“Metal Além da Música” é um quadro criado pelos redatores Jéssica da Mata e Renan Soares com o objetivo de falar dos principais estilos dentro do Rock/Metal. A proposta é abordar características peculiares, estilo visual, ideais e mais. Como diz o título da coluna: Metal Além da Música!
O Rock e o Metal são dois dos maiores gêneros musicais que surgiram com o propósito de “protesto”, marcando a sociedade através das décadas com seu visual e atitude. Com o passar dos anos, foram aparecendo novos estilos e vestimentas especificas, e com eles, ideais sobre diversos assuntos, como política, sociedade e religião.
Punk, grunge, gótico, emo, são alguns dos estilos que vocês conhecerão por aqui, desde o seu surgimento, características, convicções e curiosidades.
No texto de estreia do quadro, vocês conheceram um pouco do Rock And Roll clássico dos anos 50, a primeira forma que o estilo formou ao beber um pouco da fonte do Blues e do Jazz.
Dando sequência de forma cronológica, hoje iremos para os anos 60 para conhecer um pouco um dos movimentos mais notáveis da época, e que impactou bastante não só na música, mas na cultura popular como um todo.
O movimento Hippie surgiu nos anos 60 como uma contracultura, e ganhou notoriedade pregando a paz (tanto que seu principal slogan era ‘paz e amor’), criticavam as guerras e as armas nucleares, pregavam respeito ao meio ambiente e defendiam a emancipação sexual (o que causou a ‘revolução sexual’, assunto que falaremos com mais detalhes daqui a pouco).
O termo “Hippie” surgiu de uma variação da palavra “Hipster”, que era o nome dado as pessoas nos Estados Unidos que se envolviam com a cultura negra.
Visualmente, as principais características do movimento são as roupas velhas com fortes cores vivas, fazendo sempre apologia a psicodélica, vestimentas de origem indígenas, o uso de sandálias, calças boca de sino, e o uso de cabelo e barbas compridos.
Alguns dos principais símbolos do movimento são o da paz, e a Kombi, que em alguns casos carregam forte apelo visual as cores e aos ícones dos Hippies.
Apesar da questão visual ser a que costumamos lembrar mais quando falamos do movimento Hippie, o que causou realmente alvoroço na época foram as suas ideologias, que batiam de frente com a conservadorismo da época, e também com o capitalismo e o consumismo.
Certamente, “Revolução Sexual” foi a que torceu mais o nariz da sociedade da época, pois ali era defendido o “amor livre”, ou seja, a aceitação das relações sexuais fora do universo heterossexual e monogâmico. Já naquela época os Hippies defendiam o direito dos homossexuais de poderem se amar publicamente, métodos contraceptivos (em um período onde nem se falava sobre isso), além da nudez em público, e a legalização do aborto.
Claramente, a pregação pela paz era a principal mensagem passada pelo movimento, principalmente durante a Guerra do Vietnã, onde eles negavam o nacionalismo tão defendido até hoje nos Estados Unidos. Além da questão ambiental, principalmente se levando ao fato que os Hippies adotavam o modo de vida comunitário, nômade e em harmonia com a natureza.
No geral, os Hippies defendiam tudo aquilo que os conservadores repudiavam, e lembrando que o mundo vivia o período da Guerra Fria nos anos 60, isso era uma coisa forte, principalmente pelo movimento criticar o capitalismo, o que os tornavam “comunistas” aos olhos da população em geral (quando na verdade eles se encaixavam em uma ideologia mais próxima do anarquismo).
Mas depois de toda essa enxurrada de informações, vocês me perguntam: “Tá Renan, mas onde o Rock entra nisso?”
Bom, finalmente chegaremos nessa parte, pois como muitos devem saber, o Rock teve um importante papel na propagação da cultura Hippie.
Definitivamente, o principal porta-voz do movimento Hippie na música foi John Lennon, isso tanto nos Beatles quanto na sua carreira solo. Aliás, a sua música “Imagine” é hoje em dia um dos principais hinos da luta pela paz mundial, e é sempre lembrada e usada como uma forma de confortar a humanidade em momentos de grandes conflitos.
E falando dos Beatles especificamente, a banda passou a representar de vez o movimento em 1967, após abandonarem os ternos e gravatas o qual sempre estavam usando em suas performances, e passaram a adotar um visual mais típico dos Hippies no icônico álbum “Sgt. Pepper’s Lonely Heart Club Band”.
Bob Dylan foi outro a levantar os ideais Hippies em suas canções, tendo abordado questão políticas por diversas vezes, sempre defendendo os direitos civis e se posicionando contrário a Guerra do Vietnã. Alguns exemplos de canções que carregam essas temáticas são as “Blowin’ in the Wind” e a “The Times They Are Changin’”.
Certamente, quando se fala de “música” e “movimento Hippie”, um dos primeiros nomes que vem em mente é o da Janis Joplin, que adotava o visual por completo, e participou de bandas da vertente do Rock Psicodélico, entre elas a Big Brother and the Holding Company.
Da mesma forma que sempre lembramos de Janis Joplin ao falar do movimento, também lembramos do grandioso guitarrista Jimi Hendrix, que na época chamava a atenção não só pela sua virtuosidade, mas também por conta das suas performances onde ele chegava a tocar guitarra com os dentes, além de tacar fogo no seu instrumento.
Mas claro, não podemos deixar falar do Woodstock de 1969, um dos principais eventos que se tornou ícone do movimento Hippie, tendo a premissa de “três dias de música e paz” em uma fazenda na cidade de Bethel.
O evento por si só foi bem caótico, começando pelo fato da organização ter vendido aproximadamente 200 mil ingressos, e no fim por conta de diversos problemas, o festival se tornou gratuito, juntando assim mais de meio-milhão de pessoas, o que causou grandes congestionamentos no caminho para o local, e também cercas derrubadas por conta do alto número de pessoas.
Além disso, o festival contou também com vários problemas técnicos, atrasos ocasionados pelas chuvas e também falta de comida para o público.
E Woodstock não poderia ter terminado de forma mais icônica do que com a apresentação de Jimi Hendrix, onde durante a mesma, o guitarrista improvisou uma versão distorcida e completamente psicodélica do hino nacional dos Estados Unidos, tendo também sons de explosões, fazendo uma clara crítica a guerra do Vietnã.
Claro, há diversos outros exemplos que podemos dar em relação ao Rock no movimento Hippie, mas os mesmos não caberiam nesse texto.
Com isso, encerramos o texto por aqui. Fiquem ligados porque daqui a duas semanas a Jéssica da Mata estará de volta falando de mais uma contracultura que abalou estruturas nos anos 70. Até a próxima!