Poucas foram as bandas que conseguimos ver nascer e se “desenvolver” ao longo dos anos. Desenvolver me refiro no tocante às mudanças inevitáveis na sonoridade, integrantes, temáticas, etc, que, ao meu ver, são essenciais para manter o interesse do ouvinte, visando sempre despertar sua atenção para coisas novas e assim descartar as tão peculiares “bolhas” que algumas outras bandas insistem em manter, como uma cúpula de isolamento ao “moderno”.
Veja bem, NÃO estou criticando tais bandas, essas que se mantém fieis ao seu som, por 20, 30 anos. Não droga! (Atualmente é muito chato escrever, uma vez que TUDO o que você expressa acaba “ofendendo” alguém). Cada artista detém seu mérito, por seu trabalho, pelo reconhecimento do público, pela lotação em shows e pelas vitorias e conquistas.
O que eu realmente quero dizer, diretamente, é que o ANGRA foi uma dessas bandas para mim: vi nascer, vi mudar a formação, vi mudar a sonoridade, vi abrir portas ao modernismo, vi enfrentar críticas (infundadas) por apostar em coisas não habituais, em “outros artistas não pertencentes ao cenário Metal”. Enfim, o ANGRA é uma destas bandas que coloco em posição especial em meu rol de artistas que ARRISCAM!
Referente às bandas que se mantém dentro da bolha, ótimo para elas! Palmas por suas conquistas, por após anos e anos conseguirem manter sua estética, sua originalidade. O primeiro (e sempre) nome que me vem a mente é o gigante AC/DC. Digo, do primeiro ao último álbum, existe pouca (ou quase nenhuma) diferença na sua sonoridade -MINHA OPINIÃO. Longe dizer que isso é ruim, obvio que não… O AC/DC é verdadeiramente um dos pais do Rock, e ensinou inúmeras bandas como fazer isso de maneira correta. Mas, dizer que esta é uma banda inovadora, que arrisca novos sons… ai já é forçar.
Já o ANGRA, quem conhece sua discografia, há de concordar que temos “várias bandas” dentro de um nome apenas. Claro, isso deve-se às mudanças na formação? Na produção? Enfim, eu me pergunto: isso faz diferença? A banda vem ao longo dos anos apresentando trabalhos maravilhosos, verdadeiras pérolas do Metal! O novo disco não se parece com o anterior? ÓTIMO! Ou, não?
Conheci a banda em seu debut, na época do lançamento, o saudoso Angels Cry. Acho que um disco nunca girou tantas vezes em meu prato como esse. Os subsequentes trabalhos ainda com o mestre Andre Matos, continuam me soando maravilhosos, mesmo que não se parecendo tanto entre si em sua sonoridade. Claro, a essência se manteve, mas, a obra em si, cada uma tem vida própria.
Com a saída do maestro, e a entrada de Edu Falaschi… começaram os burburinhos… o “mimimi”. Rebirth na minha modesta opinião, continua sendo uma obra atemporal, tanto quanto foi Angels Cry em seu lançamento. Este foi o marco de uma “Nova Era” – fazendo um trocadilho. A banda mudou. Para melhor, para pior? Cada um tem sua opinião, mas, o indiscutível, é que a banda mudou! Isso não se pode negar! Choramingar e permanecer inerte em um pedacinho minúsculo da linha do tempo não irá te salvar, não irá impedir que o tempo continue seguindo o seu traçado – e as mudanças virão da mesma forma.
Esse disquinho “Rebirth World Tour Live São Paulo” é o artefato que desenha toda essa mudança que refiro em meu texto. O espetáculo proposto aqui, foi incrível! Inesquecível! Considero esta uma destas obra atemporais, só que com a emoção do “ao vivo”. Falaschi é um daqueles frontmans que “sabe como capturar seu público. Sua performance no show foi fantástica. Por falar em fantástico, a sonoridade captada é maravilhosa.
Temos aqui simplesmente o melhor do que tínhamos até então de material da banda. Eternos clássicos do maestro como Angels Cry, Carry On, Time, Make Believe e Nothing to Say dividiram espaço – esplendorosamente – com as canções que viriam a se tornar os novos clássicos, como Nova Era, Acid Rain, Heroes of Sand e Rebirth, entre as outras presentes no disco. Duvido que, se você leu até aqui, vai conseguir conter o impulso de clicar no link abaixo. Não tema, clique sem medo e seja feliz!

Gravadora – Paradoxx Music
Lançamento – 2002
Tracklist:
CD1
In Excelis-Nova Era
Acid Rain
Angels Cry
Heroes of Sand
Metal Icarus
Millenium Sun
Make Believe
Drum Solo.
CD2
Unholy Wars
Rebirth
Time
Running Alone
Crossing – Nothing To Say
Unfinished Allegro – Carry On
The Number Of The Beast.
Formação (no disco):
Edu Falaschi – vocais
Kiko Loureiro – guitarras
Rafael Bittencourt – guitarras
Felipe Andreoli – baixo
Aquiles Priester – bateria
Fabio Laguna – teclados