Mais uma sexta-feira chega, e hoje é dia de Metal Voice! Este é um quadro da Roadie Metal especialmente criado para quem aprecia e se interessa por canto. Cinco redatores, cujo o ponto em comum é o fato de serem, ou já terem sido, vocalistas de bandas de Rock/Metal entrevistam grandes nomes do cenário metálico nacional e internacional, onde estes contam sua história e trajetória até chegar no posto de frontman/frontwoman de uma banda, indo dos detalhes pessoais até o mais técnicos, com total enfoque na questão vocal.

Nesta edição tive o prazer e o privilégio de bater um papo com o líder de uma das bandas de Rock Nacional que mais admiro, a qual esta comemorando dez anos de carreira como um dos nomes mais promissores da cena atual: “Basttardos”.

A “Basttardos” surgiu em meados de 2010, no Rio de Janeiro, idealizada por Alex Campos, com o intuito de explorar diversas vertentes do rock. O trabalho apresenta também uma figura misteriosa denominada “Terceiro Elemento”.

Roadie Metal: Apresente-se e apresente sua banda.
Primeiramente, agradeço pelo convite! Sou Alex Campos, músico, compositor, produtor e fundador da banda carioca “Basttardos”, que surgiu com o intuito de explorar diversas ramificações do rock, priorizando a liberdade artística e criativa. Já são anos de batalha e três discos de estúdio lançados; “Dois Contra O Mundo” (2013), “O Último Expresso” (2015) e fechando a trilogia, “Nós Somos O Bando” (2019), álbum que retrata o atual momento do “Basttardos”, pois sua divulgação continua sendo o foco do trabalho para este ano de 2021. Em resumo, é isso. 

Roadie Metal: Descreva como iniciou essa vontade, de onde surgiu a ideia de “ser vocalista” em uma banda de Rock.
Amo música desde criança. O rock sempre chamou minha atenção, não somente pela sonoridade, mas também pelo aspecto visual. Na adolescência quis aprender a tocar um instrumento e montar minha própria banda. Meu primeiro instrumento foi o violão, e logo em seguida, passei para guitarra. No entanto, sempre senti a necessidade de escrever sobre as minhas experiências, funcionava como terapia, pois eram “cartas” destinadas a mim mesmo. Em relação ao canto, na realidade eu não pretendia ser vocalista, mas tinha uma certa facilidade para cantar e praticava despretensiosamente, até porque aos poucos comecei a fazer “backing vocals” em alguns projetos. Tempos depois, fundei uma nova banda e como as letras eram de minha autoria, acabei assumindo o posto de “frontman”… E não parei mais! 

Roadie Metal: Você já se aventurou em outras praias, ou, o Rock é a sua morada permanente?
O Rock em si já é um universo musical muito rico e repleto de subgêneros. Definitivamente é a minha raiz e meu estilo de vida, realmente curto várias vertentes do Rock/Metal, sem limites para rótulos. Gosto de country, blues, folk, flamenco, música instrumental e até mesmo algumas fases do “pop”, especialmente dos anos 80 (talvez pela nostalgia, mas de fato faz parte do meu DNA musical). Cinema também é uma paixão e influencia diretamente no meu trabalho (estética, temática, trilha sonora, etc). Vale ressaltar que há elementos de alguns desses gêneros no álbum “Nós Somos O Bando”. Valorizo boas melodias e com o amadurecimento mantive a minha mente aberta, sem pré-conceitos. Em minha opinião, é importante escutar o máximo de músicas que puder e compreender outros estilos para expandir sua capacidade de criação. No final das contas, música boa é aquela que emociona! 

Roadie Metal: Dentro do seu universo musical, quais foram as principais vozes que lhe incentivaram a encontrar e definir o seu próprio estilo?
Admiro vozes de diferentes personalidades dentro do Rock/Metal, mas ao longo dos anos percebi que deveria absorver o melhor de cada uma das minhas referências para moldar o meu próprio estilo. Poderia citar alguns nomes, mas a lista é extensa e não quero cometer nenhuma injustiça… (risos) 

Roadie Metal: Na Basttardos você faz uso de algumas técnicas, alternando entre estilos vocais (ora limpos, ora com drives carregados), como é para você encontrar “o momento” para usar “cada voz”?
É importante aprimorar sua técnica para atingir uma boa performance, mas sentir a música é primordial. Procuro ser o mais honesto possível quando estou escrevendo uma canção, e pra expressar sentimentos reais através da minha voz, é essencial acreditar na música que estou interpretando. Simplesmente deixo fluir e respeito sua evolução espontânea. Tem sido uma ótima oportunidade também para exercer o meu papel como produtor musical.

Roadie Metal: Quando você compõe uma música, uma letra especificamente, você já imagina como irá “sair” o vocal em cima dessa letra, ou, só cantando para saber?
O meu objetivo é compor para música, não para o músico. Não existe uma regra específica no meu processo de composição, apenas preciso estar inspirado para entregar o meu melhor. Com o tempo passei a ter mais interesse pela produção musical, como estruturar uma canção, trabalhar nos arranjos, texturas… Porém, sempre busquei mais “intimidade” com outros instrumentos, então tem sido cada vez mais recorrente enxergar a música como um todo, não só o vocal. Ao menos no “Basttardos” funciona assim, mas reiterando, não existe uma fórmula. Na parte lírica, o tema acaba sendo determinante para entender como a música pode soar, embora nem sempre as letras estejam prontas antes dos vocais/instrumentais e vice-versa. De qualquer modo, essas junções evoluem de uma forma muita intuitiva, e durante o processo de composição, uma vai complementando a outra.

Roadie Metal: Você mantém alguma rotina de ensaio de voz, de treino, fora os ensaios da banda em conjunto?
Basicamente faço exercícios, tento poupar a minha voz em casa – quando meus filhos permitem (risos) – e estou sempre bebendo água. Nada muito rigoroso…

Roadie Metal:  Como você tem se mantido ocupado em meio essa (m****) de pandemia? Você tem mantido a voz em treinamento continuo?
Para o seu trabalho se manter relevante, é necessário continuar produzindo. Atualmente estou trabalhando em materiais para disseminar ainda mais o álbum “Nós Somos O Bando”, aproveitando também para cuidar de assuntos burocráticos e organizar as redes sociais. Quanto ao treinamento de voz, diria que regularmente, porque além dessas multitarefas, as responsabilidades da vida pessoal já consomem tempo suficiente.

Roadie Metal: Mesmo diante de um exímio vocalista, temos a curiosidade de saber se você ainda estuda e busca técnicas que ainda não domina, para incremento em seu vocal na Basttardos. Você mantém cuidados com a voz, do tipo, aquecimentos, evitar álcool, entre outros?
Obrigado pelo elogio! Além da técnica, sempre procurei desenvolver a minha personalidade vocal, conhecer a minha real capacidade, superar meus limites e por aí vai… Eu era muito mais “junkie” em relação ao álcool, por conta do estilo de vida e correria mesmo, mas o fator positivo desta quarentena foi poder refletir sobre a minha saúde. Hoje em dia bebo menos – uísque é brabo -, tenho melhorado minha alimentação, estou praticando atividades físicas e sinto avanços significativos, inclusive na minha voz. Difícil é o cigarro… No mais, é água, maçã, e sim, mantenho exercícios de aquecimento vocal.

Roadie Metal: Alguma técnica diferenciada, de autoria sua?
Nunca parei pra pensar sobre isto, mas a vantagem de ser autodidata é conseguir desenvolver genuinamente suas próprias características. Na guitarra, tenho uma pegada bem pessoal, e na voz, algumas particularidades também. Obviamente reflete na minha maneira de compor, tocar e cantar. Em registros de estúdio, por exemplo, gosto de sobrepor os contrastes da minha voz, já é algo marcante no “Basttardos” e fica explícito no single “Livrai-nos do Mal”. Minha voz é naturalmente rouca e normalmente utilizo de vocais mais graves, mas também posso atingir notas altas. Algo que aprecio na minha voz é sua versatilidade. Garanto que não é fácil cantar no “Basttardos”… (risos).

Basttardos – Nós Somos o Bando (Full Album)

Roadie Metal: Falando nisso, o single “livrai-nos do Mal”… cara, não sai do meu play! É fantástica essa canção! Enfim, apesar de denotar a qualidade dos trabalhos anteriores, particularmente, o último trabalho da Basttardos considero fulminante! Eu como fã da banda, sou suspeito em comentar… mas me diga, pros futuros trabalhos, devemos esperar alguma alteração quanto ao seu jeito de cantar? Digo, no sentido de “incrementar” alguma técnica nova, ou mesmo, na colocação da letra dentro da música?
Fico feliz que tenha curtido o CD! É complicado responder esta pergunta porque ainda não penso em um material de inéditas. “Nós Somos O Bando” é um álbum recente e foi um pouco prejudicado pelo estranho ano de 2020, pois todo planejamento precisou ser readaptado. O disco ainda tem muito a oferecer e estou 100% focado neste trabalho. Creio que sou um “produto” daquilo que vivo e acredito, tudo ao meu redor é fonte de inspiração e certamente continuará interferindo na minha arte.

Roadie Metal: Sei que você exerce sua liberdade artística de forma integral dentro da Basttardos, mas, dentro desse contexto, você por vezes se limitou em algum momento, especificamente na parte vocal? Digo, você teve alguma ideia e depois, devido ao contexto, ao personagem, acabou podando essa ideia?
Não neste sentido. Geralmente as melhores ideias surgem em momentos aleatórios na minha cabeça e instantaneamente registro no celular para não esquecer. Acontece que ao executar determinada ideia, sinto que não “bateu”, saca?! É no “feeling” mesmo, autocrítica e bom senso.

Roadie Metal: Dentro do seu trabalho, você sente que de alguma forma “evoluiu” com o seu instrumento (voz), ou procura manter-se dentro de um padrão único?
Tenho plena convicção de que, quanto mais eu estudar, praticar e ouvir música, melhor serei como compositor, vocalista e instrumentista. No meu caso, não adianta ter boas ideias e não conseguir reproduzi-las. Expressar meus sentimentos através da minha arte é um grande feito, mas não quero virar cover de mim mesmo. Quando ouço os discos sem cacoetes técnicos, noto claramente uma evolução, com o entendimento também de que cada obra representou muito bem o seu momento. Sigo em constante busca pela evolução, mas preservando a minha essência e mantendo a atitude, pois preciso lembrar frequentemente por qual motivo eu decidi fazer o que faço! Com certeza não estaria satisfeito em um trabalho padronizado.

Roadie Metal: Alex, foi um imenso prazer ter-lhe recebido neste quadro, o qual carinhosamente você compartilhou sua vida conosco. Agradeço em nome dos fãs da banda e dos bangers que acompanham a Roadie Metal. Deixe sua mensagem!
Aproveitando o espaço, quem quiser conhecer mais sobre o trabalho, acesse: www.basttardos.com.br e siga nas redes sociais para ficar por dentro das novidades! Todos os discos estão disponíveis nas plataformas digitais (e também em CDs).Se cuidem! E como não posso deixar de dizer, Nós Somos O Bando! Valeu!

Mídias Sociais:

http://www.basttardos.com.br/

https://www.facebook.com/Basttardosrock/?ref=page_internal

https://www.youtube.com/user

https://www.instagram.com/basttardosrock/?fbclid=IwAR13R5wVbiFuUrK1wmslDunsGgoFhFUZTqqWDRABthqC1z4pr8qbkCMvxJo

Encontre sua banda favorita