“Metal Além da Música” é um quadro criado pelos redatores Jéssica da Mata e Renan Soares com o objetivo de falar dos principais estilos dentro do Rock/Metal. A proposta é abordar características peculiares, estilo visual, ideais e mais. Como diz o título da coluna: Metal Além da Música! 

O Rock e o Metal são dois dos maiores gêneros musicais que surgiram com o propósito de “protesto”, marcando a sociedade através das décadas com seu visual e atitude. Com o passar dos anos, foram aparecendo novos estilos e vestimentas especificas, e com eles, ideais sobre diversos assuntos, como política, sociedade e religião. 

Punk, grunge, gótico, emo, são alguns dos estilos que vocês conhecerão por aqui, desde o seu surgimento, características, convicções e curiosidades. 

No texto de hoje, falaremos desse que foi o principal movimento do Rock na década de 90, surgido em uma cidade até então esquecida pelo resto dos Estados Unidos, e revelando nomes que futuramente virarem grandes referências de toda uma geração. 

Apesar do seu “booom” ter sido nos anos 90, a história do movimento Grunge começa um pouco antes disso, no fim dos anos 80, em uma cidade dos Estados Unidos chamada Seattle, que até aquele momento não era muito lembrada pelos grandes artistas, sendo assim poucos shows de renome aconteciam por lá. 

Por conta disso, a cidade tinha uma cena de bandas locais bastante movimentada, já que era os únicos shows os quais os rockeiros da cidade tinham acesso. 

Em questão de bandas pioneiras, podemos citar principal as The U-Men, The Melvins, Mother Love Bone e a Green River, mas o principal elo para o início da propagação do movimento para fora de Seattle foi a gravadora independente Sub Pop, que foi responsável pelos primeiros lançamentos de bandas como o Soundgarden, Nirvana, Mudhoney, e alguns outros. 

O responsável pelo surgimento do termo “Grunge” foi o vocalista Mark Arm, da banda Green River, e que futuramente assumiu os microfones da Mudhoney, outro nome de destaque do movimento. A palavra se remete a “sujeira”, que é basicamente o que descreveu o estilo dali em diante, tanto referente a parte musical quanto a visual. 

Sonoramente, a principal característica do Grunge é o som sujo, com fortes distorções tanto de guitarra quanto de baixo, e uma forte bateria, tendo músicas na sua grande maioria pesadas e enérgicas. Mas, mesmo assim, não podemos dizer que todas as bandas Grunges são iguais nesse quesito, tendo algumas um som mais puxado para o lado cru do Punk (Nirvana), e outras para o lado um pouco mais trabalhado do Metal (Alice In Chains). 

Visualmente, na questão das roupas, os integrantes do movimento basicamente vestiam o que dava na telha, sendo em sua grande maioria um visual mais “desleixado”, que normalmente era composto por camisas lisas, camisas xadrez, calças jeans folgada e rasgada, e sapatos de cano alto (normalmente, da marca All Star). Nos shows, as bandas se apresentavam da forma mais “underground” possível, abrindo mão de “espetáculos” visuais, se utilizando de estruturas simples, e com performances enérgicas, chegando até mesmo a serem bagunçadas. 

Na parte lírica, o Grunge focava em temáticas um tanto que sombrias, falando principalmente sobre questões psicológicas, como traumas, abusos, isolamento, agústia, e coisas do tipo. 

O “boom” do movimento Grunge veio principalmente no ano de 1991, quando foram lançados os álbuns “Nevermind”, do Nirvana, “Ten”, do Pearl Jam, e “Badmotorfinger”, do Soundgarden. Em 1992, foi lançado o “Dirt”, do Alice In Chains. Até hoje, essas bandas são os quatro principais nomes do Grunge. 

E a partir disso, o movimento saiu de Seattle para conquistar o mundo, surgindo inclusive outros grandes nomes fora da cidade, como o Stone Temple Pilots, que eram de San Diego, e o Silverchair, que era da Austrália. 

Mas, podemos dizer que o sucesso do movimento Grunge foi “meteórico”, pois praticamente dois ou três anos depois da sua explosão, iniciou o seu declínio na grande mídia, ocasionado por fatores como o surgimento do Britpop na Inglaterra (tendo o Oasis como principal representante) indo de encontro a tudo que o Grunge pregava e mostrava, e também o fato de alguns artistas do estilo não terem lidado bem com a fama, a exemplo de Kurt Cobain e Eddie Vedder. 

O “declínio” foi consolidado com o suicídio de Kurt Cobain em 1994 (junto com o fim do Nirvana), com o vagaroso fim do Alice In Chains iniciado em 1996 (e oficializado em 2002, com a morte de Laney Staley), com os problemas na turnê do Pearl Jam também em 1994, e com o fim do Soundgarden em 1997. 

Obviamente, o Grunge hoje em dia está longe de ter a mesma popularidade do início dos anos 90, mas seu legado permanece forte até os dias de hoje. Após o fim do Nirvana, o baterista Dave Grohl criou o Foo Fighters, conseguindo alavancar a sua carreira, o Pearl Jam segue em atividade até hoje, assim como o Mudhoney, o Alice In Chains retomou as atividades em 2005 com William DuVall nos vocais, e o Soundgarden retornou em 2010, tendo acabado novamente em 2017 em decorrência do suicídio do vocalista Chris Cornell. 

E infelizmente, a questão do suicídio, da depressão e do abuso de drogas ficou estigmatizado no Grunge, sendo Eddie Vedder o único vocalista dos principais nomes do estilo vivo até o presente momento. Kurt Cobain se suicidou em 1994, Laney Staley morreu de overdose em 2002, Scott Weiland (Stone Temple Pilots) faleceu de overdose em 2015, e Chris Cornell se suicidou em 2017. 

Com isso, encerramos mais um “Metal Além da Música”, fiquem ligados porque daqui a duas semanas estaremos de volta com mais um episódio do quadro. 

Até lá! 

Encontre sua banda favorita