O Metal Voice é um quadro da Roadie Metal criado por cinco redatores, cujo o ponto em comum é o fato de serem, ou já terem sido, vocalistas de bandas de Rock/Metal. Nos textos, serão publicadas entrevistas com diversos vocalistas, onde cada um contará a sua história e trajetória até chegar no posto de frontman/frontwoman de uma banda, indo dos detalhes pessoais até o mais técnicos, com total enfoque na questão vocal.
Mantendo o foco em bandas brazucas, apresento mais uma vez uma banda da minha região (Santa Catarina), a “barulhenta” SINNERATOR. BARULHENTA porque é assim que deve ser! Arthur Hertel, que ocupa os vocais (e baixo) na banda, se prestou a nos responder esta entrevista regada a muito álcool. Confira:
Roadie Metal: Hailz Arthur! É um prazer recebê-lo em nosso quadro! Peço gentilmente, que você se apresente e apresente sua banda.
AH: Bom, o prazer é meu! Estou muito feliz pelo convite. Vamos lá então: em 2007 eu idealizei a SINNERATOR, com intuito de fazer um som na linha Rock N´Roll / Metal, mas sem se prender a rótulos, tendo assim uma grande liberdade para compor, com uma grande influência principalmente de Motorhead, Venom, Chrome Division, The Carburetors, Ramones, etc.
No início de 2010 estabilizamos a formação e dedicamos a um Tributo Motorhead com quase 2h de show. Após um tempo parada, por problemas de formação (2011/2012), no início de 2013 com novos integrantes, voltei o foco da banda para composição de músicas próprias. No início de 2014, lançamos o single “The World Being Led To Death”, que é uma prévia do que está por vir.
Roadie Metal: Descreva como se iniciou essa vontade, de onde surgiu a ideia de “ser vocalista” em uma banda de Rock / Metal.
AH: A ideia de assumir o vocal e baixo, veio naturalmente, pois a SINNERATOR é o meu reflexo, nas letras e de como são expressadas. Como eu sou um péssimo compositor nas cordas, o crédito não é só meu, e sim de todos que ajudaram nas composições, sendo assim, a SINNERATOR é o reflexo de todos que desde o início participaram deste processo.
Roadie Metal: Sabemos que muito antes da Sinnerator, você teve um passado “negro”, onde se manteve como líder de uma banda de Black Metal, e nas ultimas formações, acabou ocupando a posição de vocalista. Dentro desse contexto, você pode nos relatar como foi essa transição, do metal extremo para o Rock’n’Roll, por assim dizer, e por que tomou essa decisão?
AH: Sim, eu e meu irmão (Tiago Hertel) criamos a FOREST OF DEMONS, e depois da saída dele, eu assumi totalmente a liderança, por assim dizer. Assumi somente os vocais na penúltima formação, se não me falha a memória, pois precisávamos de um frontman que não estivesse preso, para que o show ficasse completo, como eu desejava. A transição foi muito natural, já que eu já urrava na FOREST OF DEMONS, então só foi questão de ajeitar nessa nova linha de vocal.
Roadie Metal: Quando decidiu assumir a posição de vocalista, você teve outras ideias, outros projetos diferentes do que vemos hoje na Sinnerator? Entre a saída do universo BM para o Rock’n’Roll?
AH: Sim, tive alguns projetos/bandas, mas nesse intervalo só tenho a destacar a CARNAL HATE (Death Metal), que é melhor banda de metal extremo em que tive o prazer de tocar, tanto pelas letras odiosamente insanas e agressivas do Romulo Hate, pelas composições técnicas e trabalhadas das cordas por Dilton e Cleberson (Nego), mas além disso, somos uma forte irmandade. Vamos voltar a ativa, em breve..
Roadie Metal: Além da nítida influencia e admiração pelo mestre Lemmy, quais foram outras vozes que lhe incentivaram a encontrar e definir o seu próprio estilo?
AH: Sem dúvida alguma Lemmy (Motorhead) foi a maior influência, mas sem deixar de lado Chronos (Venom), Abbath (Immortal), e na minha opinião, o melhor vocal nessa linha que seguimos, Eddie Guz (Chrome Division, The Carburetors).
Roadie Metal: Na Sinnerator você procura manter residir dentro do seu tom, foi difícil pra você encontrar essa “zona de conforto”?
AH: Não foi difícil, pois eu já estava nos vocais na F.O.D. e com o tributo Motorhead, e essa zona de conforto se encaixou perfeitamente.
Roadie Metal: Quando você compõe uma musica – uma letra especificamente – você ja imagina como o vocal ira soar? Ou, apenas cantando pra saber?
AH: Meu método de composição inicia com o tema e ideia geral, começo escrevendo o refrão e depois as demais partes, conforme vai fluindo, mas já imaginando como vai soar com a banda toda, daqui pra frente todos entram na composição.
Roadie Metal: Você mantém alguma rotina de ensaio de voz, de treino, fora os ensaios da banda em conjunto?
AH: Não, nunca tive uma rotina de treino de voz, nem pretendo.
Roadie Metal: Como você tem se mantido ocupado em meio essa (m**) de pandemia? Você tem mantido a voz em treinamento continuo?
AH: Essa pandemia tem sido horrível, criatividade zero, muito trabalho, stress… Em relação a voz, o máximo que estou fazendo, é são alguns covers (ZZ TOP, Motorhead) com alguns amigos para aliviar um pouco do stress e começar a desenferrujar, e mais alguns covers de Johnny Cash em casa.
Roadie Metal: Você mantém cuidados com a voz, ou, quanto mais álcool mais a coisa flui, igual ao Lemmy (risos)?
AH: Álcool é bom para tudo, não somente para a voz. Cuidado zero, nenhuma técnica, nada aquecimentos antes de começar a berrar (risos). Sei que isso pode me prejudicar no futuro, mas foda-se, não me preocupo nem um pouco (mais risos).
Roadie Metal: Para cantar, você utiliza alguma técnica diferenciada, de autoria sua?
AH: Eu canto no instinto, e a técnica que eu mais uso é: “Quanto mais alcoolizado, melhor”, assim eu acho que minha voz está MARAVILHOSA (mais risos)!!!
Roadie Metal: Estamos ainda no aguardo do material fisico da Sinnerator, que, pelo que ouvi de você em off, deve sair em breve. Fora isso, algum material novo?
AH: Gravamos o álbum, SINNERATOR – The Sin Machine, em 2016, mas só agora em 2020 consegui tempo e foco para finalizar a mixagem, e ainda consegui gravar uma acústica, junto com Eduardo Goulart (ex-baterista) que vai entrar como “Bônus Track (2020)”. Sem data definida para lançamento, mas certamente ainda nesse ano, em material físico e em todas as mídias digitais possíveis, juntamente com dois clipes e algumas lyric-videos.
Roadie Metal: Como você mencionou, a banda permaneceu inativa por demasiado tempo, por questões pessoais suas. Com este retorno, o que podemos esperar da Sinnerator? Mantendo as raízes ou arriscando novos voos?
AH: Sim, estou sem tocar desde a gravação do álbum, logo em seguida fui morar fora do país, desde então não fiz muita coisa, além de alguns rascunhos de letras. Pretendo manter nesta mesma linha ideológica e instrumental, mas com uma nova formação, penso que vai ter uma pegada diferente, pois cada um tem sua personalidade, influencias diferentes, outras técnicas, etc…
Roadie Metal: Sei que você exerce sua liberdade artística de forma integral dentro da Sinnerator, mas, dentro desse contexto, você por vezes se limitou em algum momento, especificamente na parte vocal? Digo, você teve alguma ideia e depois acabou podando essa ideia?
AH: Pensando na gravação do álbum, não tive esse tipo problema, mas na gravação da acústica ano passado (2020), fizemos uma mudança no refrão, eu não gostei do meu vocal na linha mais alta (aguda), mas na baixa ficou excelente, então o Eduardo Goulart foi “obrigado” a fazer back vocal nessa parte mais alta do refrão.
Roadie Metal: Arthur, muito obrigado por esta deliciosa entrevista. O espaço é seu, use a vontade, solte sua mensagem aos headbangers de plantão!
AH: Gio, muito obrigado pela entrevista e pela oportunidade de mostrar um pouco do que é a SINNERATOR. Espero que nosso projeto de “união de bandas” (SINNERATOR, THE UNDEAD MANZ e NORIUM) renda muitos shows, muita bebedeira, muitos novos amigos e muita estória pra contar! Sexo, drogas e Rock N’ Roll! E o resto que se f***!
Contato:
arthur.sinnerator@gmail.com
https://www.facebook.com/Sinnerator
SINNERATOR – The World Being Led To Death (Single – 2014)
SINNERATOR – Red Light District – (Live Studio 13/02/13)
SINNERATOR – Sex Domination – (Live Agosto Negro – 03/08/14)