Mário Linhares: o legado do vingador negro

Era meados do começo dos anos 2000. O cenário Heavy Metal iniciava uma discussão para decidir quem era o melhor vocalista nacional. Se um lado, André Matos, recém saído do Angra, e aclamado com o excelente debut do Shaman “Ritual”. Do outro lado, o substituto de André em sua ex banda, Edu Falaschi, que chegou causando ótimas impressões. E no meio dese debate todo, descubro em uma fita K7, presente dado por um aluno meu, uma banda de Brasília, que me prendeu a atenção, e logo virei um fã do grupo. Era uma tal de Dark Avenger. A música? “Morgana”. E logo vi ali que o vocalista, com todo o devido respeito à André e Edu, estava em alguns patamares acima.

Era uma época que poucos tinham acesso à internet, e com certa dificuldade, descobri o nome do cara. Um tal de Mário Linhares, cearense como eu, que decidiu ser cantor após assistir um show da lendária Beowulf de Fortaleza, onde a performance de seu vocalista, Silvio César, acendeu a chama do Metal naquele jovem Mário. E ao chegar na capital federal, decidiu realizar seu sonho.

Em 2012, com o advento das redes sociais, nem acreditei que conseguira contato com um ídolo. Sempre conversando com os fãs, mostrou-se sempre ser uma pessoa de opinião convicta e gênio forte. E logo me tornei uma pessoa próxima dele, sempre trocando ideias.

Contudo, nessa tarde de 22 de dezembro, recebo a notícia de que Mário Linhares tinha sofrido um infarto. Mas logo pensei: “O cara venceu um problema seríssimo na coluna e está ai. Ele sai dessa tranquilo”, e mantive meus pensamentos positivos. Fui trabalhar, e exatamente às 20:38hs, enquanto passava algumas recomendações aos meus colegas de escritório, recebo uma das mensagens de Whatsapp mais tristes que recebi. Mário Linhares tinha falecido. E a partir dali, trabalhei no modo de piloto automático. Não conseguia acreditar.

O Dark Avenger estava em seu melhor momento, e tinha concebido o melhor álbum da carreira do grupo, o aclamado “The Beloved Bones”, tido como um dos melhores lançamentos de 2017 em praticamente todos os veículos especializados em Heavy Metal. Os planos era de sair uma turnê pela Europa, América do Sul e tentar alcançar boa parte do Brasil.

Com 4 álbuns de estúdio, um ao vivo e mais as passagens pelo Harllequin e pela Heaven’s Guardian, Mário Linhares deixou uma obra que deve ser lembrada pela eternidade, seja pela excelência musical, seja pela profundidade lírica, seja pela interpretação única que ele dominava de forma ímpar. Fica aqui minha simples, mas sincera homenagem, a esse que sem dúvidas, fará muita falta aos fãs de Heavy Metal. Descanse na paz merecida irmão…

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