Na última quarta-feira, 25, mais um álbum ficou mais velho: e esse não é um disco qualquer. Estamos falando do debut do Metallica: Kill ‘Em All. Aqui tentaremos fazer uma resenha que ressalte a importância deste disco, completados 35 anos de lançamento.
Sabemos (se não todos, a grande parte de nós) dos problemas enfrentados pela banda nos meses anteriores à gravação deste disco: a relação da banda com seu guitarrista solo, Dave Mustaine, ia de mal a pior e a banda viajou da costa oeste para o leste dos Estados Unidos na busca de alguém que bancasse a gravação (falaremos sobre algumas curiosidades acerca da gravação deste álbum em breve). Então se hoje, o Metallica se tornou a maior banda do Mainstream, tudo é fruto do que esses caras ralaram, lá nos primórdios dos anos 80.
Os executivos das gravadoras que recusaram-se a lançar o disco que sairia com o nome de “Metal Up In Your Ass“, hoje devem se arrepender de não ter apostado seus milhares de dólares naquela que seria a sua galinha dos ovos de ouro. Porém, um “tal” de Johnny Zazula, impressionado com o poder de fogo da banda, investiu e criou um selo para lançar o álbum, que acabou sendo rebatizado, após o baixista Cliff Burton, indignado por não aceitarem o nome original do play, bradou a quem quisesse escutar: “Matem a todos”.
Problemas “resolvidos”, guitarrista novo na banda, os caras entraram no Music America Studios, em Nova Iorque e iniciaram as gravações das músicas que já eram conhecidas do público que conhecia e acompanhava a banda. Com produção de Paul Curcio, que havia trabalhado com Carlos Santana, eis que o primeiro disco da banda veio a ser concebido, em 17 dias de sessões e a um custo estimado de “apenas” 18 mil dólares.
A abertura apoteótica se dá com Hit The Lights, um verdadeiro petardo do Metal na época e foi a primeira composição da banda. Uma música em que vc pode perceber a capacidade de tocar de maneira rápida e instintiva da banda, mesmo que a produção não tenha ajudado.
The Fourhorseman é a música número dois e tem uma levada não tão rápida quanto a faixa anterior, mas muito interessante. A banda acabou trocando a letra e o título após a saída de Dave Mustaine da Banda, mas não tem problema: Musta lançou a versão original com um andamento mais rápido. As duas versões são ótimas, cada uma a sua maneira, mas como o redator aqui prefere andamentos mais rápidos, eu fico com Mechanix.
Motorbreath é uma das minhas faixas preferidas deste álbum, com seus riffs cavalgados e tocados a toda velocidade. Aqui cabe outra polêmica com o Megadeth. Anos após o lançamento deste álbum, Dave Mustaine teria copiado os riffs desta música em uma composição chamada FFF, lançada no disco Cryptic Writtings. De qualquer forma, eu amo as duas músicas.
Intercalando uma música mais rápida e outra com andamento não tão rápido assim, temos Jump In The Fire, uma música que parece inofensiva, mas é bem interessante. Mais uma boa canção deste disco.
Uma “pausa” para um solo de baixo de Cliff Burton em Anesthesia (Pulling Teeth) e aqui temos um lado mais experimental, com acompanhamento da bateria de Lars ao final. Reza a lenda que era esta a música que Cliff tocava quando James e Lars observavam-no tocar em sua antiga banda e eles ficaram alucinados quando caíram em sí que não se tratava de um guitarrista e sim de um baixista usando o pedal “wha-wah” para distorcer o som.
A banda retorna com seu som rápido e matador numa das músicas mais letais e insanas de sua carreira: Whiplash. Aqueles riffs de guitarras, embora ainda um tanto quanto primitivas levam o ouvinte ao delírio e a quebrada na velocidade do refrão dá o encaixe perfeito à música.
Phantom Lord é a faixa número sete e traz uma mistura de andamentos, o início bem rápido, depois um andamento mais devagar, uns riffs mais pesados, para a volta com muita velocidade nas guitarras e Cliff Burton segurando bem a base enquanto as guitarras solam. Boa faixa.
A faixa a seguir, é No Remorse, outra das minhas prediletas deste álbum, com diversas mudanças de andamento. Para quem ainda não ouviu, recomendo que dê uma conferida na versão que o Cannibal Corpse fez, na “hidden bonus track” do álbum Gore Obsessed. Os caras conseguiram melhorar o que já era ótimo.
Seek & Destroy é até hoje o hino da banda e música obrigatória no set list da banda, uma música que não tem a velocidade como característica, mas que já mostrou de cara que os caras tinham talento para compor e isso seria demonstrado nos álbuns posteriores. Uma ótima canção e com refrão que gruda mesmo, não tem jeito.
Metal Militia fecha o álbum com chave de ouro, em uma música que privilegia os riffs e a velocidade. Muito boa. Eu conheci essa música lá nos anos 90, quando assistia ao programa Fúria (não darei uma de true para vocês, eu não peguei a fase em que o programa tinha o “Metal” no nome) e a música era tema de abertura do programa e em pouco tempo eu estava com o cd nas mãos e podendo bater cabeça ao som deste hino do Thrash Metal.
Enfim, um álbum que, apesar de a produção não ter sido tão boa e da inexperiência dos jovens em estúdio, estamos diante de um grande disco que, se não é o melhor da história do Thrash Metal, foi o divisor de águas não só do estilo, mas também do estilo. E era somente o pontapé inicial do que seria a máquina de fazer dinheiro que se transformaria o Metallica. O resto é história.