Perpétuo(a) leitor(a), vós conhecereis nesta matéria: a história do Enterro composta pela entrevista feita com Alex Kafer (baixista e vocalista); curiosidades bacanas sobre enterros em diversas culturas. Ao final do texto tu poderás assistir a um show na íntegra da banda Enterro no Teatro Odisseia – Rio de Janeiro.
Os egípcios – uma cultura fundamentada nos rituais de enterro e na vida após a morte – foram exímios construtores e desenvolveram técnicas altamente avançadas de conservação do corpo físico de indivíduos importantes. Quéops, Quéfren e Miquerinos – as três grandes pirâmides egípcias – são túmulos construídos para três grandes faraós e até hoje são cercados de teorias e especulações sobre sua engenharia magnífica e grandiosa. Felicíssimos eram os guerreiros dos povos nórdicos caminhando para combates, com a grande possibilidade de morte. A finalização da vida terrena como herói de guerra significava uma vida eterna de banquetes e festividades no Valhala – ‘céu’ nórdico comandado pelo deus Odin. O “enterro” era feito por cremação ou pelos corvos que sobrevoavam os campos de batalha – acreditava-se que os pássaros pretos eram enviados divinos. Na sociedade ocidental contemporânea, comumente deparamo-nos com a morbidez da despedida. Porém, a exceção é a cultura popular de Nova Orleans – Estados Unidos – que realiza funerais festivos recheados de boa música, dança e carruagens decoradas em desfile pelas ruas. Um enterro assim é bem mais agradável e satisfaz o sentimento das pessoas que acreditam no Paraíso; também pode ser vista com uma ótima opção para lembrar-se da pessoa que se foi com alegria.
Unanimemente as sociedades fundadas pelo homo sapiens pulverizam o pensamento: “fazei tudo como ensinam as culturas religiosas e então construir-se-vos-ão as estradas para o Paraíso Eterno”. Após o encerramento da vida, teoricamente – existem inimagináveis variáveis culturais e comportamentais –, alcançaremos outro estágio evolutivo – mesmo que embasemo-nos apenas em conhecimentos adquiridos através das ciências exatas – e passaremos a compor o Universo de outra forma.

Entrevista com Alex Kafer
- Em que ano surgiu o Enterro e como foi sua trajetória na banda? Fale um pouco sobre a experiência de ter assumido os vocais em conjunto com a função de baixista.
“O Enterro surgiu em 2005 e eu ingressei na banda em fevereiro de 2006 a convite dos membros da banda na época (Doneedah, Nihil, China, Perazzo). Gravamos dois álbuns com a primeira formação. Fui baixista do Enterro por 12 anos e, com a saída do Nihil (vocalista), assumi também o vocal da banda por sugestão dos próprios membros. Quando por ventura o então vocalista da banda não conseguia comparecer ao ensaio – para não ficar aquele ‘vazio’ -, eu cantava e acabava ficando legal. O lado bom é que nós não tivemos a necessidade de incorporar outro músico na banda. Então, a partir de 2015 assumi a dupla função oficialmente (baixo e vocal). Fico muito feliz por ter sido bem aceito na função de vocalista; recebo retorno positivo dos fãs e dos membros da banda; me sinto muito confortável cantando.”
- Como foi a escolha do nome Enterro para a banda? Houve alguma fonte inspiradora?
“O nome da banda foi escolhido pelo ex-baterista Perazzo. Sinceramente eu não sei de onde ele inventou o nome (risos), porém achamos original e propício ao som que a gente faz. As pessoas até brincam dizendo que o Enterro é da mesma família de Sepultura e Sarcófago (risos); os nomes são da mesma ‘linha’ temática.”
- O novo baterista da banda (Cävaal) mostrou-se bastante desenvolto e técnico nos shows do Enterro. Como foi o processo para elegê-lo? Qual retorno da banda com relação ao novo integrante?
“O Cävaal é meu amigo de longa data; sempre tocou em ótimas bandas daqui do Rio de Janeiro. Ele também é baterista da banda que toco desde os anos 80: o Necromancer. O baterista Perazzo precisou sair do Enterro por questões pessoais que envolviam a profissão dele fora da banda. Aí, como eu já tocava com o Cävaal, convidei-o para o Enterro. Ele é realmente um ótimo baterista; estuda música e se dedica bastante. A adaptação foi muito boa e toda a banda sente-se muito feliz com a escolha.
Inclusive, aproveito a citação para comunicar minha saída da banda Necromancer – ocorreu tudo de forma tranquila e pacífica. Houveram apenas algumas divergências musicais – a banda faz um som mais ‘trabalhado’ e eu estou numa fase mais ‘extrema’ – porém continuamos amigos.”
- Todas as músicas do Enterro são muito bem criadas tecnicamente falando. Comente um pouco sobre a sua atuação como professor de música e a composição das músicas da banda.
“No Enterro não temos um compositor principal, todos compõem. Trabalhamos como um time e procuramos utilizar o máximo das ideias que temos em comum.
Como professor de música – mesmo sendo metal extremo – é sempre bom ouvir o som com clareza. Com a atual formação, sinto-me muito satisfeito por conseguirmos executar um bom trabalho. Em contrapartida a gente procura manter o peso e não criar músicas muito ‘trabalhadas’ porque o som do Enterro é extremo. Claro que nós pensamos em qualidade e buscamos fazer de tudo para que o ouvinte tenha acesso ao melhor material possível.
Com relação a ser professor de música: na verdade é algo a parte ao metal extremo, tenho apenas um aluno que curte Rock mais pesado (risos). Estudei bastante e sempre tive o sonho de trabalhar como professor de música. Sou muito feliz por ministrar aulas; gosto muito de formar novos alunos!”
- A banda pretende lançar algum trabalho ainda nesse ano? Soube que vocês estão em processo de criação.
“Vamos iniciar os processos dentro do estúdio em setembro deste ano. Por enquanto estamos lapidando as músicas novas, com um som voltado um pouco mais para o Death Metal. O próximo álbum tem previsão para ser lançado até janeiro de 2019.”
- Ultimamente o que você anda ouvindo? Curte quais bandas atuais?
“Cara, eu sou considerado da velha guarda; estou no cenário do metal underground desde 1983 (risos). Então… escuto muito Deicide e Napalm Death antigo – da época do ‘Harmony Corruption” – tanto é que o Glen Benton e o ‘Barney’ (Mark Greenway) são minhas maiores influencias para o vocal. Uma banda atual que me chama muito a atenção é o Immolation; o som dos caras é muito bom.”
- Infelizmente chegamos ao final. Muito obrigado pela entrevista! Se quiser deixar um recado, sinta-se a vontade.
“Gostaria de agradecer por essa oportunidade e por esse espaço. É muito importante que existam profissionais de imprensa que fortalecem o Metal Nacional e o cenário underground. A gente do Enterro batalha sempre para conquistar espaço e nos sentimos felizes ao ver novas bandas começando, pois isso dá ainda mais força ao cenário do metal.
Deixo um abraço para todos os que elogiam nosso trabalho (banda Enterro) nas redes sociais; aos que comparecem aos shows e nos acompanham; para todos que sempre nos apoiam. Nós do Enterro sempre nos dedicamos para fazer o melhor trabalho possível para os fãs.
Valeu, um abraço! Metal sempre!”
Para conhecer mais sobre a banda, acesse: https://www.facebook.com/Enterro