O Metal Voice é um quadro da Roadie Metal criado por cinco redatores, cujo ponto em comum é o fato de serem, ou já terem sido, vocalistas de banda de Rock/Metal. Nos textos, serão publicadas entrevistas com diversos vocalistas, onde cada um contará a sua história e trajetória até chegar no posto de frontman/frontwoman de uma banda, indo dos detalhes pessoais até os mais técnicos com tal enfoque na questão vocal.
No quadro hoje conversamos com Kelly Hipólito, vocalista da banda de Heavy Metal Blixten, em fevereiro foi lançado o single “Powerflow”, o qual ganhou vídeo de quarentena nessa semana.
RM: Quando você decidiu ser vocalista?
Kelly: Desde muito novinha. Creio que com 8 anos de idade eu cravei esse sonho em mim.
Sempre existiu música na minha família, nos encontros de família. Assisti muitos shows e clipes do Iron Maiden, Bon Jovi, Elvis Presley, Twisted Sister e Bruce Springsteen com meus tios, eu pirava vendo eles em cima do palco e os fãs gritando, cantando junto, sempre dizia que era aquilo que eu queria fazer.
RM: Quais foram suas principais influências?
Kelly: Twisted Sister, Bruce Springsteen e Iron Maiden sempre foram minhas influências de palco, de explorar cada canto, de entregar tudo de si para o público, sempre tive isso em mente desde cedo.
De me encontrar no meio das técnicas vocais, de estudar, sempre foram Dio, Dee Snider (Twisted Sister), Doro (Warlock) e Leather (Chastain). Nunca me comparei à eles ou tentei fazer igual, eles me ajudaram a encontrar a minha voz sendo eu mesma e estudando muito sobre.
RM: Você acha que Heavy Metal tem muita exigência para voz, por exemplo ter que alcançar alguma nota alta, ou não necessariamente.
Kelly: Só vai exigir da sua voz se você não tiver o mínimo de preparo e cuidado com ela. Até mesmo as notas altas precisam de técnica, porque pode chegar num momento que você não vai alcançar nada pois teve despreparo antes. Tudo dentro da música precisa de estudo, principalmente com a voz já que não é um instrumento que você compra em uma loja.
Quando a gente é novo, acha que é só imitar seu ídolo e sair subindo em palcos tentando fazer igual, imitação não é técnica e isso vai refletir no futuro. Quando você domina sua voz, sabe dos seus limites, conhece seu corpo, cantar se torna algo fácil, e com o devido cuidado, você terá sua voz perfeita por anos e anos.
Foi desafiador gravar o EP Stay Heavy?
Kelly: Desafiador apenas em pensar de como o EP seria aceito.
Quando você tem as pessoas certas com você em estúdio, que te ajudam, não há desafio.
O processo de gravação do EP foi extremamente tranquilo e de muita aprendizagem.
RM: Existe alguma música da Blixten que você teve dificuldade para cantar
Kelly: Na época eu tinha dificuldade em cantar coisas mais limpas, nem era questão de dificuldade na realidade, era mais falta de experiência e falta de confiança em si.
Sempre fui de cantar coisas rápidas, agressivas, e a Maktub foi um desafio justamente por ser uma técnica de vocal pouco explorada por mim na época. Inclusive, no disco novo terá mais uma música com um vocal mais limpo que eu vejo muita diferença na minha evolução com meu vocal na época.
RM: E algum cover, houve alguma música que você já quis cantar e teve alguma dificuldade?
Kelly: Sempre fui de estudar cover quando eu precisava cantar com alguma outra banda, porque geralmente eram covers de bandas que eu nem mesmo ouvia no dia a dia, então quando eu estudava as músicas e praticava em casa não havia dificuldade.
Mas na Blixten nunca tive dificuldade.
RM:Já houve algum show em que você quase perdeu sua voz ou sentiu dificuldade para falar depois?
Kelly: Em geral, nunca.
Salvos os dias que eu estava com alguma gripe, que foi poucas vezes.
Mas nunca perdi a voz, sou extremamente chata com isso. Em dia de show, me aqueço antes e depois, água só bebo em temperatura normal, são esses cuidados que fazem muita diferença durante e depois do show. Já vi muito colega meu sem voz depois do show por alguns excessos e falta de técnica, isso prejudica.
RM: Você mantém alguma rotina de prática vocal?
Kelly: Vocalizes pra mim são essenciais pra manter a voz acordada. Eu vivo cantando pela casa, e com a pandemia eu faço isso muito mais do que antes, mas sem exagerar, apenas pra manter a roda girando.
RM: Você mantém algum cuidado com sua voz?
Kelly: Muita água, sempre, tomando cuidado com friagem, sempre faço nebulização pra manter as pregas (ou cordas, como dizem) vocais sempre hidratadas, é muito importante esse cuidado mesmo tudo estando parado.