Em 26 de junho de 2001, o ICED EARTH concebia “Horror Show”, o nosso disco homenageado de hoje, é o sexto da carreira da banda e também o último disco de inéditas gravado com Matt Barlow, antes de sua primeira saída. Ele que é a voz definitiva da banda.

Horror Show” não é um álbum propriamente conceitual, mas, digamos, temático. Como assim? Explico: diferente de um disco conceitual, quando as faixas giram em torno de uma única história, aqui, eles de maneira brilhante, pegaram várias histórias famosas de horror/terror, tanto da literatura quanto do cinema e as transformaram em músicas, o que deixou o aniversariante do dia ainda mais interessante. Durante o texto, iremos explicar a ligação de cada uma das faixas com as histórias.

Algumas mudanças no lineup foram providenciadas em relação à última tour, que resultou no triplo ao vivo “Alive in Athens”. O baixista James McDonough saiu e foi substituído por Steve DiGiorgio, que atuou como músico contratado. E na bateria, entrou Richard Christy, no lugar de Brent Smedley. O caro leitor deve ter notado que Jon Schaffer de maneira muito inteligente acabou recrutando para “Horror Show”, dois excelentes músicos que têm em seus respectivos currículos, passagens pelo DEATH, do imortal Chuck Schuldiner.

Assim sendo, a banda partiu para sessões de gravações no icônico “Morrisound Studios”, em Tampa, Flórida. Em dezembro de 2000, foram gravadas as baterias e grande parte dos riffs de todas as onze faixas que compôem o aniversariante do dia. As demais partes foram feitas no estúdio de Jon Schaffer, em algum lugar de Indiana, em janeiro de 2001. A mixagem e masterização ocorreu no mesmo “Morrisound”, entre o final de janeiro e o início de fevereiro do mesmo ano. A produção foi assinada por Jim Morris, juntamente com Schaffer e o disco é repleto de convidados. A arte da capa, belíssima por sinal, é assinada pelo grandioso Travis Smith. Vamos colocar a bolacha para rolar e dissertar sobre as canções contidas aqui:

Wolf” é a faixa de abertura e ela foi inspirada no filme “Wolf Man”, de 1941. No Brasil ele foi chamado de O “Lobisomem”. Musicalmente, ela é bem Metal e tem ótimos riffs de guitarra, além o bumbo duplo de Richard Christy impressiona. Baita música.

Damien” é outra baseada na arte produzida em Hollywood. Desta vez o filme escolhido é “The Omen”, de 1976 e que no Brasil é conhecido como “A Profecia”. Ela é bem densa, pesada, mais arrastada e cheia de momentos épicos. Ótimas passagens de guitarras estão presentes aqui. É uma das minhas preferidas do play, por conta de uma frase bem marcante; “The Nazarene i’ll Crucify“.

Jack”, como o leitor pode suspeitar, é inspirada no famoso Jack, o Estripador, que supostamente cometia crimes em Londres, no final do século XIX, sobretudo a prostitutas. A introdução é bem pesada e agressiva, chegando a lembrar a fase Speed Metal que a banda praticava no passado, com ótimas palhetadas de guitarra, mas logo ela perde essa velocidade e se desenvolve com muito peso. Excelente.

A faixa quatro, “Ghost of Freedom” é uma balada muito boa e é uma das faixas do Iced Earth que eu mais escutei na vida. Ela tem um feeling incrível, um solo maravilhoso, gravado pelo produtor Jim Morris e foi inspirada no filme “O Patriota”, estrelado por Mel Gibson no ano 2000.

Im-Ho-Tep (Pharao’s Curse)” vem a seguir e ela é a versão musical para o filme “A Múmia”, de 1932. Na parte musical ela tem um ritmo cadenciado e quem dita o ritmo são as guitarras com riffs aparentemente simples, mas que se repetem pelas estrofes, grudando na cabeça do ouvinte.

Jeckyl & Hide” veio do livro Strange Case of Dr. Jeckyl and mr. Hide, de 1886. No Brasil, recebeu o título de “O Médico e o Monstro” Antes de ganhar a homenagem de Jon Schaffer e Cia., recebeu adaptações para o cinema e o teatro e hoje está sob domínio público. Ela não chega a ser uma música Speed Metal, embora o baterista Richard Christy tente nos mostrar o contrário com sua velocidade do seu bumbo duplo, tem diversos andamentos distintos, se destacando por esta razão.

Dragon’s Child” é baseada no filme “Create of the Black Lagoon”, de 1954 e que no Brasil recebeu o título de “O Monstro da Lagoa Negra”. Na parte musical, ela é um Heavy Metal puro e simples, com bons riffs cavalgados e pesados e ótimas linhas de baixo do não menos que maravilhoso Steve DiGiorgio.

Transylvania” é a única faixa que foge a regra de resgatar as histórias de horror, pois eles incluíram esta música do Iron Maiden e aqui os caras conseguiram melhorar o que já era muito bom, sendo o mais próximo do Speed Metal que eles conseguiram chegar em todo o play.

Frankstein”, como o leitor inteligente já sabe, é inspirada no clássico romance gótico, de 1818. E a versão musical é quase perfeita, com muito peso, ótimos riffs, a música vai navegando pelo Hard Rock e o Heavy Metal e com uma performance brilhante de Matt Barlow.

Dracula” é a penúltima faixa do aniversariante do dia, é a homenagem que não poderia faltar, claro, ao livro de ficção que conta a história do Conde Drácula, lançado em 1897. Foi a primeira faixa do álbum que eu ouvi e por isso ela é uma das mais marcantes, começando com um violão e a voz suave de Barlow, mas para engano do ouvinte, logo ela ganha peso e o vocal passa a ser rasgado e em tom de desespero, num contorno épico.

E fechando a obra, temos “Phantom of Opera Ghost”, em que o ICED EARTH conta a sua versão do romance francês, datado de 1909. Com seus quase nove minutos, ela é uma epopéia que conta com um dueto interessante entre Barlow e uma moça chamada Missy Percify. A parceria da guitarra com o órgão ficou super interessante e as mudanças de andamento aqui são bem agradáveis. Um ótimo final.

Em uma hora cravada temos uma maravilhosa audição em que, não são raras as vezes que eu coloco para repetir o play. Há uma versão para o álbum em CD duplo, Neste CD, temos a faixa “Transylvania”, que não está presente no disco principal, além de entrevistas com Jon Schaffer,

Infelizmente este foi o último álbum em alto nível que a banda gravaria. Matt Barlow ainda gravaria o disco de covers “Tribute to the Gods” e retornaria para gravar “The Crucible of Man”, em 2008, mas seu legado ficou marcado pelo o que ele fez entre os anos 1990 e início dos 2000.

Enfim, um discaço esse “Horror Show”. Se você conhece, coloque no seu play e escute-o. Se ainda não conhece, você precisa fazê-lo imediatamente. Se não é tão bom quanto os clássicos “Burnt Offerings” ou “The Dadrk Saga”, ele tem o seu valor e merece um lugar especial.

Horror Show – Iced Earth
Data de lançamento – 26/06/2001
Gravadora – Century Media

Tracklisting:
01 – Wolf
02 – Damien
03 – Jack
04 – Ghost of Freedom
05 – Im-Ho-Tep (Pharaoh’s Curse)
06– Jeckyl & Hyde
07 – Dragon’s Child
08 – Transylvania
09 – Frankestein
10 – Dracula
11 – The Phantom Opera Ghost

Lineup:
Matt Barlow – Vocal
Jon Schaffer – Guitarra
Larry Tarnowski – Guitarra
Richard Christy – Bateria

Special Guest:
Steve DiGiorgio – Baixo
Rafaela Farias – Backing Vocal
Sam King – Backing Vocal
Richie Wilkson – Vocal
Missy Percify – Vocal em “Phantom of Opera Ghost” e Backing Vocal
Jim Morris – Guitarra solo em “Ghost of Freedom”, Backing Vocais e Teclado
Howard Helm – Órgão em “Phantom of Opera Ghost”

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