Esse é, certamente, o home vídeo musical que eu mais quis assistir na vida! Ou, também posso dizer, o que eu mais assisti, o que acaba meio que sendo uma consequência lógica da primeira frase.
Mas o certo é que, na época que conheci o Judas Priest, este vídeo – em sua versão VHS – não estava disponível no Brasil. O meu primeiro contato foi com uma gravação pirata, uma experiência que findou por ser, ao mesmo tempo, satisfatória e frustrante. Sim, porque o vídeo que rolava na casa de um amigo já era uma cópia tão surrada que sequer conseguíamos perceber as cores. Além do mais, a ansiedade juvenil fazia com que dificilmente passássemos mais do que vinte minutos assistindo a mesma coisa. Aquela vontade de digerir o máximo de shows no mínimo de tempo: “Coloca o vídeo do Venom”; dez minutos depois, “Coloca o vídeo do Loudness”; dez minutos depois, “Coloca o Combat Tour”; dez minutos depois….
Mas o tempo passou e eu fui conseguindo obter outras cópias, até finalmente adquirir a versão em DVD. A perfeição, finalmente! Não me interessa saber que aqueles efeitos com laser, ou mesmo alguns truques de imagem, são ultrapassados. Cada vez que eu pego “Live Vengeance” para assistir, eu sou transportado para o tempo em que conseguia ser cativado com mais facilidade pelas novas aquisições. Além do quê, o Judas Priest sempre foi algo mais mítico para mim. Mais do que Black Sabbath e Iron Maiden, havia um senso distinto de interesse, que fazia com que eu tratasse a banda como algo à parte. Era uma sensação especial de conquista a cada vez que eu acrescentava mais um disco para minha coleção!
O show foi gravado em 1982, em Memphis, nos Estados Unidos. Uma rápida visão nas imagens da plateia demonstra como as coisas eram diferentes naquele tempo. Poucas pessoas estão de preto e não é de se estranhar, afinal esse era um padrão de comportamento que o Judas ainda estava repassando para seus fãs. A produção, em termos gerais, era bem simples. Um palco com dimensões normais, sem exagero, onde a banda consegue se acomodar de forma razoável. Ao fundo, as tradicionais paredes de Marshalls, proporcionando aquele tipo de som que faz com que as guitarras soem da maneira que guitarras soam no mundo real.
O repertório é um desfile de clássicos de um grupo que, finalmente, tinha consolidado sua posição no mercado norte-americano. A minha versão preferida de “Desert Plains” sempre será a deste show! “Sinner” é executada de uma forma bem mais rápida e, quanto a “Breaking the Law”, não importa o quão replicada seja, eu não consigo me cansar da música que, aliás, foi a primeira que eu escutei da banda.
“Live Vengeance” foi o vídeo certo no momento certo. A banda agregaria, nos anos futuros, mais alguns clássicos, principalmente dos álbuns “Defenders of the Faith”, “Turbo” e “Painkiller”, mas o sumo de seu repertório, aquele conjunto de músicas que não podem faltar nas apresentações, já estava todo ali, praticamente. O velho VHS, cheio de defeitos, era um deleite quando não tínhamos outras opções. Não à toa, preservou-se em minha memória de uma forma que a modernidade não conseguirá, jamais, suplantar.

Tracklist
01 The Hellion/Electric Eye
02 Riding on the Wind
03 Heading Out to the Highway
04 Metal Gods
05 Bloodstone
06 Breaking the Law
07 Sinner
08 Desert Plains
09 The Ripper
10 Diamonds & Rust
11 Devil’s Child
12 Screaming for Vengeance
13 You’ve Got Another Thing Comin’
14 Victim of Changes
15 Living After Midnight
16 The Green Manalishi (With the Two Prong Crown)
17 Hell Bent for Leather
Formação
Rob Halford – vocal
K. K. Downing – guitarra
Glenn Tipton – guitarra
Ian Hill – baixo
Dave Holland – bateria