
País de Origem: França
Anos de atividade: 1986 – 1997
Gênero: Death/Thrash e, posteriormente, Groove/Thrash
Para alguns, a melhor banda de Metal da história da França, para outros, um nome desconhecido. Esse é o Massacra, surgido na comuna de Francoville, localizada no departamento de Val-d’Oise, na região de Île-de-France, no ano de 1986. O início foi como o de qualquer banda, com um grupo de amigos se reunindo para tocar algo que amavam, Heavy Metal. De início, sua formação era um quinteto, composto por Pascal Jorgenses (vocal/baixo), Fred “Death” Duval (bateria), Jean-Marc Tristani (guitarra), além de Manu e Coron, sobre os quais nãos e tem muita informação, exceto a que este último era guitarrista. Ainda nesse mesmo ano, a formação se estabilizou apenas com os 3 primeiros, e já em 1987 partiram para a gravação da primeira demo, Legion of Torture, onde apesar da baixa qualidade – mas que convenhamos, estava dentro do padrão da época para uma banda iniciante –, já podíamos sentir a força do Death/Thrash que marcou seu trabalho.
Após o lançamento, Fred resolve se mudar para os Estados Unidos, e a banda recruta para a bateria, Chris Palengat. É com essa formação que gravam sua segunda demo, Final Holocaust, em 1988, já com uma produção bem superior. Nela foi possível observar uma banda ainda mais selvagem e veloz, além de mais amadurecida do ponto de vista sonoro. Na sequência, Duval retorna dos para a França e volta a fazer parte do Massacra, mas agora ocupando o posto de guitarrista, transformando assim o grupo em um quarteto. Após uma série de shows pelo país, partem em 1989 para a gravação da terceira demo, Near From Death, onde o Death Metal se faz ainda mais presente. Apesar da qualidade de gravação inferior a sua antecessora, a repercussão é muito boa para uma banda underground, e cerca de 1000 cópias são vendidas. Resolvem arriscar uma mudança para o Canadá, para ficarem mais próximo do mercado americano e quem sabe encontrar uma gravadora, mas após alguns shows, e com a dificuldade em conseguir os contatos, acabam retornando ao seu país. Abaixo, um vídeo de uma das apresentações da banda em solo canadense. Apesar da precariedade da gravação, afinal, lembre-se, o ano era o de 1989, é possível observarmos a força do Massacra ao vivo.
Após o retorno ao solo europeu, o Massacra acaba acertando um contrato com a gravadora alemã Shark Records, responsável pela distribuição dos primeiros álbuns do Sepultura na Europa, e tratam de entrar novamente em estúdio. O resultado vem em forma do seu debut, Final Holocaust, lançado em março de 1990. Mesclando Thrash e Death, o resultado é uma música impiedosa e bruta, repleta de riffs velozes e com intenso potencial de destruição, além de uma bateria simplesmente brutal. Aqui temos o melhor dos dois estilos. Foram vendidas cerca de 15 mil cópias, o que para um trabalho de estreia de uma banda underground francesa, foi muito bom, e permitiu ao Massacra uma turnê por diversos países europeus. Sem tirar o pé do acelerador, menos de 1 ano depois, em janeiro de 1991, o quarteto entrega o seu 2º trabalho de estúdio, o magistral Enjoy the Violence – e sim, o título é uma paródia com “Enjoy the Silence”, do Depeche Mode –, onde toda aquela magia do período foi captada. Bruto, com vocais que beiram a selvageria, e uma parte rítmica que esbanja qualidade, esse é daqueles trabalhos obrigatórios para todo fã do estilo. A maior qualidade se refletiu nas vendas, já que foram vendidas cerca de 30 mil cópias do álbum. Novas turnês se seguiram ao lançamento, com o Massacra tocando ao lado de nomes como Samael, Benediction e Asphyx, dentre outros.

Ainda em 1991, o baterista Chris Palengat resolve deixar a banda, e acaba sendo substituído pelo alemão Matthias Limmer. Na sequência, mudam-se da França para a Alemanha, país onde tinham boa popularidade, devido ao fato de sua gravadora ser de lá. Com essa nova formação, entram em estúdio, e em junho de 1992, é lançado Signs of the Decline, seu terceiro álbum em 3 anos. Mais uma vez o alto nível das composições se fez presente, com vocais típicos do estilo, riffs velozes e que em muitos momentos, remetem a nomes como Kreator e Merciless, e como sempre, uma bateria com poder de esmagar os tímpanos alheios. Obstante a ótima qualidade, e de se tratar de um trabalho clássico, a fórmula da banda começava a dar sinais de cansaço, dado o pouco intervalo entre os trabalhos, algo até esperado. Ainda sim, isso em nada o diminui frente aos seus antecessores, e todos podem ser colocados entre os grandes álbuns de Death/Thrash lançados no início da década de 90. Curiosamente, enquanto estava trabalhando em cima dessa matéria, acabei descobrindo que a Shinigami, em parceria com a Century Media, relançou Signs of Decline no Brasil, no final de 2019. Uma boa oportunidade para os brasileiros terem um primeiro contato com os franceses.
Apesar de 3 álbuns fantásticos, além de shows e turnês com nomes fortes do cenário, a verdade é que o Massacra não tinha todo o reconhecimento que merecia. Talvez por isso, grandes mudanças ocorreram. A primeira delas, foi a saída da Shark Records, com a banda migrando para a Phonogram. A segunda já foi mais profunda, e pode ser observada quando em 1994, lançaram seu 4º álbum de estúdio, intitulado Sick. Aquele Death/Thrash de outrora foi deixado de lado, e seu espaço foi tomado por um Thrash/Groove, mais palatável ao gosto do público, vide o sucesso dos americanos do Pantera nesse mesmo período. Obviamente que tal mudança desagradou profundamente aos fãs, mas hoje, olhando com frieza, é inegável a boa qualidade da música presente em Sick, por mais que soem um pouco deslocados no estilo em certos momentos. Alguns elementos de Death Metal podem ser encontrados nos vocais, e a música continua pesada e agressiva, mas sem aquela brutalidade do passado.

Na sequência, Matthias Limmer sai da banda, sendo substituído pelo alemão Björn Crugger. Com a nova formação, entram em estúdio e na segunda metade de 1995, lançam Humanize Human, seu 5º álbum, e onde se aprofunda ainda mais no Groove/Thrash. Já mais familiarizados com tal proposta, conseguem obter um resultado muito superior se comparado com seu antecessor. Infelizmente, o que ninguém sabia é que esse seria o último lançamento de inéditas do Massacra. Ainda em 95, Fred e Jean Marc criam um projeto paralelo, o Zero Tolerance, que investia a suas fichas no Metal Industrial, e que lançou em 1996 seu único álbum, Zero for All. Foi nesse mesmo ano que Duval descobriu um câncer de pele, ao qual não resistiu, falecendo em 1997. Após isso, o Massacra se separou, e nessas mais de duas décadas, nem sequer cogitou um retorno. Em 2002, a Rusty Diamonds Records lançou a coletânea Apocalyptic Warriors Pt. 1, que nada mais era do que todo o Signs of Decline e uma parte Enjoy the Violence. Já em 2013, a Century Media resgatou as 3 demos da banda, as lançando com o nome de Day of the Massacra, esse sim um material relevante para todos os fãs.
Constantemente me pergunto, o que teria sido do Massacra, se tivesse dado a sorte de ter seus 3 primeiros álbuns lançados por uma gravadora como a Roadrunner, Noise ou Earache. Certamente a sorte teria sido mais amiga da banda, já que qualidade para atingir patamares mais altos, ela possuía de sobra. Não acredita? Então de uma chance para os franceses, garanto, não vai se arrepender.
Discografia




