era predominante na cena goianiense, que tinha como referência a cena underground que se estabeleceu em Belo Horizonte após o Rock in Rio, em 1985. Foi na
capital mineira que esse estilo se estabeleceu de forma massiva e onde surgiram bandas como Overdose e Sepultura, reconhecidas no cenário nacional e internacional. Bandas que inspiraram os roqueiros goianos a também formarem bandas de heavy metal como Mortuário, Encruzilhada, Asgard, Mandatory Suicide e Escola Alemã. (CARRIJO, pp. 1-2); Em Goiás este movimento surge em sua maior cidade. “O início da tribo social goiana do Heavy Metal ou simplesmente o surgimento dos headbangers, foi na própria capital do estado, Goiânia”. (FARIA, 2012, p. 7); E desde o seu advento tornar-se-ia perceptível que a estética discutida não se posicionaria somente como uma moda passageira sem conteúdo, a música Metal está em outro patamar pois carrega consigo uma moral estabelecida pela própria letra de grandes ídolos desse meio, um sentimento de grupo, força, união e emoção que rege as atitudes, a vestimenta e a vida dessa sociedade que doa ou doou uma grande parte de sua existência ao universo ou underground do Heavy Metal, os admiradores desta tipologia de vida criam uma contra cultura e seguem fiéis a novas possibilidades que estavam acorrentadas pela tradição agrária deste estado, por este prisma concluo sobre o trabalho de Senra:
O heavy metal nesse aspecto apresenta uma idiossincrasia bastante peculiar: por ser um movimento cultural norteado por um gênero musical, as noções de moralidade compartilhadas pelos indivíduos que integram essa comunidade emocional são erguidas justamente sobre a relação do
Sujeito (o grupo) com o Objeto (a música). (SENRA, 2013, p. 67); Por este prisma destacamos a banda estadunidense Manowar que se identifica muito mais com o público da América do Sul e Europa do que com a cena de seu próprio país, pois esta consegue representar em sua musicalidade e filosofia de vida um sentimento de força e união que mesmo aqui no Cerrado tornara-se enraizado e arrebataria uma legião de seguidores singulares por estarem estabelecidos em Goiás, numa paisagem agrária e tradicionalista, mas já imbuídos de um cosmopolitismo intrínseco aos EUA e velho mundo, então é esboçado por Senra:
Mais do que isso: ser um fã de heavy metal, de acordo com a “conduta ética” presente em “Metal Warriors”, já é uma justificativa sólida o bastante para o poder do grupo (“Sabemos que o poder dentro de nós/ Nos reuniu neste salão”). Aqui, a relação entre o Sujeito e o Objeto é de completa interdependência, chegando essa comunhão a tal ponto que, por existir “magia” no estilo, seus apreciadores também serão “mágicos” (“Há magia no metal/Há magia em todos nós”). (SENRA, 2013, p. 69);
Nesse contexto transcrito até aqui torna-se relevante meu questionamento e motivo maior para forjar este projeto, ou seja, de que forma a cultura Heavy Metal sobrevive no Cerrado? Sendo assim é no mínimo singular que esta estética tenha sobrevivido por tanto tempo em Brasília e principalmente em Aparecida de Goiânia, Goiânia e suas periferias, pois sabemos que a cultura local e tradicional nesta parte do Cerrado é o estilo sertanejo e o country deixando a margem e no subterrâneo outras culturas e modos de existência, é neste âmbito que ocorre uma contenda entre a tradição e a vontade de uma minoria em modificar as características fortemente rurais do estado de Goiás, esta dicotomia seria acirrada quando lembramos dos anos 90 e precisamente em 1995 o então prefeito de nossa capital Darcy Accorsi tenta consolidar Goiânia como a capital country do Brasil, projeto este que seria vetado pela população, como é descrito em Carrijo:
O exemplo sobre a tentativa de intitular Goiânia como capital country mostra que, ao mesmo tempo em que a capital começa a se afirmar como um novo polo de rock independente no país, há um projeto explícito por parte do poder público local e das fundações ligadas à agropecuária em valorizar e difundir o estilo country. Esse projeto é respaldado pelas representações presentes na história do estado de Goiás ligadas ao rural e ao sertanejo. E é alimentado pela economia do estado, baseada na agropecuária, e pela formação da chamada “nova elite rural”, que junto às instituições ligadas à agropecuária patrocinam diversos eventos e manifestações característicos do country, como a Exposição Agropecuária e as grandes festas de rodeios. (CARRIJO, p. 5); É lembrando do passado que verificamos os antagonismos e disputas entre o já estabelecido e a crítica que nega para afirmar valores e que por meio da consciência histórica nos é relatado por Rüsen:
Com isso a expectativa do futuro vincula-se diretamente à experiência do passado: a narrativa histórica rememora o passado sempre com respeito à experiência do tempo presente e, por essa relação com o presente, articula-se diretamente com as expectativas de futuro que se formulam a partir das intenções e das diretrizes do agir humano. Essa íntima interdependência de passado, presente e futuro é concebida como uma representação da continuidade e serve à orientação da vida humana prática atual. (RÜSEN, 2001, p. 64);
Esta marcha para o Oeste do Metal tem o seu advento ainda na década de 1980, pois as primeiras bandas destas paragens viam na cena mineira um exemplo sólido de que este tipo de música poderia sobreviver mesmo a margem do movimento da MPB já consolidado, não esqueçamos também que a primeira banda de Heavy Metal de nosso país surgira na terra do carimbó e brega, o Stress erguera a bandeira metálica em Belém do Pará e abriu as portas para que outras bandas de outros estados com suas culturas musicais enraizadas pudessem modificar os cenários e ir contra as correntes, nesse âmbito torna-se perceptível em Avelar:
O Sepultura foi a ponta do iceberg, mas o boom metálico de meados dos anos 80 foi nacional e especialmente massivo em Belo Horizonte. Sepultura, Sarcófago, Sagrado Inferno, Morg, Armaggeddon, Holocausto, Chakal e Overdose (além do Minotauro de São Paulo), participaram em uma ou ambas edições do BH Metal Festival, eventos que catapultaram essas bandas a gravarem seus primeiros EPs ou LPs. A Cogumelo Records, loja fundada em 1980, passou a ser também uma gravadora independente em 1985 e se transformou no primeiro selo brasileiro especializado em heavy metal. Metal SP, da independente Baratos Afins, traria à luz as paulistas Salário Mínimo, Avenger, Vírus e Centuria. Em Santos, os pioneiros do Vulcano lançariam Bloody Vengeance (1986), disco ainda hoje cultuado pelos headbangers. No Rio de Janeiro o heavy sempre contou com menos fãs que outros ritmos jovens como o funk e o hip hop, mas a cidade é casa de uma das mais respeitadas bandas do metal nacional, a Dorsal Atlântica. (AVELAR, p. 4);
Esta reflexão crítica para entendermos esta estética sonora construída acima entende que os primeiros desbravadores do Metal em Goiás foram o Asgard, Mortuário, Terminator, Mandatory Suicide e Spiritual Carnage que surgem na linha temporal dos anos de 1980, posteriormente Leprosy e na metade da década de 1990 a cristã Light Hammer e
Heaven’s Guardian iniciam suas atividades neste meio, dessa forma em Brasília algumas bandas começam a estruturar o underground do Distrito Federal com o P.U.S, Flammea, Volkana e Butchery na década de 80, o arquétipo aqui apresentado nos lembra também do interior de Goiás, Anápolis e as cidades próximas a Brasília que influenciadas por este cosmopolitismo cultural e o etos metálico embarcam neste universo. “Mas o metal não era limitado apenas às capitais. Existia e, ainda existem, eventos em cidades do interior de
Goiás e até mesmo do entorno do Distrito Federal”. (FARIA, 2012, pp. 12-13); Essas comunidades receberam shows e abrigaram bandas nesta transição dos anos 80 para os anos 90, algumas destas são o Fallen Angel, Valhalla, Death Slam e Amenthis.
Neste contexto pesquisamos a revista Rock Brigade de julho de 1992 que na sua seção On Stage cobre um show na Cidade Ocidental em junho deste ano:
O show começou com Chronical Infection, que logo em seu primeiro show agradou ao público com o mais puro death metal. Depois foi a vez da banda feminina ValHalla, também de death metal, que impressionou bastante com uma excelente movimentação de palco, som pesadíssimo, fazendo o público agitar como louco. O Restless fez também um grande show, e não decepcionou nem mesmo quando faltou energia elétrica deixando a boate Holyday às escuras por alguns minutos. Por último veio o Nauseous Surgery, que contou com a participação da vocalista Andréa (do ValHalla) em algumas músicas, e acabou por fechar a noite com chave de ouro. (ROCK BRIGADE, 1992, p. 35);
A revista Rock Brigade está na Vanguarda deste tipo de cobertura, a mídia em questão encontra-se à 30 anos difundindo a estética Metal por todo o território nacional, a mesma tem o seu advento no ano de 1981 ainda como um fã clube, posteriormente começa a ser editada como um fanzine em 1982 e na segunda metade desta década começa a produzir revistas mensais, hoje é a mídia impressa no âmbito da música que está a mais tempo em circulação no mercado nacional, sem dúvida um elemento difusor bastante relevante e que ajudou a lapidar esta contra cultura metaleira no Cerrado e no restante do país, pois os headbangers consumiriam esse veículo midiático para se informar sobre o cenário underground nacional e de outros países.
Com essa perspectiva estaria formando-se uma identidade aqui no Cerrado que entrava em choque com a identidade goiana tradicional, assim Anápolis, Aparecida de Goiânia, Goiânia e outras comarcas desse estado, além é claro de Brasília veriam nestas bandas de Heavy Metal pioneiras um levante para que a cultura metálica obtivesse seu espaço em nossa região e que estes indivíduos camuflados de preto e tatuados pudessem contribuir e enriquecer ainda mais a cultura destas paragens, pois este cenário engendrado na década de 80 e 90 serviria como molde para a cena estabelecida na contemporaneidade. “A consciência histórica é, assim, o modo pelo qual a relação dinâmica entre experiência do tempo e intenção no tempo se realiza no processo da vida humana”. (RÜSEN, 2001, p.
58);
Para o Heavy Metal sobreviver e continuar sua obra aqui no Cerrado separamos alguns trabalhos relevantes que fazem parte da história desta estética em nossa região e são exemplos de esforço e luta dessas bandas para registrarem suas produções por meio dos vários tipos de mídia disponíveis no mercado fonográfico, e desses bandeirantes do Metal goiano destacamos o Mandatory Suicide que prima pelo estilo Heavy Metal/Thrash Metal e teve a sua discografia apresentada pelo blog Ricardo Romano Rock City de 2 de julho de 2006 destinado a divulgação das bandas de Rock and Roll e Heavy Metal do Centro-Oeste.
“Mandatory Suicide – demo tape (1993), Shout to the Crowd – Split cd c/ Abismo Negro (1994), Rehearsal Tape – demo tape (1996), Taste, Feel & Enjoy ! – demo tape (1997)”. Outro grupo histórico é sem dúvida nenhuma o Spiritual Carnage provavelmente a mais antiga banda goiana em atividade e que em 2006 lançaria o álbum Voices Of Darkness dando continuidade ao seu legado Death Metal aqui no Cerrado, esse grupo conseguiu sobressair-se em relação a vários outros que desistiram no meio do caminho devido principalmente às dificuldades impostas pelo consumo de músicas descartáveis que assola nossa região através dos aparelhos midiáticos comerciais e voltados para o capital, é esta força de vontade que diferencia o Metal dos modismos contemporâneos. “Os relatos relacionados à autenticidade, fidelidade e genealogia são abundantes. Os depoimentos mais pungentes, entretanto, parecem vir de integrantes de bandas de black metal”. (AZEVEDO, p. 4);
Sabemos que várias outras bandas deixaram sua marca na história do underground metálico goiano mas devido a brevidade deste trabalho nossa atenção se voltará para os eventos e festivais dessa parte do Cerrado que cultuam o estilo de música aqui analisado, tendo em vista que não possuímos nesta região um festival que reúna os Deuses do Metal em um mesmo evento por vários dias como ocorre em São Paulo e em outros festivais na Europa como é o caso do Wacken Open Air, maior festival de Heavy Metal do mundo que dura 4 dias na Alemanha.
Com esse intuito verificamos dois festivais que acontecem em Brasília, o primeiro deles é o Carnarock que teve sua edição inicial em 1998 e que continua reunindo vários estilos do Rock em um mesmo ambiente, até porque desse modo facilita-se mais a reunião de um público maior para presenciar 2 dias de festival, algo que tornou-se característico nos eventos de Rock em nossa região que reúne várias tribos para apreciar diversificadas estéticas em um só festival:
Mesmo assim, o pessoal da Samara Produções conseguiu realizar o evento no Albergue da Juventude, local que possui uma vasta área verde, o que acabou criando um certo clima de Woodstock. Todas as tribos estavam presentes: era possível ver headbanger, punks, góticos, skatistas, hippies, alternas, posers e até fãs de reggae e de rap que também estavam lá. (ROCK BRIGADE, 2002, p. 64);
O outro grande acontecimento em Brasília é o Porão do Rock que encontra-se em sua 16ª edição e igualmente ao Carnarock reúne estilos diferenciados da cultura Rock and Roll e inclusive o Heavy Metal e seus subgêneros representados por Soulfly e Krisiun, assim neste último exemplar reuniram-se 45 mil pessoas em 2 dias para fruir essa estética. Em Goiânia percebemos alguns festivais que semelhantemente aos do Distrito Federal também contam com tribos multifacetadas, assim nossa análise percebe o Under Metal Fest que trouxera o Black Label Society para a capital goiana, e o Goiânia Noise, Bananada e Vaca Amarela que apesar de estarem voltados para o Rock alternativo independente sempre contam com bandas de Heavy Metal e suas ramificações em suas edições.
Nesta conjuntura outro festival longevo é o Tattoo Rock Fest que desde 2002 mescla com as tendências do Rock e do Metal em seus exemplares como é perceptível nas linhas da seção On Stage:
Depois da banda inicial, entrou o Ressonância Mórfica, que quase botou tudo abaixo com seu death/grind totalmente brutal. Destaque para o cover de Countess Bathory, do Venom. A banda Tsavo veio na sequência, com seu thrash metal anos 80 que conseguiu botar ainda mais fogo na festa. Músicas como Unborn e Betrayer fizeram a galera bater cabeça como nunca. Mandaram ainda In Union We Stand, clássico do Overkill, e Raining Blood, do Slayer. Era hora da atração mais esperada da noite: a banda Ballbreaker, cover da maior banda de rock do mundo: AC/DC. O guitarrista solo estava bem caracterizado, com terno, gravata e bermuda; e o vocalista com uma boina, no melhor estilo Brian Johnson. Não poderia faltar, é claro, o tradicional strip de Angus Young, durante a música Jailbreak. Foi um espetáculo de alto nível, e a banda está de parabéns. (ROCK BRIGADE, 2002, pp. 65-66);
Antagônicas a estes modelos de festivais encontram-se as bandas de Black Metal que apesar das contendas existentes na cena de Goiânia parece estar mais forte e mais organizada nestes últimos anos nos quais vários shows e eventos veem ocorrendo como por exemplo o True Infernal Live, 10 Anos de Luxúria e Metal Negro, Ritus Profanos, lançamento da Black Abyss a primeira revista de Metal Extremo de Goiânia que no cerne destes encontros não há espaços para outros estilos.
CARACTERÍSTICA DO METAL NO CERRADO
O recorte temporal estabelecido neste nos fez verificar o surgimento de uma leva de bandas que desde a década de 1980 até a contemporaneidade preencheram o Cerrado e influenciaram o modo de vida de seus apreciadores, deste modo explicitaremos algumas bandas que comporam e compõem o cenário metaleiro dessa parte do Centro-Oeste, além é evidente dos desbravadores citados anteriormente: em Goiânia temos a Heia, Imperius Profanus, In Dominium, Dawn Tears, as cristãs Rising Cross e Arnion, Tsavo, Sunroad, Cheol, Necropsy Room, Anticircus, Metal Warrior, Ressonância Mórfica, Ballbreaker,
Tahra, Eternal Devastation, Fate Cross, Symphonic Tragedy, Magnificencia, Mortaldread,
The Old Label, Luxúria de Lillith, Excallibur, Luis Maldonalle, Deadly Curse, Volúpia de Baco, Sangüínea, J.A.D.E, Armum e Monster Bus, a Maldição de Aparecida de Goiânia, o In The Shadows, Solictus e Revolted de Anápolis e em Brasília neste período surgiram o Embalmed Souls, Lúgubre Crepúsculo, Vultus Vocíferos, Miasthenia, Violator, Revival, Temenon, Harllequin, Dark Avenger, Slug, Vougan, Dynahead, Amálgama, Torino, Flashover, Underskin Crawler, Deceivers, Backstroke, Narcoze, Restless e Raimundos. Enfatizando neste momento as letras das músicas destas bandas torna-se notório que essas são bastante diversificadas e cada subgênero do Metal aborda determinadas conjunturas, mas no geral o místico, o oculto, guerras, idade média, antiguidade, a dança da morte, religiões, o Demônio, Deus, mitologias, orgias, a política e a violência forja este cosmos do discurso musical aqui analisado, ocorrendo dessa maneira uma aproximação com a produção fonográfica internacional metálica e uma negação à identidade local e a música sertaneja numa busca por um cosmopolitismo urbano que identifica-se com os metaleiros do Cerrado, dessa forma esta produção regional poderá ser consumida aqui no Brasil e comumente no exterior. Com essa percepção é entendido no Making of D.O.L.L. do DVD X Years On The Road do Heaven’s Guardian em que seu vocalista Carlos Zema discorre sobre uma letra de um de seus trabalhos:
Essa analogia de D.O.L.L. que é uma sigla né que significa Divine Obituary of the Line of Life com doll de boneco de voodoo, foi exatamente isso, trabalhar assim como no voodoo a influência direta do outro lado com esse mundo sendo manipulado por a mão de um individuo deste mundo. (0:05:37);
Este espelho ideológico contido nas letras das bandas de Heavy Metal do Cerrado reflete também um comportamento ou o etos que move esta comunidade, ou seja, um profundo interesse nas simbologias místicas encontradas no renascimento e no romantismo nos quais as caveiras são abordadas com muita intensidade em quadros pintados neste momento histórico. Assim a dança da morte, a imortalidade e o espírito seriam lembrados a todo instante naquelas gravuras, o que inspiraria muitas letras desta estética musical oriunda do ocidente que aborda o obscuro e o desconhecido, assim ocorre uma prática pela busca ao sobrenatural que vem desde o período pré-moderno e pré cartesiano sendo continuados por meio de místicos e poetas como William Blake[5], Aleister Crowley6 e Charles Baudelaire[6] como é notório no trecho de uma música do CD Sick Sick Sick do grupo de Black Metal Cheol:
“E QUANDO NOS SACIARMOS DESSAS ÍMPIAS
ORGIAS
SOBRE ELA POISAREMOS
AS MÃOS FORTES VAGAROSAMENTE;
E NOSSAS UNHAS, COMO AS UNHAS DA HARPIAS, HÃO DE SABER RASGAR EM TEU PEITO UMA ENTRADA.
COMO AVE NOVA QUE ESTREMECE E PALPITA, ARRANCAR-LHE-EMOS DO SEIO O CORAÇÃO AINDA ACESSO PELO ÓDIO.
DANDO-O DE COMER À FERA FAVORITA,
HEI DE LANÇA-LA AO CHÃO COM TODO O MEU
DESPREZO”
(CHARLES BAUDELAIRE)
Outro ponto importante da cultura verificada está na imagética, este elemento singulariza, representa e expõe os significados inerentes a estas produções que tornam-se documentos com o poder e a força da crítica em relação as mazelas sociais e ao poder
vigente. As imagens das capas de discos, cd’s e dvd’s variam de acordo com o subgênero do Metal, o satanismo, entidades malévolas, portais, pentagramas, fantasmas e caveiras são bastante comuns ao Metal Negro e podemos encontrar esses tipos de iconografias nos trabalhos do Heia (E no Inicio…), Spiritual Carnage (Voices of Darkness) e Cheol (Sick Sick Sick). Neste âmbito as figuras que encontramos nas capas e contra capas dessas produções em questão nos remetem a literatura de Howard Phillips Lovecraft[7] que enfatiza um cosmicismo e entidades anti-humanas bem características na estética Black Metal.
Nessa vertente notamos ainda a coletânea Fast-Food Thrash Metal que enfatiza em sua capa a cabeça do então governador de Brasília Roriz em uma bandeja, aqui a crítica ao poder estabelecido desenvolve-se no underground metálico, ambiente este onde indivíduos característicos da cultura Metal se encontram, percebemos aqui um provável descontentamento e desilusão política que podemos associar ao Rock nacional dos anos 80 que por meio das bandas de Brasília criticou ferrenhamente a conjuntura política e social daquele período.
Ainda sobre a imagética destas capas observamos por meio das bandas de Power Metal outro tipo de temática para suas imagens, o Dawn Tears (Battles Seeker) propõe um exército de Orcs direcionando-se para uma batalha numa terra fantasiosa, o que nos lembra o Senhor dos Anéis, enquanto que o Dark Avenger em seu primeiro trabalho apresenta um poderoso leão com olhos brilhantes e presas à mostra sugerindo força e poder, e o grupo cristão Rising Cross (Trumpets of Victory) demonstra uma cidade sendo corroída pelo fogo e a fumaça, e enquanto uma trombeta é tocada raios e pássaros cortam os ares envoltos à destruição que precede uma purificação, dessa maneira quando falamos em Hard Rock as iconografias modificam-se mais ainda e o Sunroad (Arena of Aliens) aborda imagens de um cosmos alienígena intrínseco as comunidades residentes no Planalto Central que cultuam as observações aos discos voadores como é caso da localidade de Alto Paraíso e o Vale do Amanhecer.
Outra característica relevante desta contra cultura estabelecida aqui no Cerrado é o seu visual, as tatuagens, os adereços de couro, os cabelos longos das mulheres e dos homens, e a vestimenta preta aproximam-se mais com a Europa do que com o clima da região Centro-Oeste, existe uma relação desta estética também com o sadomasoquismo devido a cor das roupas utilizadas e espinhos que compõem a vestimenta das bandas principalmente de Death e Black Metal que se impõem pela intimidação visual resultante também do que é feito no exterior, ocorre mais uma vez uma negação a identidade local e um estreitamento com o mercado internacional.
Outro recorte importante são os textos e iconografias presentes nos fanzines, deste modo escolhemos o Black Abyss que é a primeira revista de metal extremo de Goiânia, esta contempla em sua primeira edição entrevistas com as hordas deste gênero: Imperius Profanus, Lúgubre Crepúsculo, Embalmed Souls, Maldição, Heia, In Dominium e Escaravelho do Diabo, assim o fanzine ainda traz matérias sobre o Demônio Samael e os 21 pontos Satânicos de Conrad Robury[8], esse zine tem o intuito de divulgar a ideologia e a estética Metal do Cerrrado como pudemos ler: “Hail guerreiros do metal negro brasileiro, o Zine Black Abyss surge no cenário underground com a proposta de divulgar o cenário metal brasileiro, em especial o metal negro goiano”. (BLACK ABYSS, 2011, p. 1);
Esta estrutura comentada nas páginas antecedentes nos faz enfatizar também o uso do inglês e do português nas letras dessa estética, a percepção que temos é de uma singularidade e pertencimento ao Cerrado devido as letras em português, mas não há como negar a influência dos Deuses do Metal que utilizam-se do inglês no seu constructo musical.
O arcabouço construído por estas linhas até aqui nos faz lembrar daquela fita cassete dos anos 90 que me fora entregue e é incrível como a música Metal desenvolveu-se em todos os seus subgêneros, desenvolvendo-se de uma forma crítica em relação a sociedade tradicional que ainda o discrimina. Estes seres vestidos de negro sintetizam o que os musicistas dessa estética propagaram durante estas últimas 5 décadas.
Creio que este cosmos discutido até o momento demonstrou algumas facetas do Heavy Metal no Cerrado, uma união tribal dicotômica muitas vezes em seus subgêneros, mas com força e organização para comungar não somente a música, mas um estilo de vida ímpar.
Concluímos assim que apesar das dificuldades a cultura Heavy Metal conseguiu seu espaço nestas terras, e no cerne do underground as energias vão se renovando e delineando concepções de novos estilos no interior da própria estética do Metal, esta renova-se a cada ciclo e perpetua entre os jovens e adultos um modo particular de perceber e agir no mundo, este paradigma solidifica e expressa o sentimento de liberdade que nos é proporcionado por fazermos parte dessa comunidade que nega a tradição rural principalmente do estado de Goiás.
Todo este esquema metódico responde que a cultura Heavy Metal sobrevive no Cerrado por meio de seus apreciadores e musicistas que construíram uma rede interligada que expande-se do local mais longínquo e desestruturado até as grandes metrópoles desenvolvidas e espalhadas por todo o planeta, desse modo um estilo musical consegue forjar uma comunidade regida por um sentimento de pertencimento a algo maior que as leis e tradições estabelecidas, concebeu-se um espírito cosmopolita, urbano, boêmio, movido pela emoção e fruição desta música que repudiada incessantemente tornou os seus seguidores integrantes de uma sociedade forte que rejeita tudo aquilo que os rejeitou durante todo esse período especificado anteriormente, pois existe uma ética e conduta que faz com que os metaleiros de pé rachado defendam seu território como verdadeiros guerreiros que se dirigem para a mais árdua das batalhas, vida longa ao Heavy metal do Cerrado.
Neste embasamento é exposto pelo documentário Metal:
Desde os 12 anos, tenho de defender meu amor pelo heavy metal… contra aqueles que dizem ser uma forma menos valiosa de música. Minha resposta é que você sente ou não. Se o metal não lhe dá aquela incrível sensação de poder… e faz com que seu cabelo fique de pé, talvez nunca consiga. E quer saber? Tudo bem… porque, a julgar por 40.000 metaleiros ao meu redor… estamos muito bem sem você. (1:33:59); O Heavy Metal por tanto tempo execrado soa como uma resposta a sociedade conservadora, com seus valores imutáveis e seus modismos descartáveis, pois uma simplória nota modificaria a ideia de música ou estética estabelecida, o Metal ultrapassou barreiras e as mais longínquas terras fixando-se também no Cerrado, para muitos não tem o menor sentido mas para seus seguidores significa uma comunhão com uma energia indescritível e que reforça a união de uma comunidade que sobrevive no cerne de nosso extenso país.
REFERÊNCIAS
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<http://blackabysszine.blogspot.com/> Acesso em 09 de mar. de 2014.
AVELAR, Idelber: De Mílton ao Metal: Política e Música em Minas.
AZEVEDO, Cláudia: Fronteiras do Metal.
BAUCHIGLIONE, Sérgio Alberto. Whiplash Net: A História da New Wave Of British Heavy Metal (Matéria). Disponível em <http://whiplash.net/materias/biografias/000118ironmaiden.html#.UzLd–qhdVe9> Acesso em 18 de mar. De 2014.
BRIGADE, Rock: Volume 72. São Paulo: Julho/92.
BRIGADE, Rock: N° 188. São Paulo: Março/02.
BRIGADE, Rock: N° 189. São Paulo: Abril/02.
CARRIJO, Aline: A cultura roqueira em Goiânia: Quando a juventude assume o palco.
Goiânia.
DANTAS, Jean Carlos Souza: O Estado do Espírito do Rock e a Nova República. Goiânia:
PUC – GO, 2011.
DUNN, Sam e MC FAYDEN, Scot. Metal: a Headbanger’s Journey. S/L Warner, Documentário. 2 DVDS.
FARIA, Paulo Henrique de Assis: A História do Heavy Metal em Goiás – 1982 a 2012.
Goiânia: UFG – GO, 2012.
FRIEDLANDER, Paul: Rock and Roll: Uma história social. Rio de Janeiro: Record, 2003.
PDR: Blog Porão do Rock 2013. Disponível em
<http://www.poraodorock.com.br/blog/pdr–2103–reune–45–mil–pessoas–nos–dois–dias/> Acesso em 18 de mar. de 2014.
ROMANO, Ricardo: Blog Ricardo Romano Rock City. Disponível em
<http://ricardoromanorockcity.zip.net/> Acesso em 09 de mar. de 2014.
ROMANO, Ricardo: Blog Ricardo Romano Rock City. Disponível em
<http://ricardoromanorockcity.zip.net/arch2006–06–25_2006–07–01.html > Acesso em 09 de mar. de 2014.
RÜSEN, Jörn. Razão Histórica: teoria da história: fundamentos da ciência histórica. Trad. Estevão de Rezende Martins. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001.
SENRA, Flavio Pereira: Heavy Metal, Uma Nação Pós-Moderna? Rio de Janeiro: UFRJ, 2013.
DISCOGRAFIA
CHEOL. Sick, Sick Sick. SUBMUSIK RECORDS, 2006.
DARK AVENGER. Dark Avenger. ZEN RECORDS, 1995.
DAWN TEARS. Battles Seeker. Old Studio, 2007.
FAST FOOD: THRASH-METAL compilation. Independência REC, 2003 HEIA. E no Início… Impaled Records, 2012.
RISING CROSS. Trumpets of Victory. Fantom Studio, 2009.
SPIRITUAL CARNAGE. Voices of Darkness. Manicomial Studio, 2006.
SUNROAD. Arena of Aliens. Musik Hall Records, 2003.
VIDEOGRAFIA
HEAVEN’S GUARDIAN. X Years On The Road/Live At Gyn Arena. Recorded at
Goiania Arena, 2005.
[1] Jean Carlos Souza Dantas é graduado em história (PUC-GO) e especialista em História Cultural:
Imaginários, Identidades e Narrativas (UFG) e teve seu trabalho orientado pelo Prof. Dr. Ademir Luiz.
[2] Os headbangers são os fãs, apreciadores e seguidores da estética heavy metal espalhados por todos os continentes, a tradução desta significa batedores de cabeça que é o modo pelo qual estes indivíduos se expressam durante a fruição desse estilo musical.
[3] O underground é um sistema independente de produção e comercialização de itens voltados a cultura do Rock and Roll e suas várias tendências, unificando e revitalizando assim esta contra cultura analisada.
[4] A escala do blues que tem a quinta bemol, o trítono. Escala amplamente utilizada pelos grupos de Heavy Metal.
[5] Poeta (Romantismo), (Londres) 28 de novembro de 1757 à 12 de agosto de 1827, suas principais obras foram: Canções de Inocência e de Experiência, O Casamento do Céu e do Inferno e Jerusalém. 6 Ocultista, escritor e poeta, (Royal Leamington Spa) 12 de outubro de 1875 à 1 de dezembro de 1947 (Hastings), suas principais obras foram: O Livro da Lei.
[6] Poeta, (Simbolismo e Modernismo), (Paris) 9 de abril de 1821 à 31 de agosto de 1867, suas principais obras foram: A Arte Romântica, As Flores do Mal, Os Paraísos Artificiais, Pequenos Poemas em Prosa e Miudezas.
[7] Escritor de gênero literário terror, fantasia e ficção científica, (Cosmicismo), (Providence) 20 de agosto de 1890 à 15 de março de 1937, suas principais obras foram: O Chamado de Cthulhu, Nas Montanhas da Loucura, Sombras Perdidas no Tempo e O Horror de Dunwich.
[8] É um escritor satanista que segue a linha O.N.A. “Order of the Nine Angels.