Marilyn Mason é possuidor de um bom talento para a polêmica e sabe como tocar na ferida dos mais convenientes conservadores. Após ter cancelado algumas das datas de sua turnê Heaven Upside Down devido a um acidente no show de Nova Iorque que causou a fratura de sua perna (ver aqui), o cantor voltou aos palcos no último dia 5 de novembro, no Knotfest, em São Bernardino, Estados Unidos, com uma performance pelo menos ousada: em cadeira de rodas, apontava para o público um rifle, que servia como o suporte para seu microfone. A temática das armas já estava presente nos shows anteriores da turnê, e Manson, em declaração ao site Variety, esclareceu as intenções de sua escolha:
“Em uma era em que os massacres [mass shootings] se tornaram uma ocorrência quase que diária, este é um ato teatral que pretende prestar uma declaração sobre o quão facilmente acessíveis são as armas semiautomáticas e como vê-las se tornou normalizado. Minha arte sempre foi uma reação à cultura popular e o meu modo de fazer as pessoas pensarem sobre as coisas horríveis que acontecem nesse mundo. O suporte de microfone que usei no palco me foi entregue com a aprovação de um oficial de polícia. Minha empatia se dirige a todos os afetados pelo irresponsável e condenável mal-uso de armas REAIS.” (Tradução nossa)
Esta não é a primeira vez em que Manson se envolve na discussão armamentista nos Estados Unidos. Após o famoso massacre ocorrido na Columbine High School, no ano de 1999, ele – junto com o heavy metal, videogames, South Park, filmes violentos e o próprio Satanás – foi apontado como “má-influência” motivadora do ataque, pois figurava na playlist dos atiradores Eric Harris e Dylan Klebold.
Em entrevista a Michael Moore no documentário Tiros em Columbine (Bowling for Columbine, 2002), o cantor considera que foi fácil exporem sua imagem na mídia com estas alegações por ser para seus acusadores o “garoto-propaganda” do medo e representar aquilo que eles temem. Aponta ainda que seria interessante discutirem o entretenimento violento e o controle de armas nas eleições que estariam por vir, e se coloca como (infelizmente) menos influente do que o presidente de seu país, que à época atirava bombas sobre os mares.