O ano era 1995. O Iron Maiden enfim lançava o “marginalizado” álbum “The X Factor” que, para muitos fãs, manchou negativamente a discografia da banda. Ali nós tínhamos um novo Iron Maiden em termos de aparência, estilo e apresentação. Era o primeiro álbum sem o icônico Bruce Dickinson e o primeiro com Blaze Bayley. Musicalmente, o álbum era diferente de qualquer coisa que o Iron Maiden tenha feito antes dele.
Desesperadamente em busca de uma direção musical que não comprometesse seus ideais, o Iron Maiden estava preso em uma época onde os músicos estavam convincentes a tentarem recuperar os sucessos anteriores, voltando às suas raízes (“No Prayer For The Dying” e “Fear Of The Dark”). Sua necessidade inerente de evoluir e demarcar um novo território desafiadoramente contrastou os esforços e os resultados saíram um tanto confusos e baratos…será?
Bem, sim, um pouco. Mas não vamos cair na tentação de proclamar “The X Factor” como um genuíno clássico do Iron Maiden digno de ser mencionado no mesmo patamar que os sete álbuns dos anos 80, mas há ainda muito para amar aqui. Justificava-se a má vontade atraída pelo álbum na época de seu lançamento, mas isso foi quando os fãs do Iron Maiden e seu amado Heavy Metal estavam ambos em tempos de turbulência. 1995 foi um ano feio para a velha escola e o futuro estava procurando por coisas mais sombrias, então é compreensível postular que Bruce Dickinson e Adrian Smith poderiam ter ajudado a manter este navio encalhado (embora, felizmente, eles nunca invadiram a costa).
Mas não estamos mais em 1995. Bruce e Adrian estão de volta e o Iron Maiden está muito bem, percorrendo o mundo em Jumbos personalizados e equipados, pilotados pelo próprio cantor. Indiscutivelmente, o Iron Maiden está no auge de sua carreira quase 40 anos depois de lançar seu álbum de estreia. Então por que a hostilidade para com “The X Factor” ? Nós podemos te ajudar a superar isso com 10 razões pelas quais “The X Factor” é melhor do que você imagina!
01. Os fãs estavam rezando para que a nova formação funcionasse. “Sign Of The Cross”, escrita por Steve Harris é a clássica obra prima que abre o álbum. Tipicamente canções como essa seriam algo perto de serem chamadas de “poderosas”, mas o Iron Maiden precisava deslumbrar logo de cara com as primeiras impressões.
02. Um dos pontos altos do álbum são as excitantes harmonias de guitarras. Sim, elas estão muito bem presentes em “The X Factor”, claro sem as devidas comparações dos trabalhos clássicos. “The Unbeliever” abre com com uma das melhores harmonias, assim como em “Judgement of Heaven” e “Blood on the World’s Hands”.
03. Historicamente o Iron Maiden sempre buscou inspiração nas artes. Seja literatura, filmes e história, nada disso mudou em 1995, pelo menos em quatro canções. “Sign of the Cross”, “Man on the Edge”, Lord of the Flies” e “The Edge of Darkness” possuem suas letrar inspiradas nesses tipos de obras, onde intelectualmente estimulam os fãs a buscarem conhecer tais trabalhos.
04. A voz de Bruce Dickinson estava claramente decaindo antes dele deixar a banda no começo dos anos 90. Os álbuns ao vivo daquela época são prova disso. Blaze Bayley chegou como o “cara fraco”, mas a pobre e sem alma produção de Steve Harris até combinou com o timbre vocal de Blaze. O vocalista mandou muito bem nas músicas mais velozes, e usou seu grave, mas potente alcance para dar um efeito charmoso nas outras músicas.
05. Janick Gers é praticamente “a prova de balas” ao vivo no que diz respeito a improvisos, mas ele não ousa levar isso para o estúdio. Desde que ele se juntou à banda, certamente é um dos compositores mais talentosos. Seu estilo de tocar contrasta com o de Adrian Smith. E os anos 90 precisavam justamente de guitarristas com o tal estilo de Janick. E ele ajudou o Iron Maiden a ter uma sonoridade altamente relevante em um período horrível para o Heavy Metal em geral.
06. Enquanto apenas três canções não passaram da faixa dos 7 minutos, que a banda começou a explorar modos mais sombrios, e a abrandar as coisas, a fim de dar um descanso ao seu tradicional ritmo galopante. Esta foi uma época onde o “menos” estava mais em evidência na música e por costume, os britânicos recusaram-se a não conformidade e à tendência em tocar em seus próprios termos em face da convencionalidade mais uma vez.
07. Podemos muito bem falar do “The X Factor” como um todo, mas lembremos de três canções que ficaram de fora dele. “I Live My Way”, “Justice Of The Peace” e “Judgement Day”. Com o passar dos anos, elas tornaram-se clássicos atemporais da banda, e certamente teriam ainda mais fãs se tivessem aparecido diretamente no álbum, especialmente pelos lindos riffs de guitarra em “Justice Of The Peace”.
08. “Prodigal Son” e “Remember Tomorrow”, músicas dos primeiros álbuns do Iron Maiden, eram perfeitos exemplos de onde a banda veio, em termos de inspiração e influência, enquanto o resto das canções demonstravam a proposta musical que eles buscavam. Mesmo sem perder isso de vista, eles nunca buscaram revisitar esse estilo mais cadenciado de maneira plena. Mas em “The X Factor” podemos ver muito desses lindos momentos, vide as aberturas de “Look For The Truth” e “The Aftermath”.
09. “Blood on the World’s Hands” mostra que o Iron Maiden podia muito bem sair um pouco de seu estilo tradicional sem favorecer às tendências progressivas da época. Há bastante melodia, modestos sons sintetizados e um pouco da vibe que Steve Harris usou em “Mother Russia”, com riffs grosseiros que casaram perfeitamente com a produção sombria. E por conta disso, a faixa certamente explora uma plenitude de dinâmicas musicais.
10. Se o Iron Maiden e Bruce Dickinson tivessem permanecidos juntos durante toda a década de 90, nós teríamos o mesmo Iron Maiden de hoje em dia? Quando Bruce e Adrian voltaram para a banda, eles causaram um impacto na história musical tão gigantesco, daqueles que certamente não teriam acontecido se os fãs tivessem encarado quatro álbuns críticos com Bruce Dickinson. E se você mesmo assim não gosta de “The X Factor”, seja bastante grato para com ele, pelo que ele causou no resumo geral da ópera.