Em 8 de junho de 1999, o LACUNA COIL lançava o seu álbum de estreia, Este é um dos aniversariantes de hoje e vamos dedicar um texto a este belíssimo álbum,A banda, que foi formada em 1997, havia lançado um EP bem recebido pela crítica e público no ano de 1998 e serviria como um termômetro para o primeiro álbum completo dos italianos.

O final dos anos 1990 representou um renascimento para o Heavy Metal de uma maneira geral. Grandes bandas voltavam a lançar bons álbuns e surgia uma nova tendência: as bandas com vocais femininos. O LACUNA COIL certamente é uma das mais bem sucedidas deste nicho, E tudo começou aqui com “In a Reverie”.

Para a gravação de “In a Reverie”, a equipe era quase a mesma erm relação a que gravou o EP homônimo. Waldemar Sorychta novamente na produção, a única baixa era a do guitarrista Claudio Leo, que saiu antes de a banda começar a gravar o álbum. Assim sendo, todos foram ao “Woodhouse Studios”, entre os meses de outubro e novembro de 1998.

Em declaração à época do lançamento, a vocalista Cristina Scabbia deu uma declaração sobre a temática abordada pela banda em “In a Reverie”. Aspas para a frontwoman:

Não é um verdadeiro álbum conceitual, não existe um tema principal para todas as canções. Tentamos explorar coisas diferentes. Nós escrevemos sobre o amor, a liberdade, a vida cotidiana, tudo depende da música,

Vamos colocar a bolacha para rolar e a faixa de abertura é “Circle”, uma música densa e com a voz doce e suave de Cristina Scabbia. É uma música bem agradável e que mais se parece com um Prog do que Gothic.

Outra música muito boa é “Stately Lover”, essa mais pesada que a anterior e com doses de melancolia. Aqui, a voz masculina de Andrea Ferro entra para duelar com a fineza de Scabbia. A vocalista falou sobre esta música, em entrevista para a “Metal Hammer”, no ano de 1999. Confira:

Stately Lover ‘fala sobre a rejeição das regras da sociedade, não porque somos anarquistas, ou alguma coisa, mas queremos ser livres em nossas escolhas. Sabemos que não estamos fazendo nada de errado, mas rejeitamos as regras que a sociedade lhe impõe

Honeymoon Suite” é outra música sensacional em que a atmosfera densa toma conta de tudo. Sobre essa música, aspas para a bela Cristina Scabbia, na mesma entrevista concedida à “Metal Hammer”:

Honeymoon Suite” é um título muito irônico. Trata-se de uma relação entre um homem e uma mulher, que luta por amor, e uma suite nupcial é um lugar que deve ser doce e cheio de amor.

Chega a minha faixa favorita de toda a carreira da banda: “My Wings”. Uma faixa que longe de ser Heavy Metal, ela tem muita influência de New Wave. Mas é agradável demais de se ouvir. Esta foi a primeira música da banda que eu ouvi e eu gostei muito na época.

A quinta música é a bela e melancólica “To Myself I Turned”, onde novamente a voz de Scabbia casa perfeitamente com essa sonoridade Gótica, encerrando assim uma sequência com cinco faixas que abriram o disco de uma maneira excelente.

Cold” é um pouco mais pesada, não tão ótima quanto as anteriores, mas não se trata de uma música ruim. Até tem um belo solo, com muita melodia. Já “Reverie” é outra excelente canção, com muita melancolia, ao mesmo tempo relativamente pesada e densa.

Venis of Glass” traz de volta as influências das bandas Gothic Rock dos anos 80, com o diferencial de ter a fantástica Cristina Scabbia e seu belo timbre vocal. Uma música que se não é tão espetacular como as anteriores, tem seu valor.

Aí chega “Falling Again”, que fora lançada no EP anterior apenas como “Falling” e aqui ela tá bem diferente, uma espécie de remix, umas batidas que honestamente, estragaram a música, que em sua versão original tem apenas a voz de Scabbia acompanhada de acordes de violão sem distorção e um baixo bastante melancólico. Mas a versão aqui gravada não estraga o que foi feito no trabalho por completo. Foi apenas um escorregão, que nós perdoamos.

Em 42 minutos temos uma excelente estreia que fez com que a banda já começasse sua história estando na crista da onda e a prova disso é a legião de fãs que eles conquistaram ao longo dos anos. Eu particularmente tenho um sentimento nostálgico e também de muito carinho. Assim como tantos outros álbuns de Metal, eu conheci o LACUNA COIL através da extinta revista “Planet Metal” e isso me fez procurar por material da banda. Hoje eu já não curto mais o direcionamento que eles tomaram, mas sigo respeitando o trabalho deles, e, não posso deixar de reconhecer Cristina Scabbia como um dos maiores talentos já revelados nos últimos 20 anos.

Em 2005, “In a Reverie” foi relançado pela Century Media. Ganhou também uma versão na Argentina, através do selo “Icarus Music”. Esse relançamento não tem faixa bônus, a única diferença é a capa e o papel de parede da capa disponível para download.

Capa da edição de relançamento em 2005.

Desejamos uma longa vida ao LACUNA COIL. Está aí mais uma boa opção para audição neste dia que para nós headbangers brasileiros é muito triste, em virtude de ser a data que perdemos o grandioso Andre Matos. Não se esqueça de seguir as orientações da OMS e fique em casa. E se precisar sair de casa, use a máscara,

Capa original do nosso aniversariante de hoje.

In a Reverie – Lacuna Coil
Data de lançamento: 08/06/1999
Gravadora: Century Media

Tracklisting:
01 – Circle
02 – Stately Lover
03- Honeymoon Suite
04 – My Wings
05 – To Myself I Turned
06 – Cold
07 – Reverie
08 – Venis of Glass
09 – Falling Again

Lineup:
Cristina Scabbia – Vocal
Andrea Ferro – Vocal
Cristiano Migliore – Guitarra
Marco Coti Zelati – Baixo
Cristiano Mozzati – Bateria/Percussão

Special Guest:
Waldemar Sorychta – Teclado