Lamb of God: 4 anos de “VII: Sturm und Drang”, o último com Chris Adler

Semana passada a comunidade do Metal recebeu a notícia que já era iminente, mas que ninguém queria de fato que se concretizasse. Porém, o próprio LAMB OF GOD oficializou por meio de suas redes sociais a saída do baterista Chris Adler. Ele que já estava afastado da banda por conta de um acidente de moto que sofrera em 2017, vinha sendo substituído por Art Cruz. Adler até deu algumas entrevistas dizendo que estaria participando da composição do novo álbum e que este sairia até o Natal deste ano, mas um balde de água fria nos foi dado quando Randy Blythe recentemente saiu pela tangente quando perguntado quanto ao retorno do baterista.

E hoje que “VII: Sturm und Drang” completa 4 anos de lançamento, vamos fazer uma crônica sobre este que acabou sendo o último full-lenght com o registro de Chris Adler. É bem verdade que a banda lançou depois o álbum de covers, chamado “Legion XX“, sob o nome de BURN THE PRIEST, mesmo nome que a banda usava em seus primórdios, porém, registro mesmo sob o nome atual, fora este. E vamos a ele.

O ano é 2015 e a banda esteve em pausa durante algum tempo, devido a prisão do vocalista Randy Blythe, na República Tcheca. Ele era acusado de homicídio culposo, por ter empurrado um fã do palco no ano de 2010 e este acabou indo a óbito. Então o LAMB OF GOD concentrou todos os seus esforços na defesa do seu frontman, a banda quase chegou a se separar e eles tiveram de vender até seus instrumentos para que conseguissem fundos e ajudar o colega de banda.

Randy acabou inocentado em 2013, mas enquanto a sentença não saía, ele acabou escrevendo algumas letras enquanto encarcerado. A mais marcante é 512, sobre a qual falaremos mais abaixo.

Então no final de 2014, a banda se juntou ao produtor Josh Wilbur e todos foram ao “NRG Recording Studios”, em Los Angeles. E em 24 de julho de 2015, a bolacha saía pela “Epic Records” nos Estados Unidos e pela “Nuclear Blast“no restante do mundo.

Então temos a abertura com a forte “Still Echoes“, uma música em que Randy descreveu a prisão onde ficou, em que o lugar era usado pelos nazistas para eliminar seus inimigos. Ele disse em entrevista para a Rolling Stone que no final do corredor haviam guilhotinas e que esta música passa a história do que o povo tcheco passou na Segunda Guerra Mundial. Musicalmente é muito boa, porém, bem diferente da sonoridade que o fã do LAMB OF GOD se acostumou com os discos anteriores. Continua pesado, grooveado, mas soa ainda mais moderno e mais técnico do que o usual. Boa surpresa a banda nos preparou.

Em “Erease This” o fã tem um pouco do que a banda fazia em seu passado, uma música rápida, extrema, com uma mudança sutil no seu refrão, ganhando o Groove que a banda jamais abandonou. As coisas começaram bem até então.

512” tem esse título por ser o número da cela em que Randy ficou. E essa é a letra em que ele trata com mais profundidade o tempo em que ficou preso. Musicalmente ela é dotada de um andamento bem cadenciado, com bons riffs, e claro, cheia de Groove. Presença certa em todos os shows da banda.

Embers” é bem moderna e aqui quem dá as caras é Chris Adler com suas batidas bem forte, ele dita os ritmos que o restante da banda irá seguir. E impressiona a técnica do cara. Temos a participação de Chino Moreno, do DEFTONES cantando na parte final. Esta música é a mais técnica do álbum, sem sombra de dúvidas.

Footprints” é a minha favorita do álbum: ela é pesada, técnica, agressiva e novamente Chris Adler com seus blast-beats na introdução e nos bumbos durante as estrofes, vão guiando a dupla Willie Adler e Mark Morton, que fazem um ótimo trampo nas guitarras.

Em “Overlord” temos uma novidade muito interessante em termos de LAMB OF GOD: as belas harmonias, combinadas com a voz limpa de Randy Blythe durante boa parte da música. Mas não se engane, ao final, a quebradeira volta a aparecer e a música se torna outro ponto alto do disco.

Disco que tem um pouco do seu clima quebrado por duas músicas que, honestamente, não me agradaram muito. “Anthropoid“, que tem umas influências punks, e embora seja pesada e bem tocada (nenhuma novidade em termos de LAMB OF GOD), não me convenceram.

O mesmo eu digo para “Engage the Fear Machine“, que os caras ainda incluem no set list de suas apresentações. Essa música além de ser chata, nos traz a sensação de, com perdão ao leitor pela expressão que será usada, coito interrompido. Embora ela carregue tudo o que a banda fez em sua carreira, peso e Groove, eu não consigo gostar deste som.

Mas os caras trazem tudo de volta aos eixos com “Delusion Pandemic“, com riffs monstruosos aliados a bateria certeira de Adler, com muito Groove. Excelente som.

O disco se encerra com “Torches“, uma música que não é rápida, mas se destaca pelo seu clima atmosférico, por ser densa, e ela fica ainda melhor após o refrão, onde ganha contornos dramáticos e fica ainda mais pesada.

Porém, este redator que vos escreve tem em mãos a versão deluxe, que contém duas faixas bônus: são elas a interessante “Wine and Piss“, em que guitarras com influências mais country se revelam na introdução e no refrão, com o devido acréscimo de qualidade que o LAMB OF GOD sempre acrescenta. E fechando a obra de verdade, temos a mortal “Nightmare Seeker (The Little Red House)”, onde mais uma vez Chris Adler brilha, trazendo seus companheiros de banda a tira-colo.

Chegamos assim, ao final de um disco que se está longe de ser dos melhores já lançados pelo LAMB OF GOD, tem bons momentos e acaba ficando marcado por ser a última participação desta fera Chris Adler tocando bateria na banda que ajudou a formar.

Particularmente, eu tenho uma relação de muito carinho com este álbum, pois foi o primeiro disco da banda que eu realmente dei atenção, pois antes eu havia escutado os dois primeiros e odiei. Na verdade eu os odeio até hoje, mas foi através de “VII: Sturm und Drang” que eu revisitei a discografia dos caras e me tornei um fã incondicional.

Tive a inesquecível oportunidade de estar com estes caras por três dias e meio, vamos dizer assim. Foi durante o Rock In Rio em 2015 e eu trabalhava em um hotel que ficava em frente a um dos locais que sediaram o evento ao longo dos anos. Essa história, eu contarei com mais riqueza de detalhes em uma ocasião mais apropriada, mas posso vos antecipar que fora além de uma experiência enriquecedora, foi aquela coisa do fã poder estar ali do lado dos caras, conversando quase que diariamente. Na época eu nem sonhava que um dia seria redator de um site tão grandioso como a ROADIE METAL, então prefiro nem pensar no remorso de ter perdido uma entrevista exclusiva… Não pude assistir ao show do Rock In Rio, o fiz pela TV, mas em 2017 eles voltaram ao Brasil e eu não perdi a oportunidade, foi um showzaço.

Seja como for, nós desejamos a Chris Adler sucesso em seu próximo projeto, lamentamos a sua saída, desejamos a Art Cruz igual sucesso. Não é fácil substituir um cara tão técnico quanto Chris e fiquemos no aguardo de um novo álbum do LAMB OF GOD.

Lineup:
Randy Blythe – Vocal
Willie Adler – Guitarra
Mark Morton – Guitarra
John Campbell – Baixo
Chris Adler – Bateria

Tracklisting:
01 – Still Echoes
02 – Erease This
03 – 512
04 – Embers
05 – Footprints
06 – Overlord
07 – Anthropoid
08 – Engage the Fear Machine
09 – Delusion Pandemic
10 – Torches
11 – Wine and Piss (Bônus track)
12 – Nightmare Seeker (The Little Red House) (Bônus Track)

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