O Metal Voice é um quadro da Roadie Metal criado por cinco redatores, cujo o ponto em comum é o fato de serem, ou já terem sido, vocalistas de bandas de Rock/Metal. Nos textos, serão publicadas entrevistas com diversos vocalistas, onde cada um contará a sua história e trajetória até chegar no posto de frontman/frontwoman de uma banda, indo dos detalhes pessoais até o mais técnicos, com total enfoque na questão vocal.
No quadro de hoje conheceremos um pouco da história e da carreira de Daniel Rezende, vocalista das bandas Krig, Sabbatariam e Corpse Carcass.
Roadie Metal: conte-nos como você se interessou pelo Rock/Metal e decidiu se tornar um vocalista.
Daniel: Meu interesse na música surgiu quando eu ainda era pré-adolescente, em meados dos anos 90 ganhei um fitinha cassete do meu pai, da banda mineira Skank, era o segundo álbum da banda chamado “Calango” de 1994, tudo começou ali, escutava essa fitinha 24 hrs por dia. Quando estava com uns 13 anos de idade, repetindo a 7° série (risos) comecei a estudar com uma turma nova e tinham vários caras que gostavam de rock e metal, à medida que fui enturmando com essa galera eles foram me apresentando bandas como Dire Straits, Kiss, Black Sabbath, Metallica, Helloween, Led Zeppelin, Ozzy, etc… Daí foi amor a primeira escutada, me encantei com os vocais, riffs de guitarras pesados, baterias, fiquei muito vidrado, quase repeti a 7°série de novo, pois só queria saber de escutar metal kkk… Meu pai ficava puto comigo, pior que na 8° série repeti de ano de novo kkkk… Isso era por volta dos anos 97 até 99, no ano 2000 comecei a escutar bandas mais pesadas, foi me apresentado bandas como Antidemon e Mortification. A primeira na época eu não curti, fiquei meio assustado com o som e principalmente o vocal gutural do Batista, a segunda, o Mortification, me deixou muito empolgado e passei a virar um fã incondicional de death metal. Em 2001 resolvi formar uma banda com amigos de infância, queríamos formar uma banda de death metal na linha do Mortification, porém eu seria o baterista, eu nunca havia pensado em cantar, no fim das contas o vocalista virou baterista e eu virei vocalista, pois eu era um péssimo batera e o membro que seria o vocal tocava bateria melhor do que eu (risos). Descobri por acaso que eu podia cantar gutural, foi em meio a essa frustração de saber que eu não seria o baterista mais, então o que tinha sobrado pra mim era o posto de vocal, então um dia eu peguei uma fitinha cassete do Mortification,do cd “Break the Curse” e coloquei pra tocar e tentei imitar o vocal do Steve Rowe e por incrível que parece consegui fazer o vocal idêntico ao dele de primeira e sem nenhuma dificuldade.
Roadie Metal: quais são as suas principais influências?
Daniel: Os vocalistas que mais me influenciaram na minha trajetória de 20 anos cantando foram Luke Renno do Crimson Thorn, Glen Benton do Deicide, Steve Rowe do Mortification, Yowe Smith do Metanoia, Goerge Corpsegrinder do Cannibal Corpse e Chris Barnes na fase quando cantava no Cannibal também. Gosto de citar alguns que me influenciaram no vocal scream também, pois é uma linha de vocal que já cantei muito, hoje tenho explorado menos, mas os que me influenciaram nessa linha foram Ronny Hansen (Vaakevandring, Antestor…), Alexi Laiho (Children Of Bodom), Shagrath (Dimmu Borgir), Aki Sarkioja (Immortal Souls) Creio que esses foram as principais, mas com certeza tem vários outros.
Roadie Metal: como você aprendeu a cantar? Teve aulas ou aprendeu sozinho?
Daniel: Como descrito na primeira resposta, aprendi sozinho e por acaso mesmo, porém com passar do tempo comecei a procurar por dicas e orientações com profissionais da área sobre técnicas vocal, na época era muito difícil encontrar algo específico sobre gutural, portanto peguei aulas para técnicas de respiração e aquecimento, de resto sobre gutural especificamente aprendi e desenvolvi sozinho, sempre tentando imitar vocalistas que eu curtia.
Roadie Metal: quais técnicas vocais você utiliza?
Daniel: Basicamente gutural grave, médio e agudo (chamado de scream), nas três técnicas faço algumas variações e às vezes utilizo técnicas mais de drive, na linha de vocais mais praticados no Thrash Metal.
Roadie Metal: sobre o vocal gutural, como você foi lapidando a sua voz para que ficasse grave o suficiente como é hoje?
Daniel: O divisor de águas para mim no que diz respeito à vocal gutural grave, foi quando escutei o vocalista Luke Renno, até aquele momento eu cantava vocais mais rasgados na linha do David Vincent e Steve Rowe, porém quando escutei um vocal mais grave e visceral igual ao do Luke eu sabia que era naquele nível e eu queria chegar, daí comecei treinar diariamente umas 4 horas por dia, fiquei meses treinando até chegar na linha de vocal que faço hoje. Glen Benton também foi um vocalista que me influenciou muito nessa época.
Roadie Metal: você costuma ter alguma rotina vocal, como algum tipo de exercícios e cuidado com a voz?
Daniel: Hoje em dia como minha rotina com banda mudou bastante, diminuindo drasticamente ensaios, shows, etc… não tenho tomado cuidados específicos para a voz, mas quando estou em momentos de gravação, shows, etc… costumo evitar certos tipos de alimentos e bebidas: chocolate, leite, alimentos gordurosos, refrigerantes… Passo a me alimentar mais com frutas cítricas, maçã e me hidrato bastante com água, fora exercícios de aquecimento.
Roadie Metal: você acha que é necessário ter talento para ser um vocalista de Metal com vocal gutural?
Daniel: Acho que você precisa ter vários elementos para se tornar não só um vocalista de gutural, mas para cantar outros estilos e tocar instrumentos também, o talento é importante, mas não é o essencial, o principal é saber o que você quer, ter um objetivo e focar nesse objetivo e saber qual o caminho você deve traçar para alcançar o que você quer e é isso que faz toda a diferença, a persistência nesse caminho é que mostra quem realmente se empenhou e não desistiu diante das adversidades, nos primeiros 3 anos como vocalista eu dedicava muitas horas por dia treinando no meu quarto na casa dos meus pais no interior de Minas Gerais, além das várias horas de ensaios, vários dias por semana juntamente com meus companheiros de banda, se não fosse isso eu não seria o vocalista que sou hoje.
Roadie Metal: você já teve algum problema na voz que o deixou um período sem cantar? Se sim, fale um pouco a respeito.
Daniel: Por sorte não passei por isso, pois durante um período nos meus últimos anos cantando na minha primeira banda, a Sabbatariam, eu fiquei muito desleixado com meu vocal, não cuidava no que diz respeito à alimentação, preparação para cantar, etc… mas isso me prejudicou bastante em algumas apresentações que fiz durante os anos de 2005 e 2006, percebia que meu vocal estava falhando bastante ao vivo, quando saí do Sabbatariam e montei o Krig em 2007, eu já sacava isso e comecei a mudar minha postura para o cuidado com a voz. A partir disso meu bom desempenho voltou a crescer.
Roadie Metal: quais dicas você pode deixar para os vocalistas iniciantes ou aqueles que se inspiram em você?
Daniel: Um pouco do que falei antes, se você quer ser um bom vocalista você precisa fazer grandes esforços para chegar onde você quer. Gutural não é só berrar, gritaria sem nexo, que não exige técnica, muito pelo contrário, como é uma técnica que exige muito da sua anatomia vocal, você precisa ter muito cuidado, pois erros repetitivos podem custar sua saúde, hoje o acesso a materiais na internet com dicas sobre essas técnicas está muito mais fácil de encontrar e pode ser de grande valia.
Roadie Metal: caso queira, deixe suas considerações finais.
Daniel: Primeiramente quero agradecer a você Jéssica por proporcionar esse espaço para que possa falar de algo que tanto amo fazer que é cantar. Segundo quero deixar aqui as redes sociais das bandas e projetos que faço parte atualmente e pedir para as pessoas que estão lendo essa entrevista que se acharem que vale a pena deem uma conferia nos nossos materiais. Obrigado!
Krig
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Site: www.krigdeathmetal.tk
Sabbatariam
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Site: www.sabbatariam.tk
Corpse Carcass
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