Os estudos de História desta semana serão guiados pela temática do álbum “Peste” da banda Claustrofobia. A sonoridade fundamentada pelo Thrash/Death Metal de alta qualidade, as letras de grande impacto social e a arte visual deste álbum são altamente inspiradores. No fim do texto tu poderás conferir a sonoridade da banda. Então, vamos agora dar sequência aos fatos históricos.

A Peste Negra foi reconhecida como uma doença altamente contagiosa, embora o agente de contaminação fosse desconhecido na época. O surto de Peste – datado como auge o período entre os anos 1346 e 1352 – e a morte em larga escala foram atribuídos aos judeus, que eram considerados hereges, e em alguns locais acreditava-se que eles haviam envenenado os poços de água potável; aos “pecados do mundo” como um somatório dos atos pecaminosos individuais; ao final dos tempos. O renomado médico Guy De Chauliac lutou contra as ideias supracitadas, usando a ciência para declarar as teorias como falsas. A doença em discussão é causada pela bactéria Yersinia pestis, que era transmitida aos seres humanos através das pulgas (Xenopsylla cheopis) dos ratos pretos (Rattus rattus) – diferente dos ratos urbanos que conhecemos (Rattus norvegicus), que por sua vez transmitem a leptospirose. A Peste Negra dizimou, em curto período de tempo, aproximadamente 1/3 da população europeia, gerando grande caos político, religioso e social. É considerada até os dias atuais como a maior pandemia de todos os tempos.

Rato preto (Rattus rattus): vetor base da Peste

Ao depararmo-nos com a capa do álbum em estudo, observamos uma ilustração bastante curiosa que faz com que pensemos em referências e inspirações utilizadas para sua criação. Dentre todas as possibilidades permitidas – e com certeza salutares ao intelecto humano – podemos escolher a mais evidente. Trabalharemos a partir de agora com o início – ponto de partida do ponto de vista entomológico – da Peste Negra e também com o fim da doença – agentes de controle e erradicação. Como gênese ou ponto de partida, temos um hospedeiro – o rato preto, – que por sua vez é fundamental para o desenvolvimento e procriação da pulga parasita em questão. Podemos comparar a morfologia da pulga com a ilustração de forma alusiva, concomitantemente podemos também enxergar na parte superior – cabeça do “monstro” ilustrado – a descrição da máscara utilizada pelos Médicos da Peste. Dessa forma, ao unirmos as duas ideias, chegamos ao resultado do genialíssimo desenho que ilustra este grandessíssimo álbum musical.

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As mascaras utilizadas pelos Médicos da Peste eram preenchidas por ervas e compostos de aroma agradável, pois além de combater o forte cheiro de putrefação das áreas contendo milhares de cadáveres, acreditava-se que a o ar era purificado e filtrado pelo conteúdo das máscaras. Como o fator de contaminação só foi conhecido de fato após cinco séculos do auge da Peste, pelo médico e pesquisador do Instituto Pasteur, Alexandre Yersin, todos os cuidados eram tomados por quem cuidava dos doentes. Dentre as crenças mais bizarras, dizia-se que um enfermo era capaz de transmitir a Peste através do olhar.

Além da Peste Negra, é importante citar a história brasileira ilustrada pela canção “Bastardos do Brasil”. Sendo uma das mais sublimes letras da banda Claustrofobia, a música em questão retrata os sofrimentos que enfrentamos até hoje, causados por toda parte ruim da História Nacional. Dentro da temática abordada temos: a supervalorização do corpo em detrimento do intelecto; a força individual para superar as crises e alcançar metas; a motivação para vencer. A música retrata a realidade do Brasil e encoraja aos que lutam todos os dias para sejam sempre pessoas positivas e trabalhadoras.

Em “Pinu da Granada” a euforia dos exageros e a depressão das ressacas podem ser comparadas ao comportamento desenvolvido por muitas pessoas durante o auge da pandemia de Peste Negra. De acordo com o escritor italiano Giovanni Boccaccio, era comum, por conta do desespero causado pela morte eminente, pessoas entregarem-se de forma desenfreada aos prazeres mundanos – visão do ponto de vista religioso. Particularmente esta é a canção que mais me agrada no álbum “Peste”.

A canção “Bicho Humano” faz um bom comparativo com a mente das pessoas na Idade Medieval. Assustadoramente percebe-se que até hoje a mente humana continua caracterizada da mesma forma – olhando pelo lado pessimista. A letra é profunda, sólida e faz com que pensemos.

Faixas do álbum “Peste” da banda Claustrofobia:

  1. Peste
  2. Metal Maloka
  3. Bastardos do Brasil
  4. Nota 6.66
  5. Pinu da Granada
  6. Alegoria do Sangue
  7. Bicho Humano
  8. Vida de Mentira
  9. Caosfera
  10. Viva

Confira o clipe da música “Bastardos do Brasil”: