Vamos lá, admito que o Opeth não é a mesma banda pela qual me interessei anos atrás, não há mais guturais e nem o contraste dos riffs pesadíssimos com passagens acústicas, ao invés disso, vocais calmos, passagens psicodélicas e poucos riffs pesados. Não que a banda tenha ficado ruim, mas pra quem era acostumado com um tipo de som até Watershed (2008), á partir de Heritage (2011), as coisas mudaram bastante.
Em seus shows ao vivo, a banda respeita muito o seu passado, ainda tocando clássicos, sem deixar o material novo se sobressair, o que agrada bastante os fãs. Neste álbum ao vivo gravado no belíssimo Red Rocks Amphitheatre, no Colorado, a banda apresentou mais de uma hora dividida em dez músicas em uma performance elegante e cheia de energia. Vamos falar uma pouco sobre ela.
Sobre os riffs pesados contrastando com sons psicodélicos, acredito que a música que melhor representa essa nova empreitada da banda é Sorceress, com seu início totalmente focado nos teclados, logo apresenta um dos riffs mais pesados da banda. Uma peça perfeita para abrir os shows.
Após essa abertura, a banda despeja dois grandes hits passados, Ghost of Perdition e Demon Of The Fall, com grande performance vocal de Mikael Åkerfeldt, que mescla perfeitamente seus vocais guturais com os limpos, de forma até mais técnica e madura do que em anos anteriores.
A fase progressiva é mais uma vez mostrada The Wilde Flowers, mas a calmaria chega com In My Time Of Need, do álbum Damnation (2003), onde a banda gravou somente músicas mais clamas, sem os guturais ou riffs pesados tradicionais da época.
The Devil’s Orchard abre a segunda metade do show com grande performance da banda, apresentando o início da fase mais progressiva da banda, destaque para Martin Axenrot com seus compassos incríveis na bateria. Dando continuidade dessa fase, Cusp Of Eternity representa o álbum Pale Communion (2014), onde a banda consolidou seu novo estilo.
Heir Apparent representa Watershed (2008), o último álbum a contar com os guturais clássicos, mas já com um tom bem mais progressivo, a performance é magnífica e conta com um teclado sombrio de fundo que abrilhanta a faixa.
Na reta final, ainda temos Era, uma faixa que eu, particularmente, não gosto tanto, pois acho que ela mantem um tom por muito tempo, o que acaba enjoando, mas ela nos prepara para o encerramento épico com a clássica Deliverance, com 14 minutos de uma performance memorável dos suecos, que mantem o nível lá em cima com guturais, riffs ferozes e uma bateria marcante, fechando de forma brilhante o show.
Mesmo não sendo um fã fervoroso dessa fase mais calma e focada no Progressivo do Opeth, ainda ouço com muito prazer os álbuns mais antigos, e especialmente esse álbum ao vivo, está em constante reprodução no meu dia-a-dia. Além do visual magnífico do Red Rocks, a banda está afiada e muito madura no seu espetáculo, apresentando um setlist que abrange os álbuns dos anos 2000, com pelo menos uma música de cada, claro que com mais ênfase no lançamento da época, Sorceress. Uma álbum que deveria ser o padrão para lançamentos ao vivo, pois sua qualidade e elegância são de um padrão único, que fará com que você nunca enjoe do mesmo.
Opeth — Garden of the Titans: Live at Red Rocks Amphitheater
Data de lançamento: 2 de novembro de 2018
Gravadora: Nuclear Blast
Tracklist:
1. Sorceress
2. Ghost of Perdition
3. Demon of the Fall
4. The Wilde Flowers
5. In My Time of Need
6. The Devil’s Orchard
7. Cusp of Eternity
8. Heir Apparent
9. Era
10. Deliverance
Formação:
Mikael Åkerfeldt – vocal e guitarra
Martín Méndez – baixo
Martin “Axe” Axenrot – bateria
Fredrik Åkesson – guitarra
Joakim Svalberg – teclado
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