Você com certeza já ouviu falar de Hateen. Durante a década de 2000, a banda emplacou alguns hits de sucesso como “Quem Já Perdeu um Sonho Aqui” e “1997”, muito por conta da MTV, que abria espaço para muitas bandas da época. O Hateen havia acabado de lançar seu primeiro trabalho em português, chamado Procedimentos de Emergência, trabalho este que fora lançado pela Arsenal Music/Universal Music. Mas, por que será que o Hateen acabou voltando para a cena independente?
Hoje, dia 16/01/18, Rodrigo Koala completa 45 anos de idade. Ele segue fazendo shows com o Hateen pelo Brasil e fazendo parte do cenário independente da música, onde a própria banda corre atrás de seus compromissos, da divulgação, da composição e finalização de seus trabalhos. Após o álbum Procedimentos de Emergência, a banda lançou mais 2 trabalhos em português e de forma independente: Obrigado Tempestade, de 2011 e Não Vai Mais Ter Tristeza Aqui, de 2016.
No dia 22 de dezembro de 2017 a banda fez sua última apresentação na casa mais importante do Hardcore independente de São Paulo: Hangar 110. Para presentear os fãs e, por que não, a própria banda, resolveram gravar seu primeiro DVD neste show. O último show da casa fora no dia seguinte, com CPM 22 encerrando o ciclo, a casa, então, encerrou suas atividades.
O Hateen já havia gravado 3 álbuns de estúdio e mais 2 EP’s em inglês, quando, em 2006, resolvera gravar seu primeiro trabalho em português. Isto aconteceu muito pelo sucesso de algumas composições feitas por Rodrigo Koala (vocalista e guitarrista do Hateen) terem virado hits, principalmente com a banda CPM 22: “Não sei viver sem ter você” e “Um minuto para o fim do mundo” são alguns exemplos. Koala também compôs para bandas como Ira! e Glória, além de ser o principal compositor do Hateen. Após ver suas letras ém português fazerem sentido para o público e ganharem notoriedade, a banda resolveu mudar o idioma de suas composições e arriscaram compor em português. Decisão acertada.
Mas se a banda conseguira uma gravadora e emplacou hits na MTV, por que voltaram ao underground? Muito se deve pela independência que isso traz: sendo dono do próprio trabalho, eles podem levá-lo da maneira que preferirem. Tempos atrás mesmo, o baixista do Hateen (Leon) acabou tendo filho e pediu uma folga das apresentações da banda, o que gerou um tipo de show diferente e acústico que o Hateen fez em algumas datas no período. Além disso, eles podem falar sobre o que quiserem, da forma que quiserem e fazer seu trabalho utilizando todas as ferramentas atuais de comunicação sem ter alguém mandando como tudo deve ser feito.
Em algumas entrevistas, Koala deixou claro que faz música por amor. Claro que ninguém trabalha de graça, mas ele disse como é difícil a vida no underground e como conciliar a vida familiar com as viagens, a precariedade de várias casas e eventos onde tocam e todas as dificuldades que o cenário undergorund oferece, como tudo isso junto é complicado de lidar. Sim, você manda no próprio trabalho, mas tudo isto tem um preço que, para muitos, pode ser muito caro.
O último trabalho de estúdio da banda chama-se Não Vai Mais Ter Tristeza Aqui e trata de diversos temas como: luta contra depressão, luta contra vícios, amores não correspondidos, saudade, cotidiano de lutas de uma pessoa, frieza sentimental, esperança, entre outros. Certamente um trabalho com uma maturidade musical onde a banda explorou temas mais diversos e fez um bom trabalho de arranjos e melodias, fazendo com que as músicas tenham qualidade e sejam cantadas pelos fãs durante os shows pelo país. Quem já fui a um show do Hateen sabe que, mesmo a banda estando longe da mídia, os fãs espalhados pelo Brasil ainda acompanham seu trabalho de perto e cantam todas as músicas em alta voz, do começo ao fim do show.
Parabéns, Koala, primeiramente pelo seu aniversário e, depois, pela luta e pela garra em amor ao que faz: a música. Na caminhada independente são muitos os que desistem pelo caminho e poucos os que perseveram. Seu público agradece pela luta, pelos shows, pelos trabalhos e pelo carisma, fazendo com que seu trabalho seja importante para muita gente e que seja acompanhado de perto até hoje.
Para encerrar o texto, talvez uma das melhores músicas que já ouvi que encerram álbuns: “Despedida (Com Dó Menor).