O Lamb Of God (From Richmond, fucking Virginia, como costuma dizer Randy Blythe nas apresentações da banda), voltou às origens e sob o primeiro nome da banda, Burn The Priest, lançou um álbum de covers, em 11/05/2018, via Epic Records, com produção de Josh Wilbur, que já vem trabalhando com a banda desde o álbum Wrath (2009). E o que temos é um álbum curto, direto e certeiro, como as bandas punks costumam fazer, só que desta feita, sob o selo qualidade dos “cordeiros de deus”.
Como a própria banda diz em seu press release, em seu site original, “As músicas foram tocadas com a inconfundível aura que manteve a banda na vanguarda por duas décadas, mas finalmente voltou ao cru dos tempos de Burn The Priest”. E os caras não decepcionam.
O disco abre logo com uma porrada, Inherit The Earth, do The Accused, versão que eu já tinha assistido ao clip antes mesmo do lançamento do disco… E que petardo. Aqui é o Lamb of God em sua forma bem crua, porém maravilhoso como sempre, Confesso que não conhecia a banda homenageada e fui escutar a versão original logo depois de ter escutado o cover e a banda não decepcionou na versão, pelo contrário, acrescentou mais técnica e virtuosismo, o que elevou ainda mais o nível da música. Destaque para o trabalho da dupla Mark Morton e Willie Adler, talvez a dupla mais afiada e entrosada da cena metal na atualidade.
E a porrada continua com Honey Bucket, do Melvins. Bela escolha, uma música que tem muito de Heavy Metal, mesmo com seus riffs crus e sem tanta técnica, mas que o Lamb Of God, digo, o Burn The Priest tratou de lapidar a composição, deixando-a com cara de Heavy Metal na sua mais pura essência. Se eu não conhecesse a versão original, diria que a nova música do LOG está maravilhosa. Aqui além da dupla de guitarristas, o destaque vai para o monstro chamado Chris Adler, que prova que a bateria original poderia e deveria ser melhorada. As duas primeiras músicas são o ponto alto do disco e foram ótimas escolhas para abertura do mesmo.
Kerosene, do Big Black é a faixa número três e dá aquela pausa na porrada das duas músicas anteriores, com seu ambiente mais industrial. Esta não me agradou muito não, porém, só para variar, os caras melhoraram a versão, muito em conta pela atuação belíssima do baixista John Campbell. Mas o refrão “Set me on fire, Kerosene/ Set me on fire, Kerosene” gruda como chiclete na sua cabeça e mesmo que a música não te agrade, você se pega cantando este refrão.
Ai o nosso “véio e querido” Stormtroopers Of Death é a banda homenageada da vez com a música Kill Yourself e eleva novamente o nível do disco com velocidade aliada à técnica de todos os integrantes do Burn The Priest. Uma música curta e grossa, ótima versão.
O nível se mantém alto porque o Bad Brains se viu representado, com a excelente I Against I, uma música cheia de passagens diferentes. E se lá em Overlord (do disco VII – Sturm Und Drang) e na faixa The Duke (do ep homônimo) Randy Blythe deu mostras do que pode fazer com sua voz além dos guturais fantásticos, aqui ele repete a dose. Claro que o restante dos músicos também colabora, fazendo uma performance mais que estupenda. Vale lembrar que os “cérebros maus” é uma das bandas favoritas do vocalista (na última turnê dos caras, ele se apresentou com uma camisa do Bad Brains).
A faixa número seis traz uma banda que honestamente eu desconhecia e fui escutar enquanto escrevia essa resenha: Axis Rot é o nome da música e Sliang Laos o alvo do tributo. A Banda é boa e a versão do Burn The Priest não precisou fazer muito nesta versão. Em entrevista recente ao site Revolver, Randy Blythe disse que a escolha desta música partiu de Mark Morton e afirmou também que “o Sliang Laos era a maior banda de Richmond”.
A próxima faixa é certamente a mais famosa entre todas que estão nesta bolacha: Jesus Built My Hotrod, do Ministry. Aqui, mais uma vez o punk dá lugar ao industrial. A banda de Al Jourgensen certamente nem chega perto de ser uma das minhas favoritas, mas reconheço a energia que esta música passa. E o Burn The Priest fez desta música ainda mais enérgica, com mais uma vez o destaque para Chris Adler.
A faixa nove nos traz um tributo a um dos expoentes do crossover, o Agnostic Front e a música escolhida foi One Voice, do álbum homônimo, em versão que o Lamb of God o fez com maestria, porém, eu ainda prefiro a versão original, que me pareceu mais honesta.
Dine Alone, do Quicksand é a penúltima faixa do álbum, uma banda que eu não conhecia e também tratei de escutar a versão original antes mesmo de escrever estas linhas. A banda faz um som em que muito me lembra bandas como Helmet e Corroison Of Conformity. O Quicksand, em meu gosto pessoal, nem fede nem cheira e o cover do Burn The Priest não comprometeu, acabou encorpando mais a versão com seu peso e aqui destaco mais uma vez o baixo de John Campell. A Curiosidade é que esta banda já teve em sua formação o falecido guitarrista e aclamado produtor, Tom Capone.
Fechando o álbum com chave de ouro, uma versão para We Gotta Know, do Cro-Mags. A música tem aquele pique bem punk rock e o Burn The Priest soube manter este pique, com seu jeito de tocar e melhorar tudo o que faz e Chris Adler colocando seu groove na intro da música, coisa que ele faz como ninguém. Ótima versão!
Em 38 minutos de muito peso e que nos faz banguear ao som de alguns clássicos e diminui a nossa ansiedade pelo sucessor de VII – Sturm Und Drang. E há os que especulavam sobre o fim da banda.