Até então, a amplificação, a distorção e o ritmo vinham em um caminho ascendente. Anos no futuro, bandas como Who, Steppenwolf, Jimi Hendrix Experience ou Blue Cheer passariam a ser denominadas como Proto-Heavy, mas em algum momento haveria o ponto de corte necessário para que uma nova categorização tomasse corpo. Ser pai do Heavy Metral? Não vamos entrar nesse ponto, até porque a natividade do estilo não foi um evento, mas um processo, no qual muitos subeventos entraram no somatório. O que é certo é compreender que a criação do Led Zeppelin mudou o curso que a história do Rock vinha seguindo até então.
Não que já não houvessem supergrupos. O recém-extinto Cream estava aí para demonstrar isso, mas o Zepellin nasceu com esse status ao mesmo tempo que se revelava para o público. Dois reconhecidos músicos de estúdio e dois novatos repletos de talento. Uma cozinha segura e contundente e uma linha de frente explosiva. Um álbum de estreia repleto de Blues, Folk e Hard Rock, intercalando releituras de clássicos com temas próprios arrojados. A banda que, apressadamente, teve que assumir a identidade provisória de New Yardbirds, rapidamente ocupou o seu espaço superando a memória dos Yardbirds originais.
Embora a visão de Jimmy Page fosse a grande força impulsionadora do Led Zeppelin, os seus anseios necessitavam da parceria de um empresário forte, com poder e desenvoltura na indústria musical. Peter Grant era esse homem e se usássemos a batida expressão “o quinto membro da banda” para defini-lo, estariamos fazendo-o com uma precisão pouco usual. Não obstante o entrosamento que se fez presente entre as partes desde o começo, é certo que a dinâmica padrão do período ditou que um primeiro álbum teria que ser concebido logo. A assinatura de Page, Bonham e Jones está presente nas composições, dividindo o espaço com as adaptações de William Dixon, Jake Holmes e Anne Bredon, cujas variações de inclusão nos créditos renderam muitos processos para Page pelas décadas seguintes. Não se nega, porém, que a interpretação, por si só, acrescenta os méritos que a não-autoria tenderia a afastar. Verifique-se, como exemplo, que não há muito pontos de interseção entre as versões de “Babe I´m Gonna Leave You” feitas por Joan Baez e pelo Zeppelin. A melodia base está lá, reconhecível, mas o quarteto inglês desenvolveu-a de modos que a sua criadora não teria sequer imaginado.
Os blues “You Shook Me” e “I Can´t Quit You Baby” traduzem a languidez do estilo de maneiras distintas, enquanto que “Dazed And Confused” e “Your Time Is Gonna Come” apontam para as futuras experiências que viriam a ser praticadas em termos de Progressivo e Folk. Mas dentro de boa parte do imaginário popular, o nascituro estilo que colocou o peso em primeiro plano é aquele com o qual a figura do Zeppelin é mais associada. “Communication Breakdown” figura, então, enciclopedicamente como uma das primeiras grandes composições do gênero.
O fato de a banda ter encerrado atividades, de forma oficial, há mais de 37 anos, não afeta a significância de celebrarmos seus 50 anos, pois o Zeppelin manteve incólumes a relevância e o significado que muitos artistas ativos sequer sonham. Se a influência da banda ainda é poderosa e presente, é porque o tempo se curvou ao seu nome. Na história da humanidade, um Zepelim incendiou e encerrou a era dos veículos do tipo, fato registrado na capa do álbum. Na história do Rock, as chamas foram deliberadas pelo próprio Zeppelin, e ardem até hoje, sob a sombra do gigante de chumbo que eternamente flutua.
Formação
Robert Plant – vocal
Jimmy Page – guitarra
John Paul Jones – baixo
John Bonham – bateria
Músicas
1 Good Times Bad Times
2 Babe I’m Gonna Leave You
3 You Shook Me
4 Dazed and Confused
5 Your Time Is Gonna Come
6 Black Mountain Side
7 Communication Breakdown
8 I Can’t Quit You Baby
9 How Many More Times