É chover no molhado dizer que discos solos de guitarristas é um risco alto. Às vezes é bom nem dar bandeira de que se trata de um trabalho nestes moldes, pois uma boa parte do público tem aversão a isso. E os motivos são plausíveis, muitos deles devido a exacerbação da técnica do qual muitos músicos usam como motes… aí parece que é música feita para músico, ou pior, a impressão é que é exibicionismo, aula, workshop, menos música.
Mas, como toda generalização é burra, tem guitarrista que sabe trabalhar, como diria meu tio. E pode ter certeza que estamos diante de um deles. Afinal de contas, o portorriquenho Israel Romero Pérez mostra como pode unir música com boa técnica e feeling.
E olha que estamos falando do disco de estreia do guitarrista. Antes de lançar este trabalho intitulado “A World With Many Names”, Israel foi e ainda é músico e fundador da banda The Wrong Sides, que continua na ativa com seu prog metal portentoso. Aliás, essa é uma das apostas de Israel, pois notamos que ele investe bastante no estilo, mas não fecha seu leque, entregando também elementos do rock clássico e leves pitadas de heavy metal, guardadas as devidas proporções.
Temos que salientar, antes de destrinchar algumas faixas do disco, a qualidade da produção de “A World With Many Names”. Sim, porque chama muita atenção a qualidade dos timbres, além da organicidade que o trabalho conseguiu atingir explorando o melhor da tecnologia atual. Tudo muito límpido, bem distribuído e lapidado.
E de cara o disco nos entrega uma trinca inicial de tirar o fôlego, além de provar que Israel primou muito pelo contexto musical do disco. Afinal de contas, baixo e bateria, além de teclados discretos, mas essenciais, têm seu espaço e aparecem com louvor nas sete composições.
A faixa título abre o disco como deve ser, servindo perfeitamente como um cartão de visitas, mostrando todos os requisitos com um começo brando que vai ganhando corpo em melodias um tanto quanto introspectivas. “The Storyteller” escancara a influência de Joe Satriani do início dos anos 90, enquanto “All The Beautiful Things” segue uma linha romântica dinâmica, com licks bem apurados.
Não que o disco caia de qualidade, mas essa trinca deixou o sarrafo lá no alto e as outras faixas, que são magistrais, parecem que estão um patamar abaixo, até chegar “Cartoon Walk Cycle”, que prova que Israel é, inclusive, um belo de um riffmaker.
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https://israelromero.bandcamp.com/album/a-world-with-many-names
