Iron Maiden: “voltar para a banda foi a melhor coisa que já fiz na vida”

Em nova entrevista sobre sua autobiografia para o site do jornal britânico Metro, Bruce Dickinson abordou outros assuntos bastante interessantes, como sua carreira como vocalista do Iron Maiden, aviação e sobre sua batalha contra o câncer.

Em sua autobiografia, você não menciona seus casamentos ou filhos. Não dá uma imagem desequilibrada de sua vida?

Nenhuma autobiografia oferece uma imagem equilibrada da vida de alguém. Deve ser divertido, informativo, talvez engraçado, talvez faça as pessoas sentirem como é estar em alguns dos lugares que eu já estive. Poderia ser mais inclusivo, mas então teria mais de 800 páginas.

Apesar de seu enorme sucesso, subestimam o Iron Maiden por ser uma banda de Heavy Metal?

Não, somos extremamente apreciados pelos nossos fãs. Se alguém nos aprecia pouco ou não gosta de jeito nenhum, não importa. Somos um nicho e estamos orgulhosos disso. Eu não gostaria de estar no mainstream pois não tenho certeza do que isso implicaria, talvez ter pouca integridade, soprando com o vento e me transformando em uma estrela de reality shows da TV, o que é uma bosta.

As turnês são menos atraentes à medida que você envelhece?

Nós terminamos uma turnê mundial alguns meses atrás e foi incrível. Nós fizemos 50 shows e 72 no ano anterior. Nós não precisamos mais dormir em vans, o que torna a vida mais fácil. Fazer quatro shows de duas horas por semana é uma carga de trabalho elevada, mas se estivéssemos fazendo menos, sentiríamos que estávamos perdendo o controle.

É uma pena que outras bandas não usem monstros infláveis gigantes em seus shows nos dias de hoje?

Bem, isso depende do que você está tentando dizer. No que nos diz respeito, nosso show é parte integrante do que fazemos. Usamos infláveis no começo e agora usamos uma mistura de panos de fundo tradicionais, fogos e infláveis mais avançados. Não vejo sentido em usar aqueles telões gigantes que as pessoas gostam tanto. Pra quê ter o maior iPhone do mundo atrás de você?

Em retrospectiva, se você tivesse lançado “Bring Your Daughter … To The Slaughter’ antes, teria sido um Christmas No.1?

Nós nos divertimos muito com isso e quanto ao número 1, quem se importa? De qualquer jeito, chegou ao número 1. A BBC estava relutante em tocar, mas tenho um certo interesse e desprezo por eles, alternadamente – algumas coisas na BBC são excelentes, outras nem tanto.

O que você mais gosta em ser um piloto de aviões?

Eu gosto realmente de voar. É uma grande corrida, muito estimulante e fico satisfeito em fazer um bom trabalho.

Você recentemente teve um câncer na garganta causado pelo HPV. Os garotos deveriam receber a vacina contra o HPV, bem como as garotas?

Sim. É ridículo ter um sem o outro. Mas, tendo dito isso, só há vacina contra duas cepas e existem outras cepas que podem causar o câncer. Eu tive uma das cepas que você pode vacinar – HPV 16. É a mesma coisa que causa câncer de colo do útero e, infelizmente, é muito comum e pode chegar a proporções epidêmicas em homens com seus trinta e poucos anos.

Há uma falta de consciência acerca disso?

Sim. Se uma mulher contrai câncer de colo do útero, chegamos ao ponto em que as pessoas começam a dizer que é porque ela é promíscua – mas as pessoas não parecem ter ultrapassado esse ponto em relação aos homens que têm câncer relacionado ao HPV, o que é uma das razões pelas quais homens ficam calados sobre isso. Estou cheio porque sou uma figura pública e tive que cancelar uma turnê mundial por causa disso, então as pessoas queriam saber por quê. Mas é bom, pois ao falar sobre isso, posso ajudar a aumentar a conscientização.

O tratamento do câncer afetou a forma como você canta?

De uma forma menor, pois todas as notas mais altas ainda estão lá. Eu tinha algo do tamanho de uma bola de golfe que foi retirado da minha língua com radiação e mudou a forma da minha garganta. Tive sorte. Poderia ter tido um resultado muito mais sério, como a morte.

Qual o maior erro que você cometeu em sua carreira?

Não tenho a certeza, mas a melhor decisão que tomei foi voltar pro Iron Maiden. Demorei um pouco para tomar a decisão pois achava que a nova banda seria um desastre.

Quais as lições que você aprendeu com sua carreira na indústria da música?

Nunca, nunca desista.

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