Sabe uma banda que tem absolutamente tudo para dar certo, mas simplesmente não vinga? Esse é o caso dos alemães do Redkey. Mas para entender melhor isso, vamos voltar aos anos 80 e falar de outra banda, o Heavens Gate, um dos grandes nomes do Heavy/Power Melódico europeu do período.
Tudo começa em 1982, com o Steeltower, banda que contava com Thomas Rettke (vocal), Ingo Millek (guitarra), Bernd Kaufholz (guitarra), Manni Jordan (baixo) e Thorsten Müller (bateria) e que chegou a lançar um álbum de estúdio, Night of the Dog (84). Em 1987, resolvem trocar o nome da banda para Carrion, com Kaufholz sendo substituído por Bonny Bilski, e pouco depois, Millek por Sascha Paeth. Com essa formação, mudam mais uma vez de nome, agora para Heavens Gate, e 2 anos depois lançam seu debut, In Control. A partir dai estabelecem uma carreira sólida, lançando álbuns de qualidade e conseguindo destaque principalmente no Japão. Ainda sim, após o lançamento de Menergy, em 1999, a banda encerra as atividades.
Após o fim do Heavens Gate, Rettke passou um tempo afastado da música, até que em 2003 recebeu um convite de Sascha para participar a Metal Opera “Aina – Days of Rissing Doom”. Após isso, Thomas passou a fazer algumas participações em álbuns produzidos por Paeth, e com essa reaproximação, realizar um trabalho juntos se tornou inevitável. Foi assim que em 2006 surgiu o Redkey, que além da dupla, ainda contava com a participação do guitarrista Andrè “Ace” Borawski, do baixista Klemens Klarhorst e do baterista Daniel Eichholz. Com essa formação, e participações especiais do vocalista Tobias Sammet (Avantasia, Edguy) e do tecladista Miro Rodenberg (Avantasia, ex-Luca Turilli) em uma das faixas, foi lançado em 16 de junho de 2006, “Rage of Fire”, o álbum de estreia da banda.
Aos que esperavam algo na linha do Heavens Gate, uma surpresa, pois a sonoridade do Redkey era muito mais direta e tradicional do que a da ex-banda de Thomas e Sascha. As comparações com o Judas Priest foram imediatas, e eu diria que até mesmo exageradas. Claro, a influência dos britânicos é inegável na sonoridade da banda, mas elementos daquele Heavy/Power tipicamente americano, na linha de nomes como Jag Panzer e Vicious Rumours, podiam ser observados, além de claro, aquele toque de identidade tipicamente alemã que as bandas de lá possuem. Os vocais de Rettke estão simplesmente sensacionais, talvez seu melhor desempenho em um álbum até hoje, enquanto as guitarras de Sascha e Borawski despejam ótimos riffs e esbanjam peso. A parte rítmica também não fica atrás e faz um ótimo trabalho. Os destaques do álbum ficaram com as ótimas “Rage of Fire”, “Be My Guide”, “Rebellion”, “Peace and War” e “The Fortune”.
Infelizmente, talvez um pouco por esperarem algo mais na linha do Heavens Gate, um pouco por não fazer nada revolucionário, um pouco pelas comparações exageradas com o Judas Priest, o Redkey simplesmente não decolou, encontrando seu fim logo após o lançamento de seu debut. Uma pena, pois pelo potencial demonstrado, o futuro era muito promissor.
Tracklist:
01. Man ‘n’ Machine
02. Rage of Fire
03. Be My Guide
04. Gone Too Far
05. Rebellion
06. Peace & War
07. Easy Way Out
08. Obsession
09. Metal Head
10. Respectable
11. The Fortune