O Metal Voice é um quadro da Roadie Metal criado por cinco redatores, cujo o ponto em comum é o fato de serem, ou já terem sido, vocalistas de bandas de Rock/Metal. Nos textos, serão publicadas entrevistas com diversos vocalistas, onde cada um contará a sua história e trajetória até chegar no posto de frontman/frontwoman de uma banda, indo dos detalhes pessoais até o mais técnicos, com total enfoque na questão vocal.
Hoje conheceremos um pouco da história e a carreira de Paulo Rocha que conquistou muitos fãs sendo referência no vocal com a banda A Última Theoria e o projeto de Rap Paimon.

Roadie Metal: conte-nos como você se interessou pelo Rock e decidiu se tornar um vocalista.
Paulo: Aos 11 anos comecei a me interessar pelo Rock, fui numa feira com a minha avó e comprei alguns discos do Nirvana, Red Hot Chili Peppers e Legião Urbana e esses discos mudaram a minha percepção de ser criança. Eu percebi que existia um som muito foda, um novo universo no Rock. Meu pai sempre curtiu Rock, mas eu não morava com ele e não tive essa influência direto dele, nem com amigos, simplesmente rolou, curti muito e foi assim que eu comecei.
Roadie Metal: quais são as suas principais influências?
Paulo: Eu prefiro citar estilos musicais, que é o Metal e o Rap, são os gêneros que mais me influenciam. O Metal pela técnica envolvida, som, onda sonora, por ser sombrio, “dark” e o Rap porque eu gosto muito das letras, eu gosto de compor, ler, de buscar influências, tentar escrever algo, eu estou sempre escrevendo alguma coisa. Eu acho que são as coisas que mais me motiva na música, mesmo eu gostando de vários de estilos, mas minhas influência são o Metal e o Rap. Para citar algumas bandas, Slipknot, que é a banda que eu gosto desde moleque, Korn, System Of A Down e no Rap gosto muito de Eduardo Tadeu, Facção Central, Sabotage, são caras que me influenciam até mesmo para eu escrever músicas de Metal.
Roadie Metal: como você aprendeu a cantar? Teve aulas ou aprendeu sozinho?
Paulo: Bom, estou sempre aprendendo, cantar é muito difícil, quando a gente começa a gravar (tenho estúdio em casa) e eu gravo tudo em casa. Quando eu começo a gravar e ouvir a voz quando ela sai no microfone, a gente vê o quanto somos ruins e o quanto devemos evoluir, toda vez que eu vou gravar eu me sinto um bosta e eu sempre busco evoluir. Nunca tive aula, foi sempre “na tora”, eu busco aprender com meus erros. Tenho uma tese que a gente só aprende com o erro, se você acertar de primeira é “cagada”, então eu sempre procuro buscar qual foi o erro e corrigir. A voz é um exercício, a gente vai trabalhando e melhorando.
Roadie Metal: quais técnicas vocais você utiliza?
Paulo: Eu utilizo principalmente drives, acho que não por ser uma técnica, mas eu acho que a minha voz meio que puxa para esse lado e o tom sobe mais, então acho que o drive prevalece muito na minha técnica de voz e isso consequentemente vira berros porque eu já canto numa frequência que parece berro quando meu tom sobe, pois minha voz não tem tom alto como a maioria dos vocalistas, minha voz é bem limitada, então eu rasgo para chegar nos tons e isso se tornou uma técnica minha. Então posso dizer que uso drives.
Roadie Metal: você costuma ter alguma rotina vocal, como algum tipo de exercícios e cuidado com a voz?
Paulo: Não tenho rotina vocal e nem cuidado com a minha voz, nunca tive. Sei que é errado, mas realmente não cuido. O que tenho sempre é o hábito de cantar, estou sempre cantando, quando estou no carro, na moto sozinho, estou sempre cantando. Se estou em casa, estou cantando, ouço uma música cantando, então isso pode ser considerado uma forma de exercício.
Roadie Metal: você acha que para ser um vocalista de Rock/Metal é necessário ter algum tipo de talento nato?
Paulo: Acho que o talento é bom em qualquer área, mas se o talento não for trabalhado e nem cultivado, ele não vai ser nada. Eu conheço muito gente foda que não tem banda, deixou o sistema tomar o talento e o sonho. Então eu acho que para ser um vocalista de Metal no Brasil, ele tem que ter além de talento, ele precisa ter muita força de vontade e gostar muito de fazer música pesada, porque fazer música pesada no Brasil é foda, difícil e complicado. Eu já estou nessa há mais de 15 anos. A minha banda (A Última Theoria) já existe há 11 anos e é muito canseira conseguir espaço, porque o som é pesado e agressivo, mesmo que temos músicas lentas, o som geral é agressivo. O nosso show causa um choque nas pessoas, já tocamos em alguns eventos com outras bandas que não eram Metal e isso sempre causava um choque, um conflito porque o Metal não é fácil de digerir, então eu acho que só o talento não é nada, o Metal precisa de mais coisas, mais força. Ser do Metal é um bagulho difícil.
Roadie Metal: você já teve algum problema na voz que o deixou um período sem cantar? Se sim, fale um pouco a respeito.
Paulo: Não, nunca tive nenhum problema com a minha voz, pelo contrário, eu acho que sempre estou lapidando a minha voz, hoje eu consigo cantar melhor, chegar em tons mais altos e segurar melhor. Eu acho que toda voz é treino, você precisa descobrir um jeito que não arranha a garganta para quem berra, um jeito que você respira melhor, dar as pausas para continuar. Berro é treino, por mais que a pessoa tenha uma fase ruim de não conseguir berrar, falta apenas treino e prática.
Roadie Metal: você participou do X Factor Brasil, conte-nos como foi sua experiência neste show de talentos?
Paulo: Eu fui de surpresa e não sabia bem como seria o programa, eu sou um cara muito desligado da vida e isso me atrapalha em algumas coisas, eu soube do programa e meu pai me inscreveu, não fui eu. Daí eu soube do programa com a galera do SBT me ligando, achei quer seria um trote e acabei desligando e eles me ligaram novamente, perguntei meu pai e ele me disse que tinha me inscrevido, mas eu não tive a curiosidade de ver um episódio antes, achei que seria igual o programa Ídolos, coisas desse tipo. Quando eu fui, descobri que era algo para quem era um cantor, que soubesse cantar covers, músicas dos outros e eu não sabia nada disso, não sei falar inglês, eu falei (tô fudido). Apesar disso, a experiência foi perfeita, eu nunca tinha me apresentado sozinho, na capela (somente voz), de repente entrei no teatro e tinha mais de 1.000 pessoas, na minha frente. Lá estava Rick Bonadio, Di Ferrero, Paulo Miklos e isso foi muito louco, uma sensação que eu pirei e eu cantei para esses caras, sem playback, sem nada, só a minha voz. Foi uma experiência muito louca porque eu sempre cantei para todos me ouvirem, nunca para me julgarem e neste dia eu cantei para alguém me julgar, foi uma sensação diferente. Eu amadureci muito, voltei de lá pensando que preciso estar preparado para qualquer momento na minha vida com a música porque eu fui com a cara e a coragem, cheguei lá e desenrolei porque eu sou artista, mas depois fiquei pensando, poxa eu nunca me apresentei sozinho para tantas pessoas só com a voz, então decidi melhorar e estudar, tentar entender melhor e é isso.
Roadie Metal: no seu projeto “Paimon”, você canta completamente diferente da sua banda A Última Theoria, o que te levou a apostar no Rap?
Paulo: O projeto Paimon na real, eu tento falar dos assuntos que eu vivo, eu tento ser mais humano, tipo na AUT (A Última Theoria) eu busco ser mais poético, até porque o Metal não cabe muita letra, Metal tem que respeitar o instrumental, é outra vibe. No Rap eu me sinto mais livre para falar, como eu sempre gostei de Rap desde criança, da mesma época que comecei a gostar de Rock e isso foi muito sincero dentro de mim. Joguei uma batalha de Rap em Goiânia, em 2012 ganhei uma batalha de Rap na Praça é Nossa (Programa do SBT), tinha umas 2.000 pessoas, estava lotado, rolou uma batalha e eu batalhei com o gigante (Atentado Napalm) e hoje somos amigos. Batalhamos juntos e eu ganhei, foi muito foda, uma experiência muito louca pra mim. O Paimon veio pra isso, para eu falar de todos os assuntos que eu quero de uma forma mais ampla, falar mais com a galera que me escuta de uma forma mais humana.
Roadie Metal: quais dicas você pode deixar para os vocalistas iniciantes ou aqueles que se inspiram em você?
Paulo: A dica para vocal é você ser sempre uma pessoa evolutiva, o vocal vai ser sempre a alma da banda em questão mental e vai ser sempre a direção da banda porque é a voz, o instrumento humano que a gente entende as palavras. Eu acredito que tudo na música quis explicar alguma coisa, você não precisa entender a música para ter um sentimento com ela, mas quando a gente entende a letra, a gente segue por aquilo ali, muitas vezes a banda é a cara do vocalista, sei lá 70% das vezes, os outros não, tem guitarrista e tal, mas no geral, a gente vai se lembrar mais pelas letras, eu acho. O vocalista precisa sempre buscar novas informações para ele não ser uma pessoa chata, ele pode até ficar nos mesmos assuntos tipo uns 10 anos, mas sempre buscar novos conteúdos e novas formas de falar aquele mesmo assunto, a dica principal para ser vocalista e compositor é isso, a pessoa sempre se renovar dentro de um nicho específico, mas sempre evoluindo.
Roadie Metal: caso queira, deixe suas considerações finais.
Paulo: Valeu demais pelo convite e estamos juntos pelo Metal, nunca vamos parar de fazer isso, porque é muita pouca gente fazendo e se os poucos que estão fazendo parar, o prédio perde alicerce. Então continuaremos a ser força total e muito Metal pra nós.
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