Em 24 de Maio de 2010, os veteranos paulistanos do KORZUS lançavam o aclamado álbum “Discipline of Hate“. Este que em minha opinião é o melhor disco da banda.
Embora esteja na ativa desde 1983, o KORZUS é uma banda que lança discos com um hiato muito grande, tanto que este, é apenas o quinto full-lenght de sua carreira.
Em “Discipline of Hate“, temos a primeira gravação com o novo guitarrista, Antonio Araújo, que substituiu um dos fundadores, Silvio Golfeti. E Antonio acabou por formar junto com Heros Trench, a dupla de guitarristas mais letal da cena brasileira.
E com esta sutil troca na formação, todos foram ao Mr. Som Studio, na capital paulistana, sob a produção de Marcelo Pompeu e Heros Trench e saíram de lá com esse petardo.
A bolacha abre com a faixa título, que é uma pedrada. A dupla de guitarristas se mostra afiada, como se ambos tocassem desde os primórdios. Que sonzaço.
“Truth” é moderna, com direito a groove, mas sem a banda esquecer seu Thrash Metal, desta vez com uma nova roupagem, que ficou poderosa! Os caras do KORZUS sabem botar peso e fazer música agressiva, de forma concomitante.
“2012” é a minha favorita deste play, onde a banda manda seu recado sobre o tal “fim do mundo”, que os Maias haviam “previsto”. Como sabemos, o mundo não se acabou, mas a música é crua, rápida, mortal e seria um tema perfeito para o fim do mundo (se é que isso irá algum dia acontecer de fato).
“Raise Your Soul” é pesada, com um andamento não tão rápido quanto a anterior e aqui o destaque é para a bateria de Rodrigo Oliveira. O cara não dá sossego ao seu bumbo duplo.
“My Enemy” tem espaço para a banda mostrar (mais uma vez) que pode fazer música agressiva, ao mesmo tempo técnica, enquanto que “Revolution” é música para você se acabar no mosh. Ela é veloz, furiosa e muito dessa fúria, mais uma vez é por conta dos bumbos de Rodrigo Oliveira.
Em “Revolution“, a banda volta com a velocidade nas palhetadas de Heros Trench e Antonio Araujo. Outra música que o ouvinte não consegue ficar sem bater a cabeça e nem tampouco resistir a um mosh.
“Never Die” já tem um andamento mais cadenciado, onde os destaques são os riffs da dupla de guitarristas que acertaram em tudo por aqui.
“Slavery” é outra das minhas favoritas, onde o KORZUS faz jus ao título de SLAYER brasileiro. E aqui não é a intenção de dizer que os brasileiros estão copiando uma das bandas do “The Big 4” e sim mostrar que em terras tupiniquins podemos fazer um som tão (ou até mais) agressivo quanto os da bandas de fora. E a mudança no andamento no final desta música ficou realmente perfeita, com talvez, os melhores riffs já criados pelo KORZUS em sua história.
“Last Memories“… Esta música não é tão nova para quem já conhecia o KORZUS, no meu caso, há 20 anos. Lembro-me que havia escutado essa faixa, se não me engano, em um CD encartado na revista “Trip“, isso ainda em fins dos anos 90. Já tinha gostado daquela “velha” versão, mas aqui, modernosa, ela ficou ainda melhor. Não é das músicas mais rápidas dos caras, mas é pesada, muitíssimo bem trabalhada. E um ponto para os caras, essa música não merecia ficar de fora de um disco deles, embora ela tenha sido lançada no álbum “Live at Monsters of Rock”.
“Under His Command” traz de volta a velocidade ao álbum, desta vez combinada com uma certa grooveada no meio da música. E Rodrigo Oliveira segue impiedoso com seu bumbo. Impressionante como esse cara toca. E eu já vi várias vezes o KORZUS ao vivo.
“You Reap What You Sow” é a única música do álbum que eu não curto tanto assim, mas nem por isso ela é uma música ruim. É apenas questão de opinião. Ela é mais arrastada, mas tem bons riffs de guitarra.
O final do álbum se aproxima, com duas pauladas na orelha: “Hell“, simplesmente maravilhosa, com aquela levada bem Thrash Metal, onde, podemos perceber as influências de um TESTAMENT, por exemplo. Muito boa.
E fechando o disco, temos “Hypocrisia“, a única cantada em português. Uma outra música rápida, pesada, bem ríspida. Não poderia ter uma música melhor para encerrar essa obra, que do início ao fim foi bem produzida, bem tocada, caprichada.
Existe uma versão deste álbum que conta com uma faixa bônus, a excelente “I am Your God“, pesada, sombria e que teve direito a um videoclipe oficial, na qual a banda alerta sobre a violência contra as mulheres.
A minha relação com este álbum é de muito carinho. Por muito tempo logo após seu lançamento, ele foi um disco que eu escutava todos os dias, sem cansar. Principalmente quando eu estava me deslocando para o trabalho. E ainda o escuto nos dias de hoje. Embora “Legion“, o disco que sucedeu o homenageado de hoje apresente ainda mais maturidade musical dos caras, este ainda é considerado por mim o melhor, claro, sem desmerecer o lindo “Mass Illusion” .
Apesar de ainda ser bem novinho, já podemos colocá-lo na prateleira dos grandes álbuns do Metal nacional. O KORZUS sempre se manteve fiel aos seus princípios, e principalmente, ao seu som. E hoje eu afirmo categoricamente que é a melhor banda em atividade em nosso país. Tudo que posso fazer é usar este espaço para dizer a esses caras: “Muito obrigado por existirem”. E que continuem assim, vocês ainda tem muita lenha para queimar.
Lineup:
Marcello Pompeu – Vocais
Dick Siebert – Baixo
Heros Trench – Guitarra
Antonio Araujo – Guitarra
Rodrigo Oliveira – Bateria
Tracklisting:
01 – Discipline of Hate
02 – Truth
03 – 2012
04 – Raise Your Soul
05 – My Enemy
06 – Revolution
07 – Never Die
08 – Slavery
09 – Last Memories
10 – Under His Command
11 – You Reap What You Sow
12 – Hell
13 – Hypocrisia
14 – I am Your God (Bônus Track)