Iron Maiden Curiosidades parte 8 – O inicio do rompimento de Bruce com a banda e o disco Tattooed Millionaire.
O final dos anos 80 foi sem dúvida o fechamento de um ciclo onde as pessoas estavam a começar a mudar os rumos da música pesada. Com uma década dedicada ao Metal, a necessidade de um novo trabalho baseava-se em aumentar a velocidade deste som, sujar a voz, aumentar os riffs e acordes da guitarra, ao mesmo tempo mudar o ritmo, pois alguns já estavam um bocado fartos do metal em si, buscando um caminho qualquer no Rock, sem que tudo tivesse uma obrigação harmônica ou um padrão. Foi uma época em que também começaram as ramificações do estilo.
Enquanto os formadores do Thrash e do Death avançaram para sons mais sujos e cada vez mais rápidos, uma parte dos integrantes das antigas bandas de metal e com suas influências, começaram a verter para estilos um bocado diferentes, mas ainda barulhentos. Foi então que no inicio dos anos 90 surge o Grunge, com aquela aquele peso delineado pela cultura norte americana, nomeadamente em Seattle, e que daria outra cara para o rock pesado. Enquanto isso, o Metal no resto do mundo, buscava um lugar para estar.
Para o Iron Maiden essa fase foi exatamente o período pós o desgaste traumático de anos em tournês, substancialmente longas e cansativas, mas que trouxeram à carreira da banda o sucesso absoluto e perpetuado por muitos registros. Depois da tour de Seventh Son of Seventh Son, eles já estavam mais cansados, mais ricos, contudo ainda jovens e cheios de energia para suas carreiras. O cansaço também era de ideologia, era aquele momento em que você não tem mais 20 anos, mas não amadureceu o suficiente como nos 40 e vai fazer muito mais por si, do que para sua família, grupo social ou trabalho.
Foi assim que Bruce e Adrian se sentiram, e o bichinho da insatisfação começou a mexer dentro deles. Por esse motivo, depois da tour do “Seventh Son…”, Adrian pediu para sair. Não concordava, estava exausto e iria partir para alguma coisa que fizesse sentindo naquela época. Não foi diferente para Bruce. Contudo, Bruce criou uma dualidade em sua vida profissional, e ao contrário de Adrian, só largou a banda depois de ter certeza que seu trabalho paralelo decolasse.
Portanto foi em 1990, que Bruce lançou seu primeiro projeto pessoal Tattoeed Millionaire, com o conhecido ex-guitarrista de Ian Guillan, Janick Gers, que também se tornou o guitarrista do Iron Maiden, após a saída de Adrian.
Sim, Janick abraçava junto à carreira solo de Bruce, o álbum: No Prayer for Dying.
No Prayer for Dying já havia começado diferente com a inclusão da canção de Dickinson: Bring your daughter to the slauther, que foi contratada para ser trilha sonora do filme Nightmare On Elm Street 5: The Dream Child(A Hora do Pesadelo 5) e também conquistou os ouvidos de Arry (apelido do baixista Steve Harris)
Vamos falar do projeto Tattooed Millionarie de Bruce Dickinson.
A critica estampada do “eu não quero ser um milionário tatuado“, esbarra com questões antigas e pessoais de Bruce, ao mesmo tempo que este, uma celebridade desde já , desenha sua própria personalidade e carreira individual. Bruce sabia que duas coisas estavam acontecendo ali: Uma necessidade de se afastar do Iron Maiden, seja no seu estilo musical (com um gradativo desligamento da banda e afirmando seus talentos individuais) e o interesse em se modernizar com outras temáticas musicais presentes em toda década de 90.
Entretanto, Bruce retornaria a banda no final desta década e ainda iria lançar mais um trabalho de sua carreira paralela com o álbum: Tyrany of Souls (2005).
Prováveis motivos para o rompimento de Bruce com a banda em 1993 .
1- Criar sua própria carreira solo
2- Fase em que seu planejamento familiar estava em ter e criar os seus filhos que começam a nascer no inicio de 90
3- A necessidade de se afastar do “powerslave” da grande indústria discográfica
4- O interesse em mudar de cabelo, de postura e de se envolver em outros interesses
5- Sua carreira na aviação
6- Sua atividades paralelas como a esgrima, programas de TV e livros.
Tattoed Millionarie é lindo e diferente de tudo. Ouçam sem julgamentos e comparações. Suas canções demonstram a necessidade de afirmação pessoal e liberdade do vocalista.
As músicas
Son of Gun – Um som para suas tours, fala essencialmente de coragem. Nas entrelinhas, podemos ver o momento em que ele se afirmava como artista consagrado e também já começando a se sentir independente do Iron Maiden.
Ride on you son of a gun. Ride on. Ride into the setting sun.
Tattoeed Millionaire – Estar rico e famoso é bom, mas também a certos tipos de futilidades, que Bruce não está sujeito a aguentar no mundo dos VIPS e Jetsets. Depois da década de descoberta do consumo (anos 80), o jovem milionário do Iron Maiden pensa que pode ter dinheiro e fazer um melhor uso dele (investir em aviação, por exemplo). A critica é mesmo sutil…Há quem diga que essa música também fala de outras indiretas particulares à um outro músico.
“I don’t want your big city shining.
I don’t want your silver lining.
I don’t want to be a tattooed millionaire”
Born in 58 – Mesmo antes de Bruce lançar sua autobiografia contando um pouco sobre sua família e sobre suas origens, como descendente de pessoas muito trabalhadoras e em busca de justiça, ele voltou ao seu passado e nos traz seu orgulho.
My grandfather taught me how to fight.
Old fashioned stuff like wrong and right.
But all around I see his morals buried in a mess
Of money troubles, Born in a mining town in ’58.
Hell on Whells.
“Something’s driving me. I don’t know where.
(alguém está me conduzindo, não sei pra onde)
Something down in my cellar somewhere.
no one waiting for me down the line.
no one waiting for me this time.”
“Easy come means easy go.” – (o que vem fácil, vai fácil)
Gipsy Road
O jovem Bruce queria tanta liberdade, que escolher seus próprios caminhos era uma certeza cada vez mais perene em sua mente. É como as escolhas que fizemos na vida. Observe esse texto, de uma lindíssima música!
Gypsy road. Is the highway that I run to.
Gypsy road. Welcome to your dreams.
Oh oh oh, Gypsy road.
Living by my own rules. A rebel yell and a rebel creed.
(Vivendo sob as minhas regras, um grito rebelde, uma crença rebelde)
DIVE! DIVE! DIVE!
Essa foi a aposta de Bruce Dickinson, como um dos Singles que ele explorou no lançamento do seu disco. Também é o nome do DVD e a tour desse disco. A coragem e a determinação de Bruce com seu disco Rock n Roll, parecia não ter limites. Ele avançou para um terreno desconhecido e ao mesmo tempo curioso. As guitarras de Janick presentes na composição do álbum trazia o um pouco do que o guitarrista trazia de sua experiência com Gillan, e um pouco da imaginação fértil e vigorosa de um cantor à frente de seu tempo!
All the Young Dudes
A canção sobre a juventude, feita por David Bowie era a cara do novo Bruce que surgia, com seus 32 anos, mas o vigor de um adolescente. Falar da juventude, era mesmo abordar um novo Bruce que parece ter visto envelhecer rápido numa banda altamente direcionada pelo produtor Smallwood x o baixista Harris. Bruce queria começar algo novo, seu! Os gênios têm necessidade de se expressar sozinhos, depois de contribuírem para as organizações. É assim, o gênio Bruce.
Lickin’ the gun e Zulu Lulu tem uma impressionante balada rock n roll para homens corajosos. O masculino e o feminino. O primeiro fala da coragem masculina e e o segundo, da feminina. Zulu Lulu era tipo o “Tchan“, que uma mulher com atitude tinha para flechar seu coração.
No Lies
Essa canção já é algo sobre a verdade nos bastidores. Onde as pessoas não escondem o que são. Da boemia, à entrega aos vícios do corpo, e o cair das máscaras; Bruce traz o conceito daquilo que está encoberta pelas aparências.
“No lies. No angels. No heaven. oh.oh.oh.oh.”
Tattooed Millionaire foi uma espécie de composição corajosa e determinada a conseguir libertar Bruce para viver seu grande sonho da carreira solo. Era necessário identificar o que havia conquistado ao longo de sua carreira com o Maiden. Ele era parte da banda ou grande parte daquilo que fez sucesso na banda? Obvio que Harris e Smallwood tiveram grande papel no sucesso, mas Bruce também levou o Maiden à um enorme patamar, e ele sabia disso…
A fama com a banda, o milionário que se tornou, o tipo de atitude que combinava com seu estilo de ser, seus novos interesses como compositor / intérprete, e toda sua coragem estavam ali, carregadas e dispostas para o tempo e a hora certa.
O mais difícil para Bruce talvez tenha sido compartilhar sua carreira solo e o Maiden. O desinteresse pelo grupo aumentou. Já para Janick as coisas estavam a ser diferentes, ele iria abraçar o Maiden. E com Bruce só iria gravar o primeiro disco.
A medida que o tempo foi passando, Bruce andava mais desanimado, mais arrogante, e até mesmo indisciplinado em palco.
No Prayer on Road ainda tinha qualquer coisa de empolgante e divertido, não existia desconexão por parte de Bruce, mas em Fear of The Dark, a desintegração com a banda foi visível. Então em 3 anos, Bruce mudaria totalmente sua carreira, e cortaria de vez, o vinculo com o Metal, os cabelos e o Maiden. Sem saber, que outros tempos também viriam, depois que a maturidade chegasse.